Carla.Parreira 10/11/2023
A voz do silêncio
A "voz do silêncio" de que fala o título é uma alusão à inspiração verdadeiramente divina, à comunicação direta do devoto com sua alma imortal, condição obtida somente após um longo e árduo processo de treinamento, desenvolvimento e purificação pessoal, que pode levar diversas vidas para ser completado. Devemos procurar os caminhos da Alma, mas sejamos puros de coração antes que comecemos a nossa jornada e, antes de darmos o primeiro passo, aprendamos a separar o real do falso, o transitório do eterno. Devemos aprender sobretudo a separar a ciência da cabeça da sabedoria da Alma, a doutrina dos "olhos" da doutrina do "coração". Sejamos humildes, se quisermos adquirir a sabedoria: sejamos mais humildes ainda, quando a tivermos adquirido. Sejamos como o oceano, que recebe todos os rios e riachos.
A calma imensa do oceano não se perturba; recebe-os e não os sente. Dominemos o nosso ser interior com o nosso ser divino. Dominemos o divino com o eterno. Para atingir o estado de pureza devemos percorrer dois caminhos. O primeiro caminho é o da libertação do ego, e o segundo é o da renúncia aos desejos (chamado de caminho da dor). Preparemo-nos, porque teremos de seguir sozinhos.
O mestre só pode apontar a direção. O caminho é um para todos, mas o meio de chegar à meta deve variar de peregrino para peregrino. O livro cita sete portais cada vez mais estreitos na estrada árdua e espinhosa para a ascensão. Esses portais levam o aspirante a atravessar o rio para a outra margem.
Cada portal tem uma chave de ouro que abre a sua porta; e essas chaves são:
1. Dana, a chave da caridade e do amor imortal.
2. Shila, a chave da harmonia nas palavras e nos atos, a chave que contrabalança a causa e o efeito, não deixando mais espaço à ação cármica.
3. Kshanti, a paciência suave, que nada pode alterar.
4. Vairagya, a indiferença ao prazer e à dor, a ilusão vencida, só a verdade vista.
5. Virya, a energia indômita que abre o seu caminho para a verdade suprema, erguendo-se acima das mentiras terrenas.
6. Dhyana, cuja porta de ouro, uma vez aberta, leva o Naljor para o reino de Sat, o eterno, e para a sua contemplação sem fim.
7. Prajna, cuja chave faz de um homem um Deus, criando-o um Bodhisattva, filho dos Dhyanis.
Tais são as chaves de ouro para esses portais. Antes que possamos acercar do último temos de possuir as Paramitas da perfeição - as virtudes transcendentais em número de seis e dez - por esse longo caminho. Elas são: caridade, moralidade, paciência, energia, contemplação e sabedoria. Para os sacerdotes há dez, as seis apontadas, e, além delas, o emprego dos meios justos, a ciência, votos religiosos e força de propósito.
Deus não tem a mente de um Ser Humano com a consciência de um Ser Humano. Deus também não é uma reunião de muitas partes separadas da consciência, e isto é difícil para que compreendamos. Deus pode falar com cada Ser Humano ? todos os 6 a 7 bilhões deles ? ao mesmo tempo. Deus pode manter uma conversa amorosa de cura, sendo pessoal ao mesmo tempo com cada um de nós. Isto não é um quem. Este é o Criador do Universo, uma energia divina, inteligente e amorosa. Não humanizemos esta fonte que não é como nós. Geralmente queremos separar, identificar e quