Jow 13/01/2011Uma bela crítica a nossa Sociedade (dita) Moderna.Na atualidade, houve-se falar muito em ética e moral. Ao estudar Sociologia, entendi que a palavra ética vem do grego ethos que quer dizer "modo de ser", ou "caráter", enquanto maneira de vida que o homem adquire ou conquista. Mais objetivamente, pode-se definir ética como sendo um conjunto sistemático de conhecimentos racionais e objetivos a respeito do comportamento humano; Portanto, a ética se advém dos conhecimentos racionais e objetivos, contudo, a própria coisa ser racional e objetiva deve ter um ponto de partida, isto significa dizer, o racional e objetivo vão servir a quem? Quem está dizendo o que é certo ou errado? E é aí onde entra a questão da ética dos tempos ditos modernos, que não tem nada de racional e objetivo.
A ética se confunde muitas vezes com a moral, entretanto, deve-se deixar claro que são duas coisas diferentes, considerando-se que ética significa a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, enquanto que moral, quer dizer, costume, ou conjunto de normas ou regras adquiridas com o passar do tempo. A ética é o aspecto científico da moral, pois tanto a ética como a moral, envolve a filosofia, a história, a psicologia, a religião, a política, o direito, e toda uma estrutura que cerca o ser humano. Isto faz com que o termo ética necessita ter, em verdade, uma maneira correta para ser empregado, quer dizer, ser imparcial, a tal ponto a ser um conjunto de princípios que norteia uma maneira de viver bem, consigo próprio, e com os outros. Mas, eu divago...
A Menina Que Brincava Com Fogo, expõe de maneira genial esse embate social entre ética e moral. Temas muito recorrentes na atualidade, marcada quase que diariamente por escândalos das mais variadas formas, sejam elas relativas ao sexo, a opção sexual, a classe social, etc. E Stieg Larsson, como repórter polêmico como foi, é muito incisivo em sua escrita, denunciando o modo hipócrita que a sociedade vive, uma sociedade que marginaliza aqueles que são diferentes, super-dotados de uma estranheza social, e que acima de tudo, que colocam o dedo na cara do sistema e ridicularizam as suas regras que beneficiam uma minoria privilegiada.
É impossível não exaltar a figura de Lisbeth Salander, personagem socialmente estigmatizada e que como se vê no livro, causa estranheza por ser uma pessoa acima da média. Uma cidadã comum, mas que não se submete a certas regras falidas. E Mikael Blomkisvt, que certamente é um auto-retrato de Larsson, com sua desenvoltura, lealdade e compromisso. Larsson mais uma vez escreveu uma obra genial, que enfoca temas atuais, que sugerem uma mudança no modo de pensar, de agir, e de se entender o mundo ao nosso redor.
As mudanças em relação a Os Homens Que Não Amavam As Mulheres é evidente, as personagens ganharam muito em termos de intelectualidade, e a trama é imensamente bem desenvolvida e empolgante. Só é preciso deixar a leitura fluir, e depois se saborear com um prato cheio de críticas bem fundamentadas, ao nosso mundo Moderno, Capitalista, Globalizado, Civilizado, e principalmente Justo perante a Lei.
É uma pena, que hoje em dia, existam poucas pessoas que realmente gostem de brincar com fogo. Mas, novamente eu divago...