Noite do oráculo

Noite do oráculo Paul Auster




Resenhas - Noite do Oráculo


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Jamyle Dionísio 07/12/2021

Quebra-cabeças
Li Paul Auster pela primeira vez quando soube que me mudaria para Nova York. ?A Trilogia de Nova York? me pareceu uma escolha óbvia, mas em vez de mergulhar numa narrativa pela cidade, descobri também um dos meus escritores favoritos.

?A Noite do Oráculo? não foge ao estilo do autor, em que a realidade é atravessada pelo fantástico mais tétrico do que mágico. Personagens duplos, histórias paralelas que, no fim, espelham-se. Inícios que são fins e vice-versa.

Sidney Orr, escritor que se recupera de uma grave doença, compra um curioso caderno azul, que encontra numa papelaria recém inaugurada no bairro. E as palavras brotam numa escrita quase automática quando ele começa a escrever nesse caderno, como se o objeto mesmo lhe soprasse a narrativa de Nick Bowen, um editor que, quase atingido por um raio quando sai de casa para botar algumas cartas na caixa de correio, dá-se conta de que ganhou uma nova vida. Decide, então, começar do zero: dali mesmo vai direto para o aeroporto, pega o primeiro voo disponível e dispõe-se a viver o que quer que a vida lhe apresente dali em diante.

Sidney também escapou à morte, e os paralelos entre a vida do escritor e do personagem se ampliam à medida em que a história vai sendo escrita. Mas será que Sidney escreve no caderno azul ou o caderno azul começa a escrever a vida de Sidney? Até onde escritor e personagem determinam um ao outro?

Ler Paul Auster é conhecer histórias com um maquinário preciso, mecânica bem ajustada e lubrificada, que não só funciona como apresenta possibilidades de outros funcionamentos. Os sentidos não se esgotam no livro: aliás, conversam com seus outros livros (como o cabalístico final do número de telefone que Nick usa, 4321, e que é justamente o título de seu livro mais recente). Paul Auster une, como ninguém, uma escrita de primeira com uma boa história. Casamento que, convenhamos, é raro no mundo da literatura.



@chadepalavra
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Rayi Kena 06/11/2024

Fazia tempo que eu não lia um livro em menos de 24h
O ritmo do livro é impecável, consegui ler como se fosse apenas um longuíssimo parágrafo. o que acho extremamente relevante de se apontar uma vez que a história do livro é labiríntica e brinca com o ofício de se criar uma história literária em prosa. paul auster cria essas matrioskas de narradores e personagens e acredito que se coloca em jogo também, porque ao demonstrar como é a vida de um escritor perante a cadernos em branco estimulantes/cruéis ele sem dúvida dá a ver a si próprio de uma maneira que já não importa mais a discussão clássica do narrador-dissimulado. não importa pois auster é mais um orr e bowen apesar de não ser um personagem fictício. talvez seja isso que o autor parece colocar em questão com sua empreitada: será que não?... de toda forma orr e bowen só existem devido a auster e essa via não pode ser, não tem como ser de mão dupla, o que, então, me faz voltar à discussão do narrador-dissimulado novamente pra resenha. talvez não seja tão desimportante assim, afterall.
é um livro que, sobretudo, faz com que você não se perca no organograma de histórias apesar das ilusões de ótica. ele importa que o leitor entenda as curvas das esquinas nas quais ele vira. o livro não quer confundir, quer mostrar como que escrever é... misterioso.
as notas de rodapé não podem passar em branco apesar de que eu poderia encerrar a resenha aqui. mas queria falar delas. ali senti sidney muito misturado ao auster, propositadamente. por que continuar ou então separar parte do romance em notas de rodapé com análises sobre a própria história que está contando? trazendo informações "reais" das pesquisas que um escritor deve ter feito para aprofundar a vida de seus personagens? (a história do chang, a história de como ganhou a lista telefônica de varsóvia). o livro prescinde delas, não havia necessidade daquelas notas. ao incluí-las, acredito que auster decidiu por mais uma vez elencar parâmetros. "tome mais um parâmetro para você, leitor". muitos falam da relação temporal complexa do livro ("será que escrever é fazer o futuro" algo assim) mas para mim, o que fez dessa história um cubo mágico foi a perspectiva de câmara de espelhos que auster cria misturado à ideia oracular da escrita. acho que se o livro fosse mais longo talvez a história perdesse o fôlego, ou então, a mágica. não tem como saber, claro, e por isso mesmo a hipótese se torna desimportante. mas o que quero dizer ao definir a imagem de câmara de espelhos como o mecanismo do livro é que, para mim, a história contada é a do "ponto de vista". é essa a história: o enredo, o personagem principal, a trama, a consequência, a conclusão. no meio disso conhecemos sidney e grace, um casal que se ama.
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Jess 30/06/2021

