Noite do oráculo

Noite do oráculo Paul Auster




Resenhas - Noite do Oráculo


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Rayi Kena 06/11/2024

Fazia tempo que eu não lia um livro em menos de 24h
O ritmo do livro é impecável, consegui ler como se fosse apenas um longuíssimo parágrafo. o que acho extremamente relevante de se apontar uma vez que a história do livro é labiríntica e brinca com o ofício de se criar uma história literária em prosa. paul auster cria essas matrioskas de narradores e personagens e acredito que se coloca em jogo também, porque ao demonstrar como é a vida de um escritor perante a cadernos em branco estimulantes/cruéis ele sem dúvida dá a ver a si próprio de uma maneira que já não importa mais a discussão clássica do narrador-dissimulado. não importa pois auster é mais um orr e bowen apesar de não ser um personagem fictício. talvez seja isso que o autor parece colocar em questão com sua empreitada: será que não?... de toda forma orr e bowen só existem devido a auster e essa via não pode ser, não tem como ser de mão dupla, o que, então, me faz voltar à discussão do narrador-dissimulado novamente pra resenha. talvez não seja tão desimportante assim, afterall.
é um livro que, sobretudo, faz com que você não se perca no organograma de histórias apesar das ilusões de ótica. ele importa que o leitor entenda as curvas das esquinas nas quais ele vira. o livro não quer confundir, quer mostrar como que escrever é... misterioso.
as notas de rodapé não podem passar em branco apesar de que eu poderia encerrar a resenha aqui. mas queria falar delas. ali senti sidney muito misturado ao auster, propositadamente. por que continuar ou então separar parte do romance em notas de rodapé com análises sobre a própria história que está contando? trazendo informações "reais" das pesquisas que um escritor deve ter feito para aprofundar a vida de seus personagens? (a história do chang, a história de como ganhou a lista telefônica de varsóvia). o livro prescinde delas, não havia necessidade daquelas notas. ao incluí-las, acredito que auster decidiu por mais uma vez elencar parâmetros. "tome mais um parâmetro para você, leitor". muitos falam da relação temporal complexa do livro ("será que escrever é fazer o futuro" algo assim) mas para mim, o que fez dessa história um cubo mágico foi a perspectiva de câmara de espelhos que auster cria misturado à ideia oracular da escrita. acho que se o livro fosse mais longo talvez a história perdesse o fôlego, ou então, a mágica. não tem como saber, claro, e por isso mesmo a hipótese se torna desimportante. mas o que quero dizer ao definir a imagem de câmara de espelhos como o mecanismo do livro é que, para mim, a história contada é a do "ponto de vista". é essa a história: o enredo, o personagem principal, a trama, a consequência, a conclusão. no meio disso conhecemos sidney e grace, um casal que se ama.
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hannah19 08/09/2024

Como pode eu me envolver com a história de um homem branco
Paul é aquele tipo de escritor que simplesmente não importa o que ele esteja contando, vai ser perfeito. Tanto que esta história seria uma chatice se fosse escrita por outro cara, mas na mão do Paul ficou perfeita. Pena que ele morreu.
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stopmakingsense 07/08/2024

??Pensamentos são reais?, disse ele. ?Palavras são reais. Tudo que é humano é real, e às vezes sabemos coisas antes que aconteçam, mesmo sem ter consciência disso. Vivemos no presente, mas o futuro está dentro de nós a todo momento. Talvez seja isso escrever, Sid. Não registrar eventos do passado, mas fazer as coisas acontecerem no futuro??
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KIKA BUTTERFLY 23/02/2023

Diferente
Este livro vai desafiar a preguiça mental de alguns pois ele uma história dentro de outra, dentro de mais uma e não possui nada além de um espaço maior para separar estas quebras e é possível se perder facilmente sem saber em qual das histórias se está. O enredo em si não é nada demais: você vai acompanhando o cotidiano da vida deste escritor após um longa estadia no hospital por um problema de saúde e que não consegue mais escrever até que compra, numa papelaria, um caderno de capa azul e volta a escrever loucamente e a história que ele escreve por sua vez também envolve um livro. A narrativa intercala cada uma dessas histórias e aos poucos você percebe que "realidade" e "ficção" começam a se confundir.
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nemlanency 26/11/2022

Arrebatador
Livro que me deixou com inveja por saber que eu nunca vou ser capaz de conceber (e muito menos escrever) uma história como esta.
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Jamyle Dionísio 07/12/2021

Quebra-cabeças
Li Paul Auster pela primeira vez quando soube que me mudaria para Nova York. ?A Trilogia de Nova York? me pareceu uma escolha óbvia, mas em vez de mergulhar numa narrativa pela cidade, descobri também um dos meus escritores favoritos.

?A Noite do Oráculo? não foge ao estilo do autor, em que a realidade é atravessada pelo fantástico mais tétrico do que mágico. Personagens duplos, histórias paralelas que, no fim, espelham-se. Inícios que são fins e vice-versa.

