@quixotandocomadani 07/12/2021“O nosso reino” é um livro extremamente triste, um dos livros mais tristes que li. O narrador é Benjamim, uma criança de 8 anos, que morava numa aldeia de pescadores portugueses onde as pessoas eram muito religiosas e supersticiosas.
Benjamim narra seus pensamentos, medos e questionamentos ao aprender a distinguir o que é o bem ou o mal, em meio à repressão da igreja e todas as coisas tristes que acontecem na aldeia. Ora queria ser santo, fazer o bem e ajudar as pessoas. Ora odiava a mãe, por esconder coisas sobre ele ou seu amigo Manuel, por tê-lo abandonado um dia. Afinal, “era algo muito confuso para uma criança, a cada passo decidir se deus deixava ou não.”
O livro nos leva para dentro da cabeça que Benjamin, onde transitam fantasias infantis (O homem mais triste do mundo e seu cão, que vinham à aldeia atrás dos mortos), elementos fantásticos (dona Tina, que fica sentada na janela de olhos e boca fechada, como se morta, por meses a fio... só esperando) e as mortes e sofrimentos que acometem a aldeia.
“O nosso reino” (2004) faz parte de uma tetralogia, composta por “O remorso de Baltazar Serapião” [2006], O Apocalipse dos trabalhadores” [2008] e “A Máquina de fazer espanhóis” [2010]. Um ciclo de romances que retrata as idades da vida do homem – a infância, a juventude, a maturidade e a velhice.
Comecei pelo fim, com A máquina de fazer espanhóis e fiquei encantada com a escrita do autor, como ele consegue fazer poesia em prosa, esse jogo com as palavras... é uma arte!
Tentei ler “O nosso reino” duas noites, antes de dormir e não deu certo. A leitura não fluía e caía no sono. Quando li de manhã, aí sim a leitura fluiu. É um livro que requer atenção e silêncio. Terminei o livro, apesar de triste, babando pela escrita de Valter Hugo Mãe.
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