Desafio Rory Gilmore – Noite do Oráculo, de Paul Auster

Noite do Oráculo tem uma narrativa espetacular. A ideia meio Inception de um livro dentro de outro, amarrado por narrativas que se entrecruzam, espelham e divagam entre si foi absolutamente certeira. Há várias histórias, mas quase nenhuma delas fica solta; pelo contrário, se mostram bastante harmoniosas quando vistas em conjunto.
Consegui criar um vínculo com esse narrador-falido-escritor de livros, porque sua angústia de não escrever se tornou a minha. Sua narrativa do caderno azul, o percurso alucinante e desbravador de Bowen, prendeu a atenção que até o final fiquei pensando “o que >eu< faria se estivesse em seu lugar?”.
As todas as sucessões de acontecimentos desencadeados quase em efeito dominó me fizeram querer ler mais e mais o livro; e eu ansiava pelas páginas seguintes, pelas notas de rodapé explicativas, pelas divisões capitulares não normativas. Inclusive, as notas de rodapé foram uma sacada genial. Foi interessante ver como o narrador-personagem de Noite do Oráculo (um livro dentro do livro, por Sylvia Maxwell) tenta escapar da padronização dos capítulos através de fluxos de consciência, aberturas de parênteses e minuciosas descrições que dão à narrativa uma veracidade quase real.
Gostei que as personagens têm profundidade, mesmo as que não são profundas em suas próprias personalidades. Certas insinuações me fizeram desconfiar do narrador, do jogo de frases, dos sentimentos de cada personagem. O mais legal de tudo é que o espaço-tempo em que a obra transita não é contínuo: é uma reflexão-dobra-no-tempo ensaiada e quase um roteiro de cinema de fantasia científica.
O que me desagradou um pouco foi a figura caricatural – eu diria – de Chang, e como essa personagem inspira pouca confiança (e também não sei se a tradução de suas falas saiu lá a melhor de todas).
Mas, em resumo, foi uma excelente leitura. Talvez o começo seja o fim e o fim, apenas o começo.
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nemlanency 26/11/2022

Arrebatador
Livro que me deixou com inveja por saber que eu nunca vou ser capaz de conceber (e muito menos escrever) uma história como esta.
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spoiler visualizar
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hannah19 08/09/2024

Como pode eu me envolver com a história de um homem branco
Paul é aquele tipo de escritor que simplesmente não importa o que ele esteja contando, vai ser perfeito. Tanto que esta história seria uma chatice se fosse escrita por outro cara, mas na mão do Paul ficou perfeita. Pena que ele morreu.
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papoula 23/04/2009

Caderninho azul
Mudando a história dentro da história, vale pela narrativa!
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Marina.Cyrillo 05/02/2021

Eu tenho a impressão que o autor se perdeu nas histórias (quem sou eu pra julga-lo). A escrita flui, é muito boa, mas são várias histórias dentro de uma com ou sem fins lógicos. Poucos personagens fortes, não gostei, sobretudo do final.
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Darlan 06/01/2019

Intrigante
Eu não sei se entendi o livro inteiramente, mas não achei uma leitura tão intrincada quanto achei que seria baseado na sinopse da capa. Isso é muito mais representado pelo discurso que acontece no final, onde o personagem (e porque não dizer, o autor) fala sobre o poder, quase místico, que a escrita pode ter em nossas vidas.
Para mim o destaque vai para a escrita do autor, apesar de ser uma adaptação para o nosso idioma, se a leitura fosse mais fluida do que é, ela se leria sozinha, terminei em 3 dias lendo descompromissadamente e poucos livros me proporcionaram isso. Razão pela qual com certeza recomendo esse livro!
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Ana 12/07/2018

Histórias paralelas, personagens e a cidade de Nova York
Viagem para Nova York marcada, comecei a buscar livros para ler que me contassem um pouco mais desta cidade que em nada me atraía. Assim, encontrei Noite do Oráculo de Paul Auster.

