spoiler visualizarItalo 15/01/2023
Denso
De primeira, o livro parece uma descrição vinda da mente do Sherlock Holmes, daquela série da BBC ONE. É um livro MUITO denso, uma leitura fluida, mas pesada. Eu sou suspeito para falar pois odeio ler romances, então tive uma certa dificuldade para ler. Depois de Persépolis, creio que foi a melhor trama que eu li. O que mais me encantou nisso tudo foi o detalhismo do Dostoievsky, desde o momento que ele se importou em detalhar de uma forma extrema o que a personagem sentia até à contextualização histórica, sobre a realidade da periferia de São Petesburgo. Eu considero não tanto uma obra única, mas um conjunto de obras com personagens comuns - como um seriado com episódios independentes mas com personagens com uma historia por trás. A cada capítulo ele apresentava uma historia da periferia; isso me lembra muito as favelas e bairros pobres daqui de Belo Horizonte. Para muitos, é só um amontoado de gente pobre, alguns trabalhadores, viciados e marginalizados, apenas massa de manobra. Mas quando visto por dentro, não é mais um amontoado e sim um grupo de pessoas, que por mais que passem a maior parte do dia servindo um patrão rico que não a conhece, que receba menos do que o mínimo pra sobreviver, que tenha de apelar para a insensibilidade como a única opção de garantir o próximo dia, que se afogou nas drogas por ser a única saída em meio a um mar de desilusão.
O livro põe em cheque a questão da criminalidade: o criminoso, quando pratica um crime, é sempre um doente. Mas ele não é um doente, ele está doente, esteve doente. Como uma doença, ela há causas. Raskolnikov se via desiludido: abandonara a faculdade de direito por falta de dinheiro e se afundou numa depressão. Nada ao redor dele o incentivava a melhorar. O ódio que ele desenvolveu pela mulher que penhorava seus bens se arrastou a ponto de acabar matando-a, mas ele nao era doente, ele esteve doente.
Sinceramente eu to com sono demais p falar sobre, mas eh um livro do 🤬 #$%!& . Leiam.