:: Sofia 21/12/2020Um salve à Guiomar!Este é um curto romance que foi muito surpreendente para mim. Isto porque as personagens femininas têm mais destaque na história, assim como mais força. Não é um simples holofote sobre as feminilidades e o poder "perverso" da mulher (que hipnotiza, que brinca com os sentimentos, que usa o homem, devotado em sua pura e demasiada paixão).
São seis as personagens do livro: Estêvão, Luís Alves, Guiomar, a baronesa, Mrs. Oswald e Jorge. Os homens, sim, tiveram notoriedade, na declaração do amor, no poder político, no cavalheirismo... No entanto, são as mulheres que fizeram o papel principal, o de vilã, o de extravagante e de detentoras do poder (financeiro e de decisão); além disso, se mantiveram firmes aos seus ideais até o fim...
Guiomar é uma personagem incrível. Ela não se contenta com pouco, não será jamais submissa ao homem que ELA escolher. Ela não fica absorta por promessas de estilo de vida ou juras de amor. Ela é ambiciosa, fria e calculista; forte. Me identifiquei muito com sua visão e ações acerca do amor.
Certamente, Guiomar, em 1874, era completamente diferente do que a sociedade queria como protagonista de romance. Por isso, Machado também não se arrisca, ainda a constrói o desejo de todo homem rico e educado.
Gostei muito do livro. É curto, com reviravoltas bem elaboradas e embasadas, e, por isso, o final faz sentido e é satisfatório. A escrita é característica de Machado de Assis e ele reproduz os anseios e estilo de vida da burguesia e da remanescência de nobreza do fim do século XIX, aspecto que aprecio muito.
Achei passagens interessantes nas páginas 49, 53, 57 e 128.