Rafael 28/01/2022
Carta para Jojo
Dear Jojo,
Você não tem ideia dos percalços que passei até, enfim, terminar a leitura deste livro. Comecei no fim de outubro de 2021, apesar de ter ganhá-lo como presente da minha prima há muitos anos atrás (aliás, comprado em uma loja de livros usados, ou seja, outra pessoa teve a chance de tocar nessas mesmas páginas que toquei e como eu gostaria de saber como ela se sentiu ao terminá-lo). Terminei agora, fim de janeiro de 2022. Procrastinei bastante. Assisti ao filme, lançado pela Netflix, e, preciso rever, mas acho que nem de longe faz jus ao que você escreveu. Tudo bem, entendo que cortes têm de ser feitos, mas não vou entrar nesse mérito.
Agora tenho que te perguntar: de onde saiu tanta inspiração para escrever um livro tão singular, tão cheio de vida, a vida como ela é. Nessa vida, assim como Jen (me sinto íntimo para chamá-la assim), tive meus desencontros. Assim como Ellie, me iludi bastante em um relacionamento que hoje considero tóxico.
A trajetória de Jennifer começa com a percepção de que não está feliz em seu casamento e o início de uma aventura amorosa extraconjugal. É incrível como ela percebe o quão esposa decorativa é (não estou fazendo menção aqui ao ex-vice-presidente decorativo de um certo período governamental brasileiro. Longe de mim!). Os sentimentos afloram por um certo alguém, ao qual tenho o carinho de chamar de Boot (Já disse que sou íntimo dos personagens, certo?), e é incrível como ele consegue se expressar através de cartas. Todos os seus sentimentos expostos, abertos como uma ferida que teima em fechar. Será que ela deve fugir com ele? Será que ela se lembra dele após um acidente terrível acontecer e toda verdade lhe ser velada por uma intempérie do destino que a faz esquecer até quem ela mesma é? Muito complexo isso tudo, não é mesmo?
No meio disso tudo, você me apresentou Ellie. Ellie, escritora em um departamento de um jornal, descobre algumas cartas no arquivo da empresa na qual trabalha e resolve investigar. Mas o que a toca nessa investigação? O fato de não se sentir amada daquela forma e de achar que nunca será amada. Talvez ela devesse prestar mais atenção às pessoas que a rodeiam. A vida nos traz surpresas. Surpresas que precisamos estar abertos a elas.
Nesse meu envolvimento com a história de Ellie sendo passada ao mesmo tempo da de Jen, apesar de em épocas totalmente diferentes com costumes bem distintos e marcados quanto a isso, descobri que o amor, quando ele deixa de ser um laço passa a ser livre para se tornar o que quiser. Não são os anos que separam nossas histórias, não são os países ou mesmo nosso estilo completamente diferente de vida, contudo nosso desejo de nos entregarmos ao outro e a nós mesmos que retira qualquer amarra e torna uma simples paixão em um amor-amizade. Algo que dura até que se acabe um dia (ou não).
Obrigado pelas palavras, pela história, por me tragar. Espero que outras pessoas possam sentir o bom desespero de ser feliz. Feliz apesar de todas as condições que a vida nos impõe.
Com toda a minha admiração e agradecimento,
Rafael Araújo.