spoiler visualizarTefi 30/12/2022
Falta alguma coisa
Um livro, dentro de um livro dentro de um livro. Esse é o Noite do Oráculo. Com tantas histórias que se misturam, cenas que nos fazem questionar o que é real e o que é, na verdade, ficção dentro da ficção, senti, ao ler que faltava alguma coisa.
O livro conta a história de um autor que passou muito tempo no hospital e foi desacreditado pelos médicos. 4 meses depois, vivo, ele retorna a escrita após comprar um caderno azul português em uma livraria do M.R. Chang. Esse autor tem uma esposa, Grace, que ele ama muito, mas não sabe se esse amor é tão recíproco assim. Eles tem outro amigo, um autor de sucesso que, depois, se descobre que já teve um caso com Grace, que foi retomado, por assim dizer, quando ele estava no hospital.
Entre idas e vindas, o livro que ele começa a escrever é sobre um editor que decide largar tudo após se aproximar da morte e ver que não estava feliz em sua vida. Ele recebe um livro, o "Noite do Oráculo", em que um homem consegue ver o futuro - e isso o enlouquece.
Essa é a premissa do livro de Paul Aster: livros prevendo o futuro. O seu Noite do Oráculo também faz isso. Todas as histórias estão conectadas, então o que ocorre no caderno azul, ocorre na vida real. A obra poderia ser excelente, mas não é. A leitura é truncada, apesar de ser bem escrito, e o final deixa a desejar. Entendi que o final é como é devido as obras inacabadas que o autor deixou no caderno azul, e que tudo ocorreu como em suas outras histórias, como um ciclo, mas mesmo assim, o livro não conseguiu me surpreender. Além disso, há cenas de sexo, brigas, traição, e muito caos que não é desenvolvido, que acaba se esquecendo no meio da confusão de narrativas.
O contar uma história dentro de uma história é comum. O Coração das Trevas faz isso muito bem, mas também pode ser - e normalmente é - confuso, então precisa de cuidado.
Fiquei com a sensação de ser um livro, digamos assim, pedante, em que seu autor tenta provar, a todo momento, que sabe o que está fazendo e sabe fazer. Ao final, me senti irritada por ser a última leitura do meu ano, em que obras como Casa dos Espíritos e o Xará foram lidas.