Resenhas - Cabeça Tubarão

Adonai 26/04/2020

Uma dimensão feita de palavras
Esse livro é bastante surpreendente. De início, temos um rapaz (Eric) que acorda sem saber quem é, não se lembra de nada. Está em uma casa, apenas bilhetes pelos cômodos dando instruções do que deve fazer: ligar para sua psicóloga. Não bastasse isso, Eric passa a receber cartas de uma pessoa que diz ser ele mesmo.

A narrativa desenrola em uma velocidade alta, até difícil de acompanhar e são muitas lacunas que uma pessoa sem memória deixa ao contar o que aconteceu, porém, Eric percebe que precisa resolver um grande problema, já que foi alertado por ele mesmo em algum momento. Leia sabendo que respostas são coisas que não teremos.

Recheado de referências geek, o livro é um bom exemplo de ficção científica a qual tem como base nossas linguagens, as palavras e os conceitos. Como uma palavra pode representar um conceito? E como acreditamos em tudo que nos é dito?

Marina 27/10/2009

"Antes de mais nada. Fique calmo."
Quando comecei a ler este livro, achei que seria muito parecido com o filme Amnésia: um cara sem memória que tenta descobrir sobre sua própria vida, seu passado, as pessoas com quem se relaciona, etc. Mas depois percebi que era muito, muito mais que isso.

Se você é uma pessoa que gosta das coisas "preto no branco", que curte aquele final onde o destino de cada personagem é devidamente explicado, e todos os fatos vêm às claras, então Cabeça Tubarão não é um livro para você. Muito pelo contrário, o final do livro é apenas o começo do entendimento de um enredo muito mais complexo do que aparenta ser.

O livro está repleto de códigos, referências explícitas e implícitas a músicas, TV, literatura, cinema (que vão desde o personagem Buzz lightyear ao escritor Paul Auster), e complementos que vão muito além do papel. Cada capítulo do livro tem o seu negativo ou "não capítulo", que saíram exclusivamente em um país. O Brasil, por exemplo, ficou com o negativo número 8. Há diversos vídeos, textos adicionais, pistas espalhadas e fóruns de discussão sobre o livro, onde cada leitor pode apresentar sua teoria sobre a história.

Neste site você pode achar informações e debater suas idéias:
http://forums.steven-hall.org/

Fora essa pesquisa que o leitor pode fazer, o livro também tem outro diferencial: há imagens tipográficas e outras ilustrações que permitem uma certa interatividade e deixa tudo mais interessante. Um ponto ruim é que essas pistas e códigos que o autor criou são difíceis, muuuuito difíceis de achar. Isso desanima a maior parte das pessoas, que não terão acesso a 100% do conteúdo relativo ao livro.

Bom, se você é do tipo de pessoa que tem preguiça de correr atrás dos extras e/ou não gosta de ficar pesquisando muito, não se preocupe. Os fragmentos adicionais não são essenciais para você curtir e entender a história.
Eis uma informação relevante: o título original do livro é chamado "The Raw Shark Texts", um trocadilho com "Rorschach Tests", que são aqueles testes de psicólogo com borrões de tinta e o paciente diz o que enxerga neles. O autor quis com isso dizer que assim como nos testes Rorschach, pessoas diferentes podem ter interpretações diferentes para o livro. Ele pode ser enxergado de ângulos distintos por ser muito subjetivo e, por isso, possui multi significados que podem assumir diversas formas. E é aí que está a grande sacada.

Tadeu.Coelho 08/06/2017

Diferente
Altamente abstrato e subjetivo, achei que o livro se inicia bem porém a narrativa se perde no meio do caminho. Chegou um momento que eu já não aguentava mais e resolvi fazer uma leitura dinâmica para o final, apenas para não abandona-lo. A verdade é que grande parte da história é dispensável é previsível. Entretanto o final me agradou, principalmente a página final que abre o caminho para diversas interpretações. É o segundo livro nesse estilo cubista abstrato que eu li, confesso que house of leaves me encantou muito mais. Se pudesse voltar atrás, não teria começado.

Fabi 14/07/2020

Original e estranho
Um livro um pouco confuso, mas muito original, estranho e surpreendente. É até difícil descrevê-lo, mas quer saber? O melhor mesmo é não saber nada com antecedência, e ir descobrindo tudo conforme a leitura avança. Talvez não seja para todos os gostos, porque é meio complexo e abstrato, mas nossa, eu AMEI.

andalm 04/06/2009

Fabulosa história envolvente e elétrica.

Eduardo 14/10/2010

Surreal
Altamamente dissociativo..vale a pena quebrar o paradigma !

brunascomor 24/02/2012

Resenha do livre-se.com
Se você gosta de Matrix e a discussão do “real”, das teorias de Lost e seus intrincados enredos que se desdobram pela Internet em jogos de “caça aos detalhes”, se aprecia o desmemoriado Jason Bourne e sua busca por compreensão, entende e/ou gosta de Física Quântica, Cabeça Tubarão, de Steven Hall é uma excelente sugestão de leitura. Não resta dúvida que o livro é um romance; porém, às vezes têm-se a impressão que a obra se trata de uma experiência ‘multimídia’- perceberá isso passeando pelo site oficial:

(...)
CONTINUA EM...
http://livre-se.com/livro-cabeca-tubarao-steven-hall/

Weber 15/04/2013

Quando palavras ganham vida (literalmente)
Devo confessar que tenho uma queda por estórias de desmemoriados que deixam mensagens para si mesmos tentam recuperar sua identidade muitas vezes criando uma nova no processo. O universo criado pelo autor onde palavras ganham vida e afetam o mundo físico gerando de vírus a tubarões é muito interessante e já vale por si e a estória flui muito bem enquanto somos apresentados a este universo. Entretanto os personagens não são muito elaborados (o que talvez se justifique no caso do protagonista afinal alguém com amnésia recente pode estar reconstruindo sua personalidade) e a narrativa é bem direta também sem muitas ramificações. Mas nada disso prejudicou o livro ao meu ver. A ideia por trás do livro é fantástica.
O que me incomodou mesmo e mereceu a estrela a menos foi o final. O que começou como uma homenagem muito bacana (e até discreta) passou dos limites e acabou em cópia estragando o final já que, quando me toquei que rumo o livro estava tomando, eu já sabia o final.