Lili 27/05/2018UlissesEu li Ulisses. Eu terminei.
Acho que em vários momentos a única coisa que impulsiona a leitura deste livro é a possibilidade de um dia dizer essas frases. E fico realmente orgulhosa por ter lido, e lido tudo!, mas preciso confessar que não entendi quase nada.
Respeito muito a obra por saber que gente muito "melhor" do que eu (no sentido de entender obras literárias) a considera uma das melhores, se não a melhor, obra do século XX. Eu não dei nota para o livro, pois não absorvi dele nem um décimo do que ele tem a oferecer. Dei a nota da minha experiência.
Minhas impressões: Joyce deixa muito claro que pode escrever no estilo que preferir. Cada episódio é escrito de uma maneira e todos tratam de assuntos totalmente banais no dia a dia de qualquer um, ao mesmo tempo em que levantam sutilmente algumas reflexões importantes. Mas sutilmente mesmo, em boa parte do tempo você pode não saber nem mesmo onde os personagens estão ou de quem é o ponto de vista. Ler dessa forma torna difícil você captar tudo o que o autor quis transmitir. E é aí que entra o questionamento que me fiz durante a leitura: qual o valor de um livro que não consegue "chegar" ao seu leitor? Tudo bem, temos que amadurecer como leitores para ler alguns tipos de obras, mas Ulisses chega a um ponto que, para mim, é um pouco acima do aceitável. Mas, como eu já disse, quem sou eu para julgar? Apenas posso comentar minha experiência.
Se eu não tivesse feito essa leitura em conjunto, acredito que não teria conseguido terminar. Li comentando com amigas e rindo muito do que nós entendíamos, que muitas vezes era "nada". Outra coisa que nos ajudou bastante foi ler simultaneamente o "Sim, eu digo sim", de Caetano Galindo, que também fez uma tradução do livro. Aliás, obrigada, Caetano, seu livro ajuda muito mesmo.
Em alguns poucos momentos, me emocionei. O relacionamento entre Molly e Poldy me deixa meio com pena, como se eles precisassem apenas de uma ajudinha para ficarem bem. E algumas cenas relativas a Rudy são de cortar o coração. Mas de maneira geral não senti nada com o livro, ele não me despertou sentimentos pela história, mas apenas em pelo livro em si.
O monólogo de Molly foi disparadamente meu episódio favorito. Mas curiosamente a cena mais comovente e mais bonita veio de um dos capítulos mais "cascudos", o 15. Enfim, cada capítulo é um degrau a se galgar, todos são bem difíceis, mas todos também trazem suas joias escondidas.
Não sei dizer se recomendo a leitura desse livro. Foi "uma delícia" ler? Em nenhum momento. Foi edificante? Com certeza! Acho que vale a pena ler se for encarado como um desafio. Com essa visão, talvez a pessoa até consiga levar de maneira mais leve que o esperado. E uma coisa eu posso garantir, como já disse em outro comentário sobre Joyce: com certeza ao concluir você vai se sentir um leitor melhor do que aquele que começou.
Um dia, quem sabe quando, relerei.