Sidney Orr, escritor que se recupera de uma grave doença, compra um curioso caderno azul, que encontra numa papelaria recém inaugurada no bairro. E as palavras brotam numa escrita quase automática quando ele começa a escrever nesse caderno, como se o objeto mesmo lhe soprasse a narrativa de Nick Bowen, um editor que, quase atingido por um raio quando sai de casa para botar algumas cartas na caixa de correio, dá-se conta de que ganhou uma nova vida. Decide, então, começar do zero: dali mesmo vai direto para o aeroporto, pega o primeiro voo disponível e dispõe-se a viver o que quer que a vida lhe apresente dali em diante.

Sidney também escapou à morte, e os paralelos entre a vida do escritor e do personagem se ampliam à medida em que a história vai sendo escrita. Mas será que Sidney escreve no caderno azul ou o caderno azul começa a escrever a vida de Sidney? Até onde escritor e personagem determinam um ao outro?

Ler Paul Auster é conhecer histórias com um maquinário preciso, mecânica bem ajustada e lubrificada, que não só funciona como apresenta possibilidades de outros funcionamentos. Os sentidos não se esgotam no livro: aliás, conversam com seus outros livros (como o cabalístico final do número de telefone que Nick usa, 4321, e que é justamente o título de seu livro mais recente). Paul Auster une, como ninguém, uma escrita de primeira com uma boa história. Casamento que, convenhamos, é raro no mundo da literatura.



@chadepalavra
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Jess 30/06/2021

Desafio Rory Gilmore – Noite do Oráculo, de Paul Auster

Noite do Oráculo tem uma narrativa espetacular. A ideia meio Inception de um livro dentro de outro, amarrado por narrativas que se entrecruzam, espelham e divagam entre si foi absolutamente certeira. Há várias histórias, mas quase nenhuma delas fica solta; pelo contrário, se mostram bastante harmoniosas quando vistas em conjunto.
Consegui criar um vínculo com esse narrador-falido-escritor de livros, porque sua angústia de não escrever se tornou a minha. Sua narrativa do caderno azul, o percurso alucinante e desbravador de Bowen, prendeu a atenção que até o final fiquei pensando “o que >eu< faria se estivesse em seu lugar?”.
As todas as sucessões de acontecimentos desencadeados quase em efeito dominó me fizeram querer ler mais e mais o livro; e eu ansiava pelas páginas seguintes, pelas notas de rodapé explicativas, pelas divisões capitulares não normativas. Inclusive, as notas de rodapé foram uma sacada genial. Foi interessante ver como o narrador-personagem de Noite do Oráculo (um livro dentro do livro, por Sylvia Maxwell) tenta escapar da padronização dos capítulos através de fluxos de consciência, aberturas de parênteses e minuciosas descrições que dão à narrativa uma veracidade quase real.
Gostei que as personagens têm profundidade, mesmo as que não são profundas em suas próprias personalidades. Certas insinuações me fizeram desconfiar do narrador, do jogo de frases, dos sentimentos de cada personagem. O mais legal de tudo é que o espaço-tempo em que a obra transita não é contínuo: é uma reflexão-dobra-no-tempo ensaiada e quase um roteiro de cinema de fantasia científica.
O que me desagradou um pouco foi a figura caricatural – eu diria – de Chang, e como essa personagem inspira pouca confiança (e também não sei se a tradução de suas falas saiu lá a melhor de todas).
Mas, em resumo, foi uma excelente leitura. Talvez o começo seja o fim e o fim, apenas o começo.
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Otávio - @vendavaldelivros 20/06/2021

?Agora que cessou de existir, parece adequado usar o guarda-roupa de um homem que igualmente deixou de existir ? como se essa dupla negação fizesse o apagamento do seu passado mais total, mais permanente.?

Existe uma categoria de autores que conseguem nos transportar para lugares que nunca pisamos com nossos próprios pés. Zafón, por exemplo, tinha o dom de fazer Barcelona parecer um lugar familiar e conhecido. Paul Auster também é assim, é impossível ler o que ele escreve sem se sentir completamente imerso em Nova York. Ouso dizer que Auster consegue retratar Nova York nos livros mais claramente do que muitos filmes gravados na cidade.

Minha primeira experiência com o autor havia sido com o famoso Trilogia de Nova York, que contém três histórias distintas (à príncipio) e que se passam todas na cidade referência dos Estados Unidos. A experiência foi diferente e boa, então tinha altas expectativas sobre Noite do Oráculo, obra lançada em 2003 pelo autor.

É difícil descrever Noite do Oráculo sem fugir do senso comum: Um livro, dentro de um livro, dentro de outro livro. Aqui conhecemos Sidney Orr, um autor à beira da falência e recém-saído do hospital. Orr acaba entrando em uma loja recém-inaugurada de um chinês que acreditou no ?american dream?. Ali, compra um caderno português de capa azul e utiliza o caderno para iniciar seu novo projeto. É nesse ponto que se inicia a história de Nick Bowen, um editor também de Nova York.

Nick tem contato com o livro, de uma autora obscura, chamado Noite do Oráculo. E em meio a essa descoberta, após um quase-acidente fatal, resolve abandonar toda sua vida pregressa e começar uma nova vida, do nada. Sim, é confuso, mas é incrivelmente compreensível graças à escrita de Paul Auster, que prende o leitor e cria a ansiedade para o próximo ato de todas as histórias.

