spoiler visualizarRenan.Bagatini 05/06/2024
Como um livro de 600 páginas pode ser tão denso?
Na capital russa de Petersburgo, na época em que a história se passa, as indústrias se expandiam a todo o vapor e, consequentemente, a classe menos abastada empobrecia mais e ia se entregando aos vícios e tornando-se refém das dívidas. nesse contexto, um jovem estudante de direito (que ao início da obra é instintivamente bom com as pessoas) enlouquece, mata e saqueia uma velha "agiota" da cidade e sua irmã.
as consequências desse ato, tanto na consciência do protagonista quanto nas pessoas ao seu redor, são incríveis.
o motivo do crime? uma teoria criada por ele de que certas pessoas nascem superiores às outras, podendo cometer quaisquer crimes, desde que estes contribuam à humanidade de forma positiva. no seu julgamento, matar a velha era justificável, porém, após matá-la, o inevitável sentimento de culpa o invade. ele tenta reparar o estrago deixando os itens roubados intocados e doando todo o dinheiro que tinha a uma família miserável.
enquanto isso, as investigações sobre o crime seguem. ele, sentindo-se culpado, vai até a delegacia e presta os depoimentos, pois era cliente da velha. é como que, inconscientemente, ele quisesse ser encontrado (essa é uma das teorias psicológicas de um investigador). na parte final do livro, é explicitado o aborrecimento que ele sente só de pensar em estar sendo descartado como suspeito.
no meio disso tudo, também, muitos personagens são apresentados. todos excepcionalmente e profundamente abordados, com pensamentos próprios e, com exceção de uns 4, sempre com alguma segunda intenção, insanidade ou vício. os diálogos presentes no texto precisam ser lidos com calma, pois são muito densos. em alguns momentos do enredo é possível notar a tensão presente entre o diálogo das personagens, com um conflito gigantesco sendo formado. é como se eu estivesse lendo o roteiro de uma novela. a leitura é um pouquinho travada em alguns momentos, mas quando engata não tem como parar.
enfim, o protagonista se entrega à polícia e, mesmo estando num campo de trabalho forçado, não sentia a dor das penitências. refutando o pensamento do protagonista, a realidade em que ele vivia o tornou um criminoso. ele, que havia nascido bom (mesmo que arrogante), tinha tornado-se , pelo ambiente em que vivia, o mais supremacista e violento dos criminosos.
pretendo ler esse livro novamente daqui alguns anos e ver se minhas percepções seguem as mesmas, pois inúmeras são as ideias que podem ser tiradas daqui.