A sensação que eu tinha (tolice a minha) era de que já sabia tudo o que tinha para saber sobre a cidade de Nova York. Afinal, quantos livros eu já havia lido que falavam sobre ela?! Quantos filmes eu já tinha assistido?!

Quantos viajantes já tinham narrado para mim suas andanças pela cidade considerada capital do mundo?!

A história de Noite do Oráculo
Pois bem… Ao chegar em Nova York percebi que nada sabia sobre a cidade, mas quem me deu a primeira pista sobre minha ignorância foi Paul Auster em sua Noite do Oráculo.

Inicialmente, a capa me intrigou: escritos, rascunhos em uma folha de caderno… Atraiu-me e me atrai até hoje. Além do mais, descobri mais tarde, que ela é a tradução do personagem principal: Sidney Orr, um escritor nova yorkino que escapa da morte.

Como?! Não sabemos. Apesar de minha curiosidade, sempre sou curiosa, não tem exatamente relevância para o bom desenrolar da história que gira em torno de Orr, sua esposa Grace e o melhor amigo de ambos, o também escritor John.

Interessante desde o início
O livro me agradou em princípio, já nas primeiras páginas (gosto da literatura que já me ganha no início) por sua natureza cotidiana. Ao me mostrar a vida singela e sem graça de Orr, eu me senti vivendo Nova York.

Auster, bem aí, me pega pelo pé e conquista.

“Estive doente durante muito tempo. Quando chegou o dia de deixar o hospital, eu mal sabia andar mais, mal conseguia lembrar quem era.” Já assim, somos apresentados a Noite do Oráculo.

Era início da década de 1980. Orr e Grace moravam em Cobble Hill no Brooklyn.

Depois disso, pelas histórias e tramas que se desenrolam, com vigor e interesse, de maneira pouco comum, em tramas paralelas, fui ficando cada vez mais sequestrada e satisfeita, além de constantemente curiosa e intrigada com aquelas jornadas...

site: http://espiandopelomundo.com.br/noite-do-oraculo/
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Aninha 30/03/2017

Realidade ou paranoia?
Paul Auster
Companhia das Letras - 224 páginas

"Não queremos saber quando vamos morrer ou quando as pessoas que amamos vai nos trair. Mas somos ávidos para conhecer os mortos antes de estarem mortos, de nos relacionarmos com os mortos quando vivos." (página 115)

Sidney Orr é um escritor de 34 anos que está se recuperando de uma doença grave, que o deixou meses entre a vida e morte num hospital. Aos poucos, ele começa a caminhar pelo bairro e, depois de comprar um caderno azul de Portugal, na loja de um chinês, volta a escrever. Aliás, não só volta a escrever, como vê que as palavras nascem com urgência naquele caderninho quase mágico.

E aí, Orr começa a escrever seguindo o conselho de seu amigo mais velho e também escritor, John Trause: a partir de um gancho de O Falcão Maltês, ele cria Nick Bowen, um editor de uma grande editora, que larga a vida que tem, depois de quase morrer atingido por uma gárgula de calcário. Ele larga a esposa Eva, abandona o trabalho e pega um voo para o primeiro lugar que aparece. A trama então, se desenvolve, e Orr aos poucos vai percebendo que ficção e realidade começam a se misturar, revelando coisas futuras e passadas.

Orr é casado com Grace, a ama muito, mas sabe que ela tem um passado que nunca foi revelado. Ele não se importa até que um dia ela aparece grávida, aos prantos. Qual seria o motivo? E então, ele começa a escrever sobre isso também no famoso caderninho.

Não vou contar mais para não estragar, mas a trama te prende do começo ao fim e, sem querer, você viaja com Sidney nas suas ideias e paranoias.

