Mayana26 02/04/2022
Adoráveis peregrinas
Meu primeiro contato com esta obra-prima escrita pela Louisa May Alcott foi por meio da adaptação protagonizada pela Winona Ryder e Christian Bale, e simplesmente amei.
Anos mais tarde, assisti ao filme com a Saoirse Ronan (Lady Bird) e o Timothée Chalamet (Duna), que é de uma fotografia primorosa e linda e conta com a direção impecável de Greta Gerwing.
?Mulherzinhas? conta sobre Meg, Jo, Amy e Beth, quatro irmãs que cresceram em Massachusetts durante a guerra civil estadunidense, onde seu pai serve no exército. Elas vivem com sua mãe, que trabalha como voluntária na cidade ajudando os soldados e outros necessitados, e com Hannah, sua empregada considerada como da família. Fazem amizade com Laurie, o rico vizinho e jovem mimado, que se apaixona pela vivacidade das meninas March, e em especial Jo.
O conto de John Bunyan, O Peregrino, é uma linha condutora desde o início do romance, representando os desafios encarados pelas meninas a partir da visão de jornada cristã, e com destaque para a moralidade, que apresenta uma lição ao final de cada aventura, principalmente através da figura da Mâmi.
Apesar de não serem ricas, e esta condição ser razão de muitas reclamações e ansiedades, é de grande relevância como a educação, liberdade, apoio dados pela família e vizinhos e, principalmente, o suporte doméstico de Hannah, lhes possibilitou viverem sua infância (que, mesmo pouco fácil, foi doce), aproveitando oportunidades e vivenciando sonhos; todas cresceram diante das possibilidades.
As brincadeiras, o clube de teatro, o jornal por elas mesmo redigido e editado, as músicas tocadas no piano, os passeios pelo campo, os piqueniques, as festas e bailes, rechearam seus dias tenros e são paisagens para lembranças de carinho e nostalgia, tanto para as personagens quanto para os leitores.
É notável o contraste com a vida adulta, em que as paquenas mulheres March, com seus temperamentos tão diferentes, tem de lidar com a realidade de perdas, doenças, frustrações profissionais, preocupações acerca do sustento da família, bem como pedidos de casamento apaixonados, rejeições dolorosas, viagens para espairecer e projetos ambiciosos.
Este romance perpassa por discussões sobre gênero, as diferentes facetas da feminilidade em cada irmã, maternidade e importância da família, maturidade, e senti que as 675 páginas eram poucas, pois a história das irmãs March é cativante e o desejo de continuar lendo sobre elas é inevitável.