Soares.Julio 18/11/2022
Vida, morte e pizza no segundo volume de Silver Spoon
O segundo volume de Silver Spoon foi para mim uma jornada incrível. O ponto de partida foi dado no fim do volume anterior quando Hachiken encontra um forno antigo e fora de uso. Ao pesquisar mais sobre, logo descobre que era um forno usado para assar pães, carnes e... pizza! Aí temos o desenrolar do melhor momento desse volume que é a jornada da feitura da pizza. Descobrimos que nas áreas rurais, pizza não é algo comum pois não há delivery por falta de sinal de telefonia e internet. A partir disso temos Yugo Hachiken envolvido em fazer pizza para os colegas da EzoAgro. Aqui temos o empenho, a dedicação, a amizade e os momentos de reconhecimento que fazem parte de todo mangá shonen. É um momento inesquecível da obra. Logo de cara vemos o desenvolvimento do Hachiken e como ele ainda tem muito a aprender com tudo isso.
Outro bom momento é a batalha de escolas entre a escola agrícola e a escola técnica da EzoAgro, onde as escolas disputam diversas gincanas para escolher o vencedor. Admito que foi uma das partes mais engraçadas de Silver Spoon até aqui. Mas aí em seguida temos as férias de verão e a relutância do Hachiken em voltar para casa, então ele aceita trabalhar na fazenda dos Mikagê nesse período. Temos uma estrutura muito boa usada por Arakawa nesse arco, que é a do Hachiken tomar um carão por algo que ele não estava acostumado por ser da cidade grande, ter uma pequena aventura e no final dela finalmente entender o que a bronca quis dizer. É um modo muito competente em passar o ensinamento na obra enquanto entretém. Hachiken finalmente tem a experiência de uma casa rural. Vemos os incômodos e as conveniências de se viver no campo, o que nos dá uma vastidão maior desse universo, enriquecendo a obra e nos moldando a ela.
Ichiro Komaba se torna mais relevante nesse segundo volume. Aprendemos mais sobre como ele é e como a vida o moldou. Seus sonhos e sua jornada. Silver Spoon consegue muito bem delinear personagens, dando a eles um aspecto único na obra. Mikagê consegue ser mais enigmática sendo talvez a co-protagonista na obra, mas vamos vendo através de suas reações a determinados momentos o que pode estar se passando na cabeça dela e o que ela mais tem receio. Gosto da química entre ela e o Hachiken, embora ela seja bem mais introvertida do que ele, o que resulta em um maior afastamento da relação deles.
Há dois momentos de grande provação nas férias de verão do Hachiken, e coincidência ou não, envolvem vida e morte. Esses grandes momentos fazem valer muito a pena a leitura de Silver Spoon. Se no primeiro volume eu já cravava que a obra toda seria incrível (que foi finalizada em quinze edições), nesse segundo volume eu reitero. É uma obra que vai valer a pena o esforço de coleciona-la e que talvez me faça dizer futuramente que um dos melhores mangás que já li na vida foi um mangá de fazendinha. Te amo, Hiromu Arakawa.