Leila de Carvalho e Gonçalves 22/11/2017
Reconheçimento Tardio
Escrita entre 1610 e 1611 e publicada pela primeira vez no "First Folio", a peça teatral "A Tempestade" ou "The Tempest" é a despedida de William Shakespeare dos palcos, apesar dele continuar colaborando com outros autores até a morte.
Apontada como uma parábola sobre a expansão colonial em direção à América, seu enredo foi baseado em diferentes relatos de viagens e explorações além das obras "Dos Canibais", de Montaigne, e "Metamorfoses", de Ovídio.
De acordo com os críticos, também é um pastiche de outras obras do bardo inglês, explorando antigos temas, por exemplo, a usurpação do poder ("Ricardo III") e a rivalidade entre irmãos ("Como Gostais"). Contudo, sua comparação mais frequente é com "Sonhos de uma Noite de Verão", isto é, dando asas à imaginação, Shakespeare apresenta um texto em que a fantasia contribui para enriquecer o enredo, transformando acontecimentos corriqueiros em extraordinários..
Em síntese, tendo como cenário uma ilha paradisíaca, essa história é protagonizada por um mago poderoso, Próspero, a procura de vingança, pois há muitos anos, seus inimigos baniram ele e a filha Miranda de sua terra natal. Para tanto, ele cria uma colossal tempestade que traz para a costa um navio onde viajavam Afonso, Rei de Nápoles; Ferdinando, seu filho; e Antônio, irmão, rival e atual Duque de Milão.
Dentre as personagens, merecem destaque os dois servos de Próspero:
- Ariel: um espírito assexuado que pode se transformar em água, fogo ou ar.
- Caliban: um escravo disforme que é filho de uma bruxa, Sicorax, com o Diabo. Trapalhão e rebelde, sonha derrotar seu patrão e trata-se de uma das figuras mais conhecidas da galeria shakespeariana.
Finalmente, o reconhecimento da obra foi tardio, só passando a despertar maior atenção no século XIX. Hoje em dia, ela está adaptada para os mais diversos formatos e estilos, como óperas, romances, poemas e filmes.
"Nós somos feitos da matéria de que são feitos os sonhos." (Próspero, Ato IV - Cena I)