Por sinal, talvez seja aí o grande defeito do livro. Ele se encerra sem resoluções, sem explicações, sem aprofundamentos. Três grandes histórias potenciais que infelizmente se encerram, como uma janela que se abre por apenas um momento e torna-se a fechar. Ainda assim, um livro e uma experiência diferente, reflexo do talento de Paul Auster.
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Marina.Cyrillo 05/02/2021

Eu tenho a impressão que o autor se perdeu nas histórias (quem sou eu pra julga-lo). A escrita flui, é muito boa, mas são várias histórias dentro de uma com ou sem fins lógicos. Poucos personagens fortes, não gostei, sobretudo do final.
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Rodrigo Brasil 26/05/2020

A segunda vida de Sid
Foi meu primeiro contato com Auster.
Uma leitura super fluída e interessante.
3 histórias dentro de um só livro, elas se cruzam e criam um jogo de espelhos maravilhoso.
Adoro o uso da metaliteratura no texto.
O protagonista principal, Sid, é um sujeito curioso, que renasceu após um grave acidente, mas tem que conviver agora com a vida.
Uma vida dura, com dívidas, segredos e ócio criativo.
É uma pena que não deu para sabermos como terminou a históriade Nick Bowen, preso embaixo da terra, uma história não finalizada por Sid.
Um livro super rápido e delicioso de ser lido.
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Candido Neto 21/05/2020

Que livro bom.
A escrita é estilística esteticamente exemplar.
Não segue a óbvia jornada do herói, mas não a descarta.
Aprofunda na vulgaridade da vida do narrador (sem nem de longe isso ser algo depreciativo, vulgar aqui como sinônimo de mediano) e mostra questões filosóficas com as quais nos deparamos nós mesmos com o nosso dia-a-dia.
Meu silêncio é traição?
Devo achar que isso é traição?
As palavras tem o poder de alterar as coisas ou o futuro?
Até onde devemos apoiar alguém?
Trabalhar com o que não quero só pelo dinheiro é demérito?
Enfim um livro enorme de poucas páginas.
Por enquanto o melhor do ano.
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Darlan 06/01/2019

Intrigante
Eu não sei se entendi o livro inteiramente, mas não achei uma leitura tão intrincada quanto achei que seria baseado na sinopse da capa. Isso é muito mais representado pelo discurso que acontece no final, onde o personagem (e porque não dizer, o autor) fala sobre o poder, quase místico, que a escrita pode ter em nossas vidas.
Para mim o destaque vai para a escrita do autor, apesar de ser uma adaptação para o nosso idioma, se a leitura fosse mais fluida do que é, ela se leria sozinha, terminei em 3 dias lendo descompromissadamente e poucos livros me proporcionaram isso. Razão pela qual com certeza recomendo esse livro!
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Ana 12/07/2018

Histórias paralelas, personagens e a cidade de Nova York
Viagem para Nova York marcada, comecei a buscar livros para ler que me contassem um pouco mais desta cidade que em nada me atraía. Assim, encontrei Noite do Oráculo de Paul Auster.

A sensação que eu tinha (tolice a minha) era de que já sabia tudo o que tinha para saber sobre a cidade de Nova York. Afinal, quantos livros eu já havia lido que falavam sobre ela?! Quantos filmes eu já tinha assistido?!

Quantos viajantes já tinham narrado para mim suas andanças pela cidade considerada capital do mundo?!

A história de Noite do Oráculo
Pois bem… Ao chegar em Nova York percebi que nada sabia sobre a cidade, mas quem me deu a primeira pista sobre minha ignorância foi Paul Auster em sua Noite do Oráculo.

Inicialmente, a capa me intrigou: escritos, rascunhos em uma folha de caderno… Atraiu-me e me atrai até hoje. Além do mais, descobri mais tarde, que ela é a tradução do personagem principal: Sidney Orr, um escritor nova yorkino que escapa da morte.

Como?! Não sabemos. Apesar de minha curiosidade, sempre sou curiosa, não tem exatamente relevância para o bom desenrolar da história que gira em torno de Orr, sua esposa Grace e o melhor amigo de ambos, o também escritor John.

Interessante desde o início
O livro me agradou em princípio, já nas primeiras páginas (gosto da literatura que já me ganha no início) por sua natureza cotidiana. Ao me mostrar a vida singela e sem graça de Orr, eu me senti vivendo Nova York.

Auster, bem aí, me pega pelo pé e conquista.

“Estive doente durante muito tempo. Quando chegou o dia de deixar o hospital, eu mal sabia andar mais, mal conseguia lembrar quem era.” Já assim, somos apresentados a Noite do Oráculo.

Era início da década de 1980. Orr e Grace moravam em Cobble Hill no Brooklyn.

Depois disso, pelas histórias e tramas que se desenrolam, com vigor e interesse, de maneira pouco comum, em tramas paralelas, fui ficando cada vez mais sequestrada e satisfeita, além de constantemente curiosa e intrigada com aquelas jornadas...

site: http://espiandopelomundo.com.br/noite-do-oraculo/
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