Daiane.Nascimento 05/11/2024
Maravilhoso ?
O Nome da Rosa, escrito por Umberto Eco, foi um dos melhores e mais difíceis livros que li em 2024, com toda certeza entrando no ranking dos meus prediletos! É uma obra que se entrelaça entre a ficção histórica, o romance policial e o comentário filosófico, trazendo à tona a complexidade da Idade Média e as contradições da Igreja Católica em seu apogeu. Situado em um mosteiro beneditino nos Alpes italianos no ano de 1327, o romance apresenta a história de Guilherme de Baskerville, um monge franciscano de espírito investigativo e racional, e seu jovem aprendiz, Adso de Melk, que narram a série de acontecimentos misteriosos e mortes inexplicáveis.
A obra transcende o simples romance de mistério ao explorar o universo do conhecimento e do poder, simbolizado pela biblioteca labiríntica e secreta do mosteiro, onde se desenrola a trama. Eco, com erudição e precisão, oferece um profundo comentário sobre a busca pelo saber e os limites impostos pela religião e pelo poder. Guilherme de Baskerville representa a figura do investigador racional e humanista, influenciado por ideais franciscanos e pelo pensamento de Roger Bacon, contrastando com o fervor e a rigidez de outros personagens, que vêem o conhecimento como algo perigoso e subversivo.
A ambientação é detalhada e atmosférica, construída com uma riqueza de descrições que capturam a austeridade e o mistério do mosteiro medieval. Cada cena carrega uma atmosfera densa, quase palpável, imbuída de símbolos e metáforas sobre o poder do saber e a repressão. A biblioteca, descrita como um labirinto inescrutável, funciona como uma metáfora para o próprio conhecimento humano ? vasto, perigoso, e muitas vezes inalcançável.
O Nome da Rosa não se limita a ser um romance policial, mas é também uma reflexão profunda sobre os mecanismos de controle do saber e o fascínio pelo proibido. A prosa de Eco é densa, repleta de alusões literárias e filosóficas que convidam o leitor a um envolvimento intelectual, quase como um desafio hermenêutico, evocando tanto a complexidade da literatura medieval quanto a precisão do romance moderno. Eco desafia o leitor não apenas a desvendar um mistério, mas a refletir sobre o poder das ideias e o medo do desconhecido, que continuam a assombrar a humanidade através dos séculos.