bia prado 11/05/2020estou numa pandemia preciso de entretenimento de qualidade, não de coisa ruimImaginem uma pedra descendo uma ladeira com expectativas de ser a maior aventura da sua vida. Ela começa devagar, porque ainda não está muito íngreme, e, quando vê, está desorientada rolando sem parar pra um futuro que não parece tão bom como quando começou essa viagem. Foi assim que me senti lendo esse livro que todo santo influenciador literário falou bem. Vou tentar explicar de forma bem didática, com uma listinha, os motivos pelos quais esse livro não foi pra mim e não recomendo, e também algumas coisinhas que gostei:
Não rolou:
1.0- A escrita: eu geralmente não reclamo se a escrita é simples, mas essa aqui me senti como se estivesse lendo um draft. Tem muita repetição de coisas que a gente já sabe. Por exemplo o Magus falando que ama a irmã e ninguém pode saber nunca. Ele pensa isso umas três vezes (e é claro que todo mundo sabia). Outro problema: a autora não descreveu uma paisagem, um cômodo, uma árvore; parecia que tudo era meio igual e as únicas informações que eu tinha pra diferenciar os reinos era que um tinha grama e o outro tinha rochas; um rico e outro pobre; frio e calor; Portanto não fiquei imersa nesse mundo fantástico.
Esse fato das descrições/narrativa também se estendeu aos personagens. Não me apeguei a nenhum deles simplesmente porque todos são planos. A narrativa é em vários pontos de vista (uns quatro principais) e talvez isso tenha contribuído para que acabemos não conhecendo nenhum deles a fundo. Não tenho uma história do passado pra saber mais sobre as relações entre personagens; não tenho nenhum desenvolvimento sobre: o que eles querem, quais são as ambições? O que eles gostam? Quem eles são? O que eu recebi foi:
1.1- Personagens:
Cleo: uma princesa imprudente de 16 anos que não pensa na consequência de seus atos, tem boas intenções, mas ainda é muito inocente e zero planejamento; é muita responsabilidade pra uma adolescente entretanto ela sempre foi a segunda na linha do trono e, mesmo assim, ninguém preparou essa menina pra situação diplomática nenhuma. Mas ainda assim foi a única das protagonistas que eu torci.
Magnus: esse menino é mais perdido que cego em tiroteio. Ele não sabe se apoia o pai, se se permite sentir as coisas, se odeia o pai, se é igual o pai, se gosta de matar ou não, eu não entendi foi nada. Ele fica falando que tem várias máscaras e eu só queria ter um perfil mais claro de quem ele é. Nem vamos entrar no mérito/demérito do incesto, mas ele se denomina bom e mesmo assim não tem objetivos concretos. Ele quer tomar o trono do pai? Ele concorda com aquilo? Ele pensa no povo? Ele quer poder? Só vi ele com receio do pai e ficando numa coleira o livro todo. Queria que ele tomasse alguma atitude por ele, porque ele tem algum caráter próprio, seja bom seja mal. O menino não tem ímpeto algum e fica na sombra do rei o livro todo. Dava até raiva o tão passivo que o Magnus é, sério. Ta ai um personagem que precisa crescer muito ainda.
Jonas: um coitado inocente que acredita que algum governante se importa com o povo. Esse menino tem garra, ele quer fazer as coisas, mas acredita nas pessoas erradas e toda essa coisa da vingança e vingança cansava um pouco. Tem potencial, mas os capítulos dele eram bem zzz.
Lucia: ela se diz uma boa garota, mas eu nunca vi ela tendo um pensamento altruísta sobre o povo miserável do país dela, nem duvidando do caráter daquele pai maligno dela, nem tendo nenhuma emoção forte, a não ser que ela esteja ameaçada. Sério, parece que não tem sentimentos. E é claro que ela não é a garota da profecia. A Cleo também tem 16 anos, tem o anel e é muito mais espera. Mesmo que a Lucia tenha os poderes, quem vai pegar as quatro pedras (oi Thanos) é a Cleo. Outra coisa é a magia, que não é explicada nem nada. Nem de onde ela tira isso, nem por que só começou aos 16 anos, nem o que ela pode fazer. Pelo que eu entendi ela pode fazer tudo. Muito legal. Ela é a pessoa mais poderosa do livro e ai? Se ninguém pode combatê-la não tem graça, porque nem tem muitas bruxas no livro. Por isso que digo que a Cleo vai pegar essas pedras.
Nada aqui é concreto e nada é desenvolvido. Ficamos com o rascunho dos personagens.
2- Interação entre personagens: essas pessoas não sabem se comportar num ambiente de guerra, nem numa monarquia. Todas as vezes que conversaram com o inimigo começaram a falar TODOS os segredos que não era pra falar pra NINGUÉM. Jesus, me dava muito nervoso. Aquele momento que você poderia estar matando o seu inimigo mas vocês estão batendo papo. Quando o Nicaraguenses fala o nome verdadeiro da Cleo quando deveriam estar deformados eu quis morrer. Amadores. Além do insta-love, a Cleo fica chamando o Jonas de selvagem de uma forma muito preconceituosa! Ela nem conhece ele e só porque ele precisa sobreviver de uma forma muito mais brutal que ela ela fica chamando ele assim. Só pensa dentro da própria bolha.
3- A autora matou muita gente nesse primeiro livro. No segundo ela vai ter que apresentar vários outros personagens pra matar e aposto que novamente não vamos ter desenvolvimento de personagem decente.
4- Esse livro tem muitas coisas acontecendo, mortes, capturas, segredos sendo revelados, mas nunca senti que houve um climax, porque as coisas sempre meio que eram contadas antes! A guerra a gente viu sendo planejada; o sequestro da Cleo; os poderes da Lucia; eles invadindo o castelo; o Magnus se declarando; a morte da Emilia que estava doente (DE AMOR??); etc etc
5- Muitas coisas são jogadas para o leitor e ele tem que aceitar, sem nenhuma explicação prévia. Por exemplo: por que o pai do Magnus odiava ele quando criança? a gente só tem que aceitar que ele é um tirano; Como eles mandam mensagem pelo pássaro? A doença da Emilia do nada?
6- Algumas cenas são muito patéticas. O jeito que o Theon morreu, meu deus. Sendo um SOLDADO, ele virou as costas pro inimigo (?) e foi esfaqueado pelas costas. Ninguém aqui tem nenhum senso de preservação à própria vida. E depois no final quando a Cleo é capturada em meio aos plebeus ???? Ela não estava se escondendo??? Umas coisas evitáveis e sem sentido dessas que dão raiva.
7- Tem umas mortes só pra impactar o leitor (como matar o possível amor da vida da mocinha).
8- A autora mais diz do que mostra. Não adianta você falar que alguém é bom, você precisa me mostrar com ações. No final, eu me senti bem enganada, porque foi muita promessa e nenhuma entrega. Eu não acreditei nesse mundo, nem nos personagens, nem nos falcões que observavam as pessoas. Claro que, talvez, algumas das coisas que comentei aqui sejam melhor explicadas nos próximos livros, mas eu não tenho muita fé não… Ah um exemplo foi aquela guerra que durou duas páginas. Entendi foi nada de como conquistaram o castelo.
Gostei:
Mitologias são sempre interessantes. É isso, acho. A autora matou o guarda-costas então nem tenho mais um casal pra shippar.
Então acho que é isso. Vou ler uns spoilers ai na internet, porque a falta de desenvolvimento de personagem me impede de continuar essa série e não tenho muita fé que vai melhor mais pra frente neste quesito.