poteshermeticos 06/09/2024
"Esses indivíduos não são feitos dessa massa (...)"
SINOPSE: Rodion Raskólnikov, um ex-estudante universitário de São Petersburgo, está desesperado para melhorar sua situação financeira e a de sua família. Revoltado com essa condição social e moral, ele se torna cada vez mais obcecado por suas reflexões e teorias sobre "pessoas extraordinárias e pessoas ordinárias", e que, ?pessoas ordinárias? teriam o direito de transgredir a moralidade comum para alcançar um bem maior. Convencido dessa ideia, ele planeja o assassinato de alguém ?ordinário?, que vê também como um ?piolho? ou apenas um ?princípio?, e é forçado a conviver com uma luta interna sufocante enquanto lida com as consequências de seus atos.
RESENHA: Esse livro é um perfeito exemplo de como a literatura explora a condição humana. Foi a primeira obra de Dostoiévski que eu li, e fiquei surpreendida e muito satisfeita com a escrita do autor. Morria de medo de não entender nada, e imagino que muitos tenham esse receio também. Mas garanto: podem ler sem medo!
O crime, que não é exatamente um spoiler, já que está no título, ocorre no início no livro. Então, a maior parte da trama explora o castigo de Raskolnikov, em sua maior parte, um castigo mental e solitário. Quase fico maluca, e percebi que muitas pessoas também se sentiram agitadas, estressadas e sufocadas com esse ?castigo secreto? do protagonista. É uma obra bem legal de se trazer em discussões literárias, quero muito fazer isso logo, inclusive.
O livro abre muitas questões a serem discutidas, muitas mesmo. Será que o ser humano tem o direito de decidir sobre a vida de outra pessoa? Existem pessoas melhores que outras? Atos hediondos podem ser ignorados se resultarem em um ?bem maior? futuro? O leitor é apresentado a diversas perspectivas de diferentes personagens sobre a mesma situação, é muita informação, precisaria de, no mínimo, umas cinco páginas para falar sobre tudo o que admirei na obra. É realmente uma obra-prima. Recomendo muito que todos leiam.
?Esses indivíduos não são feitos dessa massa; O verdadeiro dominador, ao qual tudo é permitido, bombardeia Toulon, assola Paris, esquece o seu exército no Egito, aniquila meio milhão de soldados na retirada de Moscou e livra-se de dificuldades com um aforismo em Vilna; e, no entanto, depois de morto levantam-lhe estátuas... Ao que parece, tudo lhe era permitido. Não, esses seres, pelo visto, não são feitos de carne e osso, mas de bronze!"