"Enquanto você está sonhando, sempre tem uma saída..." (pág. 128)

Vale a pena a leitura!


site: http://cantinhodaleitura-paulinha.blogspot.com.br/2017/01/noite-do-oraculo.html
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Raquel.Chiaradia 30/11/2016

Narrativa fluída e boa história
Este foi o meu primeiro contato com Paul Auster.
Gostei muito do estilo narrativo do livro. Não é pesado, como se cada página demorasse uma eternidade. A leitura é muito fluída e a proposta da história é bem interessante. Os personagens são bem construídos.
A forma como Auster relaciona a vida dos personagens principais – Sid, Grace e John – é consistente e as notas de rodapé, apesar de não serem obrigatórias para o entendimento do livro, dão um suporte a mais para compreendermos o passado e a personalidade de cada um, porém algumas são muito extensas.
Na primeira parte do livro o autor cria uma série de situações que me chamaram a atenção e despertaram a minha curiosidade (os acontecimentos com os personagens e a história que Sid está escrevendo). Entretanto, diante dos incessantes eventos que Auster precisa desenrolar para o fechamento da história, senti que num segundo momento ele acelerou a escrita, como se não tivesse mais nada a dizer. Eu preferia um livro com mais páginas e com um desfecho mais atencioso. De qualquer forma, não deixa de ser uma leitura que vale a pena.
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10/08/2016

Livro interessante....
Noite do Oráculo
Paul Auster – Newark , Nova Jersey. EUA
2004 / 224 páginas - Companhia das Letras
Inicio em 01/08/16 - Fim 04/08/16
Três historias que se misturam:
Sid e Graçe
Máquina do tempo
Nick e Eva, todas sem definição, várias arestas.
Perguntas sem respostas...
O livro tem uma história dentro da outra, e nenhuma delas foi concluída.... Ficando muitas ideias soltas.
A historia é relatada pelo escritor Sid, que sofre um acidente que o deixa em um hospital por algum tempo, porém não fica claro qual, sendo mencionado apenas num trecho rápido.
Não deixa claro o relacionamento dele e sua esposa Grace e dela com o amigo do casal Jonh, que também é muito próximo dela desde sua infância, nem esclarece o sumiço dela em uma determinada noite. Ele começa a escrever a partir de um caderno azul, comprado numa livraria recém-montada, por um chinês, e parece ser misterioso o contato dele com esse caderno. Não fica claro também se ele se recupera e volta a escrever, tendo em vista ter abandonado o caderno azul com sua historia inacabada , o que me deixou decepcionada, o fato de não ter concluído a historia de Nick / Eva.
As notas de rodapé são extensas. Achei a leitura inicial detalhada o que me fez mergulhar, mas de repente se torna rápida deixando a sensação de que estava faltando paginas, e por fim, que o autor teve pressa em terminar não concluindo o livro.
Frase em destaque: “Palavras podem matar”
Não havia lido ainda nada do autor, o livro foi indicado, e gosto de ler indicações, até hoje não me decepcionei, apesar de não conhecer a pessoa que indicou, acertou na indicação, pois gostei do desafio de ficar imaginando finais possíveis para cada personagem...
Sou eclética e leio quase tudo que vem a minha mão, tenho preferência por romances, mas amo Augusto Cury....
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Luiza.Thereza 31/10/2015

Noite do Oráculo
Sidney Orr é um escritor relativamente bem sucedido que, após passar meses no hospital por causa de um acidente, está conquistar alguma normalidade em sua vida.

Até mesmo sua carreira literária, até então estagnada por causa de sua convalescença, é retomada quando Sidney adquire um misterioso caderno azul fabricado em Portugal. Escrevendo com surpreendente espontaneidade e vigor, ele esboça a história de Nick Bowen, um editor que larga sua vida em Nova York após quase ser atingido por uma estátua que despencou de um prédio.

A história toda é um jogo de perspectivas bem interessante: a ficção de Auster se torna a realidade de Orr, que por sua vez, escreve sobre o fictício Bowen que, em sua realidade, possui uma relação profunda com um livro fictício chamado Noite do Oráculo.

site: http://www.oslivrosdebela.com/2015/10/noite-do-oraculo-paul-auster.html
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