JCaruzo 25/08/2024
Neste fantástico clássico, entramos na mente quebrada de Rodion Românovitch Raskolnikov, um jovem ex-estudante de uma Rússia pré revolução, que entra em uma dura jornada do Crime ao Castigo.
A começar pela escolha do nome, Dostoiévski nos dá a dica do que devemos esperar do protagonista. Raskol, em russo, significa ?dividir, partir?.
No plano de fundo da história, podemos perceber uma decadente Rússia com muitas pessoas em estado de miséria. Raskolnikov, mesmo sendo um jovem com inteligência acima da média, se encontra em péssimas condições financeiras, morando em um minúsculo quarto alugado, com condições precárias de vida. A falta de dinheiro foi o motivo que o fez romper com os estudos, forçando-o a penhorar os poucos objetos de algum valor com uma velha agiota.
Raskolnikov se tinha em alta estima e em dado momento dividiu o povo em duas castas, as notáveis, onde ele e figuras como Napoleão se encontravam e os piolhos, que ele descrevia como pessoas mesquinhas, parasitas, que só trazem prejuízo para a sociedade, onde a velha agiota se encontrava.
Ele então planeja e executa a morte da agiota, só que a coisa sai do controle quando é pego no ato pela inocente Lisavieta, a irmã mais nova da agiota. Raskolnikov, por sua vez, também executa a pobre jovem que já era tão sofrida por ser maltratada pela irmã.
Raskolnikov consegue fugir do local, mas não dos seus pensamentos, chegando até cair adoentado por vezes ao decorrer da trama. Começa aí o castigo.
A trama vai desenrolando ao passo que a complexidade do protagonista vai aumentando. E nós, como leitores, começamos a nos questionar o motivo pelo qual estamos torcendo para o assassino.
Com a história mais avançada, entendemos a densidade dos personagens. Compreendemos que os motivos não são tão simples, talvez Raskolnikov não tenha matado somente por falta de dinheiro, haja vista que em um momento do livro, ele doa o pouco que tem para uma família necessitada.
Tenho de confessar que foi uma leitura densa e complicada de entender as nuances. Levou um certo tempo, mas dá para entender o motivo desse livro ser tido como um grande clássico russo.
Além da trama principal, o livro aborda vários questionamentos tais como a relativização da culpabilidade, sobre isso ele diz que pessoas como Napoleão cometem assassinatos e são tidos como heróis ao passo que pessoas comuns são consideradas bandidas.
Famílias disfuncionais, casamentos infelizes, alcoolismo entre outros temas também são abordados. Fora isso, discussões políticas e pensamentos socialistas permeiam todo o plano de fundo.
Valeu e muito o tempo dedicado a essa obra!