Não Verás País Nenhum

Não Verás País Nenhum Ignácio de Loyola Brandão




Resenhas - Não verás país nenhum


144 encontrados | exibindo 31 a 46
3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 |


Marco.Pinheiro 19/08/2023

Um gênero necessário, um livro de peso, uma experiência
Começo dizendo que adoro distopias. E uma que se passa no futuro sombrio possível do Brasil, aclamada há décadas e atual como nunca? Ah claro que será uma leitura e tanto. Tantas as passagens importantes.
Um Brasil distópico é algo interessante de imaginar. E Ignácio de Loyola Brandão cria, nos idos dos anos 1980, um futuro árido e catastrófico da sociedade, frente à crise climática e social. O país é dividido, utilizado para extração de suas reservas naturais, e seu povo é enxotado para as periferias, onde vive a crise em seu máximo. Despossuídos morrem de fome e sede, a comida é artificial e perigosa, e a distribuição da qualidade de vida, criminosa. O sol é inclemente, a chuva uma mera lembrança, e os sobreviventes possuem muitas seqüelas. E esse é só o começo da trama, que é narrada em primeira pessoa por Souza, um sujeito ex-classe média que é pego pelo turbilhão dos acontecimentos da agonia social.
Distopias são tipos de livros que possuem muitas camadas, e isso que é interessante neles. Você tem a leitura profética do futuro(passado) possível; tem as reações em cadeia e as questões sociais que, quando o livro é bem feito, revelam o que a sociedade é e como ela pode se tornar, se mudadas as regras do jogo ou as circunstâncias. São descarnados os estratos do poder, a força, a pirâmide social. E tem também há a psique do personagem, suas relações com o outro e sua crise interna, onde é possível desmontar o humano frente ao caos que virá nas páginas. Dito isso, essa obra é traz uma distopia de imensos significados, agonizante, enérgica, que eviscera a sociedade e se mostra bastante certeira, quarenta anos depois. Está entre as melhores distopias que já li, se não a melhor.
Sou Marco Pinheiro, escritor e apaixonado pelas letras.
Me siga também no insta, onde faço poemas, textos, resenhas:
@marcopinheiro.coisaspoeticas

Abraços!
comentários(0)comente



Laura.Eliza 13/07/2023

Distopia Brasileira
Livro forte, impactante. Traz outro olhar sobre a natureza brasileira e como o capitalismo e a indústria podem destruir o meio ambiente. A ganância pelo dinheiro imediato causa o fim do que é puro e natural no mundo.
comentários(0)comente



Clara T 16/06/2023

Um mundo apocalíptico
Quem nunca imaginou o que aconteceria se a natureza degradasse a níveis alarmantes. Um mundo em que já não existem florestas, jardins, grama ou flor natural. Consequentemente não existem alimentos de origem animal ou vegetal. Animais de estimação já foram extintos. O que impera, por todo o Brasil é o calor.
Como se não bastassem as milhares de mortes, o aumento da pobreza e a dificuldade de adquirir qualquer tipo de recurso natural, já não existem rios ou lagos para a extração da água.
No começo, parecia que descrevia o planeta Terra de Wall-E. Só que ao invés da raça humana ter fugido numa espaçonave, deixando apenas robôs, os seres humanos estão vivendo em grandes lixões, engaiolados em cidades abandonadas.
Mas tem mais um agravante que eu não esperava e ao mesmo tempo é tão real e atual, o governo (ou poder público) trabalha na contrainformação, construindo uma falsa verdade, espalhando a ignorância e o medo. Os Civiltares (as forças policiais ou milícias), o esquema (o governo) e os Militecnos (podem ser as forças armadas ou talvez os representantes do poder público como agentes federais) são quem dita a ordem, mas são todos soldados, sem nomes ou rosto.
Anos de consumo de produtos artificiais, produzidos pelas Multinter trouxeram doenças e deficiências nas pessoas.
E é nesse mundo que Souza vem vivendo, tentando se encaixar e se adaptar a uma rotina, como estabelecido com a esposa Adelaide. Até que aparece um furo na sua mão e a partir de então ele passa a ser diferente, não se encaixa mais na forma de vida, perde o emprego e a esposa desaparece.
A narração, em grande parte, está em sequência cronológica, mas envolve lembranças e divagações do narrador personagem. O narrador também não se mostra confiável, por vezes se perde, imagina e adormece sem perceber. Confunde realidade com cenários potenciais em algumas situações. Por ter sido professor em muitos momentos se entrega a questionamentos e divagações com outros personagens, rapidamente entra em discussões que, em momentos posteriores está a defender o ponto de vista que havia negado anteriormente.
É um livro de ficção que com 40 anos de sua publicação parece ser uma descrição de futuro próximo. Ao invés de imaginar robôs com avanço tecnológico, o autor apostou na ignorância e degradação do planeta para os anos vindouros.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Ana Caroline 18/05/2023

