Segundos fora

Segundos fora Martíin Kohan




Resenhas - Segundos Fora


6 encontrados | exibindo 1 a 6


kalebe 26/06/2012

Segundos Fora ou O nascimento da tragédia argentina
Para continuar lendo o texto (e conhecer outros livros e resenhas) acesse O Espanador : http://www.espanadores.blogspot.com.br/2012/05/segundos-fora-martin-kohan.html

Uma das coisas mais bacanas da ficção é poder mergulhar (ainda que pra isso as pesquisas sejam extensas) em fatos reais e, a partir daí, conseguir recriar toda a atmosfera de situações que, de alguma forma, não conseguimos presenciar, somente ouvir e ler relatos por outros meios.

Ainda que eu veja historiadores reclamando do que eu vou falar agora, em boa parte das vezes eu fico tão intrigado com a história que quase que a ficção passa a ser a verdade. Talvez um pouco de exagero, eu consigo discernir a ficção da realidade, mas fico intrigado quando algum livro consegue tornar essa 'verdade' mais complicada de diferenciar da ficção.

O livro de hoje consegue recriar uma cena importantíssima na história do esporte e também cultural da Argentina em setembro 1923.

Segundos Fora tenta recriar a luta histórica entre o Campeão Mundial dos Pesos Pesados, o americano Jack Dempsey e o argentino Luis Ángel Firpo (conhecido pelo carinhoso apelido "El Toro Salvaje de las Pampas"), que ficou eternizada da pior maneira possível. Firpo simplesmente nocauteou Dempsey para fora do ringue, mas o juiz não começou a contagem quando foi preciso e deu chance de Dempsey voltar ao ringue. Passaram-se 17 segundos da queda de Dempsey, sem que o juiz notasse.
comentários(0)comente



iagofelipeh 08/05/2020

Livro incrível!
Grata surpresa. Sabe quando você compra um livro aleatoriamente, não tem praticamente nenhuma pretensão pela obra e sequer conhece o autor? Sei que muitos fazem isso e eu não sou exceção. Nesses casos, é muito raro quando vai além de uma leitura pra passar o tempo, quando e se o pegamos para lê-lo, de fato.

Em "Segundos Foras", de Martín Kohan, encontrei uma narrativa extremamente bem elaborada, tomando como mote dois marcos culturais argentinos no ano de 1923: a polêmica e emblemática luta entre o lendário pugilista latino Firpo com o campeão mundial de boxe Dempsey e a primeira apresentação da sinfonia No.1 do grande músico e regente Gustav Mahler em Buenos Aires, regida por outro dos grandes, Richard Strauss.

Dois jornalistas vão, à princípio, disputar qual das matérias deve estampar os 50 anos do jornal local onde trabalham. A partir de então, e com a descoberta de um assassinato misterioso ocorrido em paralelo aos fatos discutidos, temos o desenvolvimento da história sob diversos pontos de vistas, com lapsos temporais, diálogos que colocam em cheque a dicotomia entre cultura erudita vs cultura popular e tudo que pode estar em volta de quem defende cada um dos lados de modo ferrenho. É, decerto, um romance que, sobretudo, homenageia a cultura geral do país, apresenta as belezas e tudo que envolve diversos detalhes que construíram toda uma história.

Como dito, as dissonâncias morais humanas estão presentes em vários aspectos, pontuando discussões válidas nos dias atuais. Além, não poderia deixar de citar, dos simbolismos linguísticos, das insinuações e ironias colocadas pelo grande professor e crítico literário Kohan.

O número 17 é parte fundamental da obra, 17 segundos mudam o destino da luta, 17 anos separam a investigação do diálogo principal, 17 são os capítulos, 17 são os dias para a publicação da revista, 17 são as horas da empreitada de uma personagem para solucionar o crime (ou suicídio?). É incrivelmente amarrado nesse aspecto, de um formalismo belo, embora elementar.

Outrossim é curioso relatar a tendência homossexual de um dos jornalistas, apresentada de modo sutil o tempo inteiro com insinuações, convites aparentemente bobos e, sobretudo, na determinação em querer mostrar conhecimentos que sequer pertencem a sua alçada e não lhe interessam. Além desse mesmo personagem, de nome Ledesma, ter apresentado uma relação lamentável com sua ex esposa e ser um pai ausente, fazendo frente a toda sua erudição e corroborando seus reais interesses.

Martín Kohan é incrível e quero ler tudo que ele escreveu.
comentários(0)comente



Henrique Schweiger 28/09/2024



Jornalistas de uma pequena cidade querem recontar a partir de seus testemunhos, de uma forma muito particular a luta do século, ao menos para os argentinos e um das maiores injustiças de todos os tempos. Um livro muitas vezes serve como uma passagem da ficção para a exploração de questões muito intimas de uma população, de uma época, de pessoas reais, de se colocar no lugar delas, do pensamento delas, ou fazer uma interpretação do mundo através da ficção. Nunca tinha lido um livro sobre esporte, mas sempre tive curiosidade em relação a alguns sobre boxe. Claro que a história da luta é apenas um mote para os protagonistas se enveredarem por outros cantos. A história apesar de real tem um ar quase de realismo mágico por serem mundos tão distintos, a América do Sul no começo do século vinte e a Nova Iorque do mesmo período.

comentários(0)comente



Dorva 30/06/2012

Faltou algo
Levei quase um mês para ler, por que o livro parecia não engrenar.No final, ficou a impressão de que faltou o Kohan falar mais do principal personagem da história, o Firpo, o argentino que jogou o campeão jack Dempsey para fora do ringue. Foi proposital, eu sei, mas no desfecho ficou essa impressão.
comentários(0)comente



reiwoods 17/11/2024

Complexo
O livro é excelente, mas a leitura é um pouco difícil. A história é complexa e o final é tão decepcionante quanto surpreendente. Gostei e fiquei dias pensando nos personagens e no autor do livro, o que mostra o impacto que essa leitura teve em mim. Martín Kohan conseguiu reunir 7 histórias em 4 tempos diferentes, com pelo menos 15 personagens. Ao longo de 170 páginas, ele descreve a queda de Dempsey, americano campeão mundial de boxe, frente a Firpo, um argentino peso-pesado amado na época, embora pouco se fale dele e essa nem era a história principal da 🤬 #$%!& do livro. Mesmo com um tom patriótico, o livro não é ufanista. E, pasmem, Firpo perde a luta mesmo tendo jogado o campeão mundial para fora do ringue. Isso não é spoiler, pois é mencionado no início. Além do boxe, Kohan aborda temas como música clássica, traição, fotografia, conversas e brigas em mesas de bar, golpe militar, ditadura, falecimento, infância, juventude, velhice, assassinato e mais um monte de coisas, tudo para fazer uma matéria de 50 anos do jornal de Trelew. No quarto final da história, eu ainda não tinha entendido qual era a desse livro. Ufa... É maçante e ao mesmo tempo intenso e romântico. É difícil encontrar tudo isso em um único livro. Nem sei se isso é bom ou ruim. Acho que o final poderia ser melhor, mas quem sou eu para julgar?

?Segundos Fora? de Martín Kohan, um livrão da 🤬 #$%!& !
comentários(0)comente



6 encontrados | exibindo 1 a 6


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR