Mariana 28/07/2024
Crime, castigo e perdão?
Crime, castigo e perdão?
Esta foi mais uma LC que fui convidada e não pude resistir! Em se tratando deste livro fascinante, seu autor extraordinário, não poderia ter sido menos do que estupenda!
A edição com ilustrações na capa e contra-capa, da Martin Claret, é divina, detalhista e precisa! Acho que não poderia ser melhor retratado o enredo do livro; há também uma cronologia biográfica do Dostoiévski, que nos faz entender muitas coisas, desde de seus antepassados, sua prisão e sua morte.
Esse romance clássico é aclamado pela crítica e por leitores do mundo inteiro, é uma unanimidade a opinião de todos sobre essa obra ser magnânima, e aos que não aprovaram, nem os contarei!
Crime e Castigo, tem vários vieses abordados ao longo de suas páginas: social, político, moral, econômico, religioso e nos leva a pensar, calcular, analisar e assombrar-nos com a mente humana e suas capacidades de transformações em meio ao caos e incertezas. Acredito que a intencionalidade do autor foi certeira! Não foi apenas mais um livro de um escritor em exílio, que deixou transpassar suas dores e desesperanças, trazendo uma narrativa fantasiosa e fanática, mas uma afronta ao governo, a sociedade hipócrita (não muito diferente de hoje em dia), também fragmentos de si, suas crenças e transformações, belas homenagens aos seus, e um tesouro, que não por ser um livro, mas por sacudir o intelecto e o emocional de quem o possuí e se permitia perambular pelo quarto de Rodka, pela delegacia, pelas casas, pelos amigos, bares e tantas outras preciosidades encontradas nos textos.
Rodion Românovitch Raskólnikov, é o nosso astro principal dessa sagaz estória, ocorrida no século XIX na cidade de São Petesburgo, capital do Império Russo. Rodka, é um ex- estudante de Direito, de família pobre e que se vê afundando na extrema pobreza sem encontrar uma saída digna para uma mudança de vida. Por vezes ajudado por sua mãe e sua irmã, Rodka vai conhecendo suas agruras mais profundas e delírios insanos o rodeiam fazendo -lo crer em um mundo dividido entre pessoas "extraordinárias" que poderiam fazer toda a sorte de coisas que lhe aprouvesse e as pessoas "ordinárias", que por sua vez deveriam andar submetidos às leis.
Acreditando ser uma pessoa "extraordinária", ele escreve um artigo para um jornal defendendo sua teoria e age em prol dela. O Crime vem e o Castigo também. Para alguém que era extraordinário isso era permitido e normal, segunda sua crença e apoiado por outros insanos, mas daí a queda que o precede é tão fatídica que quase não sobra-lhe esperanças, até que Sônia entra em cena, uma jovem rara, mas que devido a pobreza extrema prostitui-se, porém, guarda o bom coração e estende sua mão para Rodka, a partir daí muitas coisas vão ocorrendo, algumas tragédias anunciadas efetivam-se dando um tom altruísta ao Rodka e ao mesmo tempo fazendo-o mergulhar ainda mais na culpa. Haverá perdão ou apenas castigo?
Há muito mais a se dizer sobre essa obra estupefata, mas preciso pontuar que os nomes dos personagens foi um problema para mim, a parte desafiadora foi essa, a leitura é fluida, dentro da temática e gênero. Temo não conseguir emitir o que há de mais precioso nela, mas concluo dizendo que os personagens são incríveis, complexos, paradoxos e mexem com o profundo de nossa mente e alma, nos fazem questionar, amar e odiar. O final foi uma surpresa agradabilíssima, Dostoiévski é sem dúvidas um mestre da literatura e soube interpor a realidade e a ficção de tal modo que nos gera dúvidas sobre o que é o que. Recomendação total para que se leia com calma e muita paciência, para absorver as entrelinhas do Dostô!