Viagem muito louca?
Começou confuso, com relatos cotidianos da vida do Souza. Sem maiores explicações sobre a situação em que ele estava. Do meio pro final, a viagem que é esse livro ficou bem mais louca. Fiquei decepcionada com o final, queria que o Souza desse apenas mais um passinho só mais um?
comentários(0)comente



Carlos 11/05/2023

Essa foi minha primeira leitura de 2023 e não poderia ter iniciado de melhor forma. ⁣
“Não Verás País Nenhum”, do jornalista Ignácio de Loyola Brandão, escrito entre 1976 e 1981, lançado em 1981 é sem dúvida uma obra envolvente e inteligente, uma obra completamente atual, que trata a questão da água e o aquecimento solar em desequilíbrio.⁣

O livro é narrado em primeira pessoa por Souza, um brasileiro comum, casado há muitos anos, que vive sua rotina diária de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Ele é um ex-professor de História que sobrevive na São Paulo diatópica desse futuro sombrio Tempo em que tudo é rigorosamente regrado e todas as mercadorias são racionadas, especialmente a água, a maior parte da qual é obtida a partir de urina reciclada⁣

"A sua urina é comercializada. Com a falta de água, aparelhos recolhem os mimos saudáveis numa caixa central, onde se procede à reciclagem. Há mistura, tratamento químico intenso, filtragem, purificação, refinamento, transformação. A urina retorna branca, pura, sem cheiro, esterilizada."⁣

Através da narração, memorias, do Souza somos apresentados a um país literalmente dividido, uma rachadura/cratera dividiu o país ao meio. A degradação ambiental atinge níveis insustentáveis na poluída São Paulo do futuro: ausência completa de vegetação, calor extremo, atmosfera sufocante e escassez de água, cujo consumo é regulado por fichas de difícil obtenção, desaparecimento das florestas, dos rios, flores artificiais, montanhas de lixo, controle da informação, excesso de população, fichas para circulação, filas para tudo, polícia corrupta e assustadora, governantes medíocres, alienação.

Não verás país nenhum, publicado pela primeira vez em 1981, permanece mais contemporâneo do que nunca.
Leitura obrigatória em tempos como os que vivemos em que se faz urgente alertar para os perigos que ameaçam nossa sobrevivência no planeta.

site: https://www.instagram.com/p/CqGxrNZL88Z/
comentários(0)comente



Luciana 08/05/2023

A história até possui alguns elementos interessantes, a execução em si eu não gostei, narrativa se torna cansativa em vários momentos, Souza não é um personagem que cativa e no final já estava torcendo para ele se lascar no bolsão.

Fico com a sensação de que poderia ter sido muito melhor.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
Luciana 08/05/2023minha estante
??????




Rê Lima 05/05/2023

Eu estava gostando do livro, mas depois de uma certa parte começou a parecer um rolê aleatório e me lembrou "Noite" do Érico Veríssimo, que eu achei bem marromenos.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Vanessa 02/05/2023

Perfeito!!
Simplesmente um dos melhores nacionais que já li. É uma distopia incrível, doido como eu nunca ouvi falar antes nesse livro.
comentários(0)comente



Alex690 02/05/2023

A ficção brasileira não tem o prestígio que merece
Se em "1984" de Orwell senti um baita sufoco, que dizer de "Não verás país nenhum"?
Ainda que um pouco exagerada, essa obra é extremamente assustadora; quando parava um pouco, fechava o livro e suspirava, sentia-me aliviado.
Arrepio na espinha imaginar a ignorância humana? Sim. Até que ponto nossa espécie comandada por líderes loucos e esfomeados chegará? O fim será lento e fedorento? Não existe mais a ciência dos fatos.
Esse cenário imaginado por Ignácio está tão distante? O mundo já não se enfiou em uma corrida armada cujo único benefício em vista é nosso próprio extermínio?
Se as árvores fossem inteligentes o suficiente, seríamos arrebanhados e mandandos direto para um holocausto, elas nos varreriam como as varremos a milhares de anos.
Ah Souza! não é apenas você que devaneia, somos os últimos loucos... o Brasil está em brasa, nossas mentes ardem em laberada. Que país é esse! Que humanidade é essa?
comentários(0)comente



