Carla.Parreira 07/07/2024
A VENTURA DE AMAR (Danielle Steel). Trechos sublinhados: "...Finalmente descobriu um lindo conjunto Dior de veludo preto com ombreiras, cintura marcada e uma longa saia justa. Seu cabelo pareceria uma chama sobre uma vela negra. E ainda uma jaqueta abotoada até o pescoço fazendo uma gola chinesa. Não precisaria de blusa. Vestiria seu mink por cima e calçaria os sapatos Dior de salto alto. Tomou seu banho no banheiro de mármore rosa pela última vez e saiu cheirando a gardênias e rosas. Escovou os cabelos até que brilhassem como mel escurecido, maquiou-se um pouco e vestiu-se com calma. Quando se colocou frente ao espelho, teve orgulho do que viu. Ninguém adivinharia que ela era uma garota de apenas dezenove anos que acabara de perder tudo o que tinha. O salão do leilão já estava cheio de gente, com filas e filas de negociantes, colecionadores, curiosos, compradores e velhos amigos. Todas as conversas pararam quando ela entrou na sala. Dois homens pularam à sua frente e tiraram sua fotografia, mas Bettina nem vacilou. Andou majestosamente para uma das primeiras filas, quase em frente do leiloeiro e colocou o mink nas costas da cadeira... Com cuidado, acariciou-a, as mãos cobrindo todo o seu corpo, devagar, desejosas, suavemente, enquanto sentia-se tremer por inteiro. Aos poucos, virou-a para si e beijou-a longamente, na boca. Ivo queria que ela o desejasse tanto quanto ele, ou mais. Finalmente apertou seu corpo contra o dela. Bettina movia-se gemendo, agarrando-o, quase implorando, enquanto ele a segurava com firmeza, até que a penetrou, num movimento rápido, sentindo-a contrair-se, tensa, enquanto arranhava suas costas, e ele mergulhou mais e mais. No sabia que seria doloroso, mas queria lhe dizer o quanto a amava e, enquanto a abraçava, repetia isso infinitas vezes, até que ambos ficaram imóveis. Ele podia sentir o sangue quente de Bettina nos lençóis, mas não se importava. Apenas a abraçou mais forte, sentindo como tremia, segurando-a bem perto de si. - Eu te amo, querida... oh, Bettina, como eu te amo com todo o meu ser. Mesmo no escuro, ela virouse e mais uma vez ele a beijou, curtindo o momento e desejando deter a dor que ela sentia... Bettina estava linda naquele simples vestido de cetim creme. Caía longo até metade das pernas, tinha o colarinho alto e mangas curtas em forma de sino e uma jaqueta seguindo a mesma linha. Vestiu as pequenas luvas brancas, viu se usava os brincos de pérolas e olhou para as meias cor-de-marfim e os sapatos de cetim... Parecia tão pequenina, tão frágil, uma garotinha. Mas não era. Era uma mulher, agora. Totalmente dele. Para sempre... Bettina sentia-se segura com seu amor. Estavam no ponto culminante de um longo sonho feliz... Bettina o seguiu escada acima, através dos intermináveis degraus estreitos, enquanto o motorista esperava lá embaixo e, quando finalmente chegaram ao apartamento, sentia-se como se tivesse subido aos céus. Ele destrancou uma pesada porta de ferro e, do outro lado, surgiu um apartamento cheio de charme. O teto pintado com nuvens, os cantos cheios de grandes folhagens, havia cômodas de campanha e objetos orientais, tapetinhos de palha, tapetes peludos e grandes e confortáveis cadeiras estofadas num suave tom de azul. Era mais do que uma moradia, era um abrigo, um pedaço de campo, um jardim dentro de casa, uma nuvem escondida num céu azul-claro de verão... resto de sua estada no hospital foi sem maiores acontecimentos. Sentiu-se triste e solitária, não por Anthony, mas pela criança que perdeu. Disseram a ela que era uma menina e, dia após dia, ela ficava na cama e chorava. Não ajudaria, as enfermeiras diziam, mas entendiam que tinha que desabafar. No final da semana Bettina chorava não só pelo bebê, mas por tudo. Chorava pelo seu pai e pela maneira com que a deixou, por No e pelo que fez a ele, e depois pela maneira rude com que ele a mandara embora. Por Anthony e pelo que fez só por um visto de residência e agora, por, ter perdido seu filho: Agora não tinha nada nem ninguém. Sem o filho, o marido, o lar e um homem. Ninguém a queria. Não tinha ninguém. E aos vinte e seis anos, sentia como se sua vida tivesse terminado... A coisa mais impressionante é que sempre vale. Sempre tem outra coisa acontecendo, outra pessoa, uma mulher por quem se apaixonar, um amigo que você visita, uma criança que deseja ter, alguma coisa que faz com que você continue. Tem sido assim para mim. Ela assentiu, adorando o que ele estava dando a ela, porque suas palavras a estavam libertando. Colocava todas as peças juntas e revelava um quadro, não apenas completo, mas mostrava que ainda tinha mais a ser revelado, algo que ainda veria..."