Thaisa 24/11/2022
Me apaixonei por Drizzt, mas não por essa narrativa...
Em Icewind Dale (o Vale do Vento Gélido), um grupo de vilas de pescadores, conhecido por Ten Towns (Dez Burgos) está em perigo: o mago Akar Kessel encontrou um fragmento de cristal muito poderoso, que busca o caos e a destruição, e decidiu dominar não apenas todo o mundo, como também seus habitantes. É assim que ele começa a recrutar goblins, orcs, gigantes e até mesmo o malévolo demônio Errtu (que quer o cristal para si) afim de criar um exército para invadir Dez Burgos e matar todos que ali vivem se eles não se renderem aos seus desejos.
Cabe ao elfo negro, o ranger Drizzt Do'Urden, proteger o lugar que ele escolheu como lar após abandonar seus terríveis contemporâneos no subterrâneo por não se identificar com a crueldade exercida pelos outros elfos negros. Para isso, ele arquiterará um plano que conta com a ajuda de sua companheira, a mágica pantera negra Guenhwyvar, o halfling Regis (uma espécie de hobbit que vive feliz em Dez Burgos, pescando e aproveitando de um aparato especial para conseguir o que quer), o bravo anão Bruenor Martelo de Batalha e o forte bárbaro (e seu aprendiz) Wulfgar.
A história escrita por R.A. Salvatore tem, como princípio, o Forgotten Realms - a campanha mais famosa do RPG de fantasia Dungeons & Dragons. E como D&D foi altamente baseado nas obras de J.R.R. Tolkien, é clara a influência do autor nessa narrativa.
Preciso ser honesta e dizer que essa leitura foi um mix de emoções e sentimentos conflitantes pra mim: eu me apaixonei completamente pelo incrível Drizzt, sua inteligência e determinação, assim como a dualidade entre sua essência e sua compaixão; me diverti com Bruenor e suas ironias constantes; me irritei com Wulfgar e seu machismo, algo sempre presente nos livros mais antigos de fantasia; e adorei conhecer Regis, sua preguiça e sua coragem.
No entanto, sem contar os protagonistas, algumas reviravoltas surpreendentes e temas interessantes relacionados à politica e sociedade, assim como reflexões sobre nossa natureza, nosso lugar no mundo e quem está conosco nas importantes guerras que travamos, o desenvolvimento da narrativa e a escrita do autor foram medíocres: personagens indo de um lugar ao outro em segundos, mostrando conhecimentos vindos do nada, recriando as mesmas batalhas frequentemente e, de alguma forma, sobrevivendo facilmente os perigos ao seu redor...
É verdade que eu sou uma leitora de fantasia mais atípica, que prefere a construção dos personagens às guerras que eles travam, mas acho que o motivo de eu não ter gostado tanto dessa trama podem ser resumidos em dois tópicos: o primeiro é essa adaptação do RPG e, mais ainda, do universo que Tolkien criou, pois parece algo muito mais simplificado e uma cópia não tão complexa desse mundo - é uma fantasia muito singela, ótima para quem está ingressando nesse gênero literário, mas básico demais para quem já é leitor de fantasia. O segundo motivo é que essa obra é o começo de uma trilogia que já tem uma história pregressa - esse é o primeiro volume da "Trilogia das Planícies Geladas" e o quarto livro de "A Lenda de Drizzt", então eu terminei a leitura querendo saber o que viria a seguir, mas também me senti jogada nesse enredo como se ele já começasse na metade, onde os personagens já se conhecem e já viveram aventuras anteriores.
Como Drizzt se tornou um dos meus personagens favoritos, eu quero saber mais de sua história pessoal e talvez lerei as obras anteriores para conhecer sua origem, mas por agora não tenho planos de continuar a "Trilogia das Planícies Geladas".
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