Thaís Senra 17/03/2023

Não Verás País Nenhum
Não Verás País Nenhum é incômodo, é desconfortável e é desconforto.
Pensar que o livro foi escrito na época da ditadura militar e continua atual é no mínimo preocupante. Mesmo que as discussões sobre mudanças climáticas não fossem tão fortes quanto agora, Ignácio de Loyola já aborda o tema com muita precisão.
A obra é uma distopia e mesmo tendo lido outras distopias muito boas como 1984, Não Verás País Nenhum tem um "quê" especial: fala sobre o Brasil.
Ler distopias sobre outros países e regiões (como a Europa nazifascista e a Rússia stalinista de George Orwell) é sim muito legal! No entanto, reparar na realidade que estamos mais inseridos promove ainda mais a reflexão. O que seríamos sem as nossas florestas? Sem a nossa democracia? Sem a nossa diversidade?
Não digo que é um livro fácil de ser lido porque não é, ele é narrado em primeira pessoa, logo, sujeito a muitas subjetividades. As situações também são extremas. Como seria fácil ler sobre pesadelos com cabeças de crianças explodindo? Sobre um sol tão forte que mata qualquer um que não esteja protegido? Sobre a fome? Sobre o autoritarismo dos militares (e também sobre a sua burrice)?
Sobre esperança?
Porque Não Verás País Nenhum é um livro de esperança. Em sua forma mais singela. Debaixo desse Brasil, com tantas pessoas, o que sobra?
comentários(0)comente



Davenir - Diário de Anarres 07/03/2023

Distopia essencial para pensar o Brasil
"Não Verás País Nenhum" é um clássico das distopias e da literatura brasileira. Para um leitor brasileiro que gosta de distopias, esta obra é presença certa em qualquer lista decente sobre o assunto. A obra carrega os elementos mais comuns das distopias mas com uma profundidade e um conhecimento do Brasil excepcionais. Temos um Brasil corroído pela corrupção (ou apenas governado como o habitual?), para a dominação e não sob princípio do bem comum.

Acompanhamos a história de Souza, que tem uma vida pacata num escritório, fazendo trabalho burocrático. Uma vida no trajeto casa-trabalho-casa, onde vive com sua pacata esposa Adelaide. Então, um furo surge em sua mão. Pausa para falar de que Brasil é este em que Souza vive: Basicamente a Floresta amazônica transformou-se num deserto e as consequências climáticas, para a metade sul do Brasil são as piores possíveis, afinal a Amazônia não é chamada de "Pulmão do Mundo" a toa. As bacias hidrográficas e biomas brasileiros secaram. O Brasil, outrora grande produtor da agricultura, passou a racionar água ao extremo, desenvolvendo gêneros alimentícios baseados em química para alimentar a população. O calor nunca mais abandonou o clima de São Paulo (local onde passa a história) onde os topos dos prédios calcinam qualquer coisas esquecida neles e grupos de andarilhos com a pele escamada vagam sem forças para correr atrás de água.

Voltando a Souza: Sua vida entra em uma espiral de queda, que o vai levar para uma jornada interna de autoconhecimento, autocritica, autocomiseração. Idas e vindas de um homem covarde que foi levado pelo tempo dele. Essa jornada tem probabilidades de ser bem cansativa para o leitor. Brandão, tem um estilo reflexivo de conduzir o livro. Souza está reavaliando sua vida a todo estante, relutando em tomar atitudes, mas há vários momentos interessantes onde conhecemos mais da paisagem devastada desse Brasil minguado, seco por dentro e por fora. Há cenas que destoam com uma crueza desconcertante e certamente vão ficar rodando na sua cabeça enquanto os monólogos de Souza dissecam o Brasil, com secura e ironia. É interessante ver o Brasil ser pintado nessas páginas como uma nova era de ditadura após um lapso de democracia. Vale lembrar que o livro foi escrito em 1981, em plena ditadura civil-militar, mas a história passada no início do século 21 soa hoje como um sonho estranho da nossa atualidade. Alías, toda boa distopia consegue capturar a essência podre e imutável dos piores momentos da modernidade, Brandão conseguiu capturar tudo isso no Brasil, montando um cenário completamente diferente e bizarro, que aos poucos vai ficando cada vez mais familiar. Essa familiaridade é o Brasil.

site: http://wilburdcontos.blogspot.com/2023/03/resenha-275-nao-veras-pais-nenhum.html
Gustavo 07/03/2023minha estante
Excelente resenha




Villanova 25/02/2023

O Brasil dos anos 80
Gostei da leitura e recomendo, pois mesmo no começo dos anos 80 o autor consegue ver ou prever como estaríamos hoje
comentários(0)comente



144 encontrados | exibindo 31 a 46
3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR