Livros da Julie 09/10/2024As histórias se cruzam e as revelações começar a surgir-----
"As pessoas de alma pequena sempre tentam diminuir os demais"
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"Tudo que é bom sempre está fechado à chave"
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"O hábito não faz o monge... mas o crime, ou a simples suspeita, faz o detetive, especialmente o amador."
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"no fundo ninguém é mau, apenas tem medo"
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"É um fato cientificamente comprovado que qualquer bebê de poucos meses de vida é capaz de detectar com um instinto infalível o momento exato da madrugada em que seus pais conseguem conciliar o sono para então cair no choro e impedir que descansem por mais de trinta minutos seguidos."
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"Às vezes a gente esquece que nem todos nesse mundo são uns desgraçados."
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"Os loucos sempre acham que os loucos são os outros."
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"Todo mundo atira a pedra e trata de acusar o vizinho."
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"todas as guerras são ganhas pelos banqueiros"
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"O mundo é muito pequeno quando não se tem aonde ir."
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"Os jornais, como sempre, escondiam a verdade como se sua vida dependesse disso, e talvez com razão."
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"Há épocas e lugares em que ser ninguém é muito mais digno do que ser alguém."
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"quem se apega muito ao rebanho tem alguma coisa de ovelha ou cordeiro."
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"Um bom mentiroso sabe que a melhor mentira é sempre a verdade menos a peça-chave que se pretende ocultar."
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"os homens são como as castanhas que vendem na rua: quando você compra estão quentinhas e cheiram bem, mas esfriam assim que saem do saquinho e você logo descobre que a maioria está podre por dentro."
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"Homem que leva mais tempo do que eu se arrumando me dá aflição"
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"quando se tem um amigo de verdade, disposto a se arriscar e a mover céus e terras (...) quase tudo é possível"
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O prisioneiro do céu é o terceiro livro da série O cemitério dos livros esquecidos, lido com as @mafaguifinhos, @nleituras e @tatinessie.
A história começa pouco depois dos eventos de A Sombra do Vento. Daniel casou e tem um filho, e Fermín ainda trabalha na livraria dos Sempere, preocupado com os preparativos para o próprio matrimônio. O aparecimento de um antigo conhecido de Fermín o leva a contar a Daniel os segredos que guardou por longos anos.
O livro traz uma trama dentro da outra. Por meio de flashbacks, ficamos sabendo o que se passou com Fermín desde sua prisão no castelo de Montjuïc duas décadas atrás. Sua história cruza com a de David Martín, o protagonista de O jogo do Anjo, e finalmente conseguimos entender o que realmente aconteceu no final e ao longo de várias passagens daquele livro.
Como o enredo retoma narrativas anteriores, são poucos os personagens novos. Somado aos capítulos curtos, isso faz com que a leitura flua bem mais rápido.
Zafón nos faz flanar mais uma vez pelas ruas e becos de Barcelona e admirar suas vistas e monumentos, exceto quando se debruça sobre os flagelos que reinavam em Montjuïc. Até então, esse é o livro da série que mais fala do nepotismo, do apadrinhamento, do cárcere, do tratamento dos prisioneiros e das torturas no regime franquista. No entanto, ele apenas tangencia a questão política naquele sombrio período da História espanhola.
Ainda assim, o autor mexe com nossas emoções nessa verdadeira saga novelesca, com reviravoltas das mais inesperadas, levando-nos do suspense ao drama em questão de segundos. Suas histórias têm beleza e pesar, leveza e profundidade na medida certa, o que as torna surpreendentes, comoventes e inesquecíveis.
Fermín, com sua sabedoria marinada em muita vivência e suas tiradas ímpares, continua sendo um dos melhores personagens de toda a literatura, sem sombra de dúvida. Com Daniel, ele forma uma dupla impagável, e as aventuras de ambos mostram o valor da amizade e do respeito como esteios de uma vida difícil, mas que reserva grandes alegrias a quem mantém um bom coração.
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