Catarina 15/11/2019Uma aventura!Eu definiria a leitura de “Inocência” somente com uma palavra: aventura. Imagine uma escalada, cheia de pontos altos e baixos, mas que a vista compensa toda a dificuldade do trajeto.
Pois bem, digo tudo isso porque cogitei seriamente abandonar o livro por causa dos capítulos iniciais. Se você tá com esse problema também, ouve meu conselho e não desiste da leitura não, do meio para o final o livro se transforma. Os primeiros capítulos, até o 5 mais ou menos (ou seja, 20% do livro), são insuportáveis, parece que o autor escreveu um bocado de abobrinha inútil e sem sentido. Agora, a partir do momento que Inocência aparece a história toma um rumo bem no estilo Romeu e Julieta com o amor proibido, fica muito mais interessante, te garanto!
Não vou me estender muito no resumo da história porque isso você provavelmente já leu na sinopse, mas basicamente a história de “Inocência” é uma mulher que já está prometida para casar com Manecão, o noivo que ela nunca viu na vida. Só que ela contrai uma doença e por causa disso precisa ficar aos cuidados de Cirino, o médico por quem ela acaba se apaixonando. O relacionamento dos dois é proibido, pois ela já está prometida para outro e o desenrolar da história é basicamente isso, um casal de apaixonados lutando para construir um relacionamento impossível.
Um dos capítulos que mais me chamou a atenção foi o XXVIII – Em casa de Cesário, pelos seguintes trechos que vou destacar aqui:
1) “Uma menina como ela não sabe o que lhe fica bem ou mal... Ninguém a vai consultar. Mulheres, o que querem é casar. Não ouviu já o patrício dizer que elas não casam com o carrapato, porque não sabem quem é o macho.”
2) “Mulher é para viver muito quietinha perto do tear, tratar dos filhos e criá-los no temor de Deus; não é nem para parola-se com ela, nem a respeito dela.”
Perceberam que a mulher é tratada como um objeto cuja única função é servir e nada mais. Antes que os estudiosos de plantão venham gritar comigo, eu sei que era costume da época, mas o questionamento que eu quero fazer não tem nada a ver com isso. Inocência foi escrito em 1872, será que quase 150 anos depois a sociedade atual, dita como “evoluída”, evoluiu alguma coisa disso? Gosto de acreditar que sim, mas todo dia provam que não, veja o exemplo do rapper T.I que checa constantemente a virgindade da filha. É algo para refletir...
No mais, é uma história bem legal com um quê de Romeu e Julieta tupiniquim que vale muito a pena ser lido. :)
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