Dani Ferraz 30/04/2020
“Quando a família é sua pior parte”
Frase impactante, enredo tenso, personagens traumáticos e relações tóxicas, a autora do aclamado “Garota exemplar”, não deixou a desejar nesta obra de tirar o fôlego que traz como personagem principal, Camille Preaker, uma jornalista de Chicago recém saída de um hospital psiquiátrico por tratar sua automutilação - tendência que desenvolveu desde quando era criança - e agora se vê incumbida a conseguir um “furo” de reportagem, voltando para sua cidade natal (Wind Gap) para investigar um assassinato acontecido há um ano de uma garota e o desaparecimento de outra, cujas buscas ainda estavam em andamento.
Wind Gap concentra as melhores e piores lembranças de Camille, inclusive as vividas embaixo do teto da própria casa com a sua família, que bem conceituada e de renome, se vê isenta de qualquer julgamento e de tudo aquilo que não beire a bajulação. Mas, nem tudo é o que parece e os traumas do passado que perpetuam nos comportamentos dos membros da casa no presente gritam, assim como gritam as palavras picadas no corpo de Camille.
Este thriller fala e revela assassinatos, não só do ato em si, mas sim, de assassinato da inocência, da proteção maternal, do abuso psicológico e físico, da destruição do corpo, da dependência e de tantas outras situações que são levadas ao seu extremo pelas protagonistas da história, pelo simples fato de pertencer.
Esconder as facas e outros objetos cortantes nas gavetas não será o suficiente para evitar que Camille volte a enfrentar os seus demônios, na busca da solução desta investigação que está longe de ser previsível nesta pequena cidade do interior, onde todos parecem ter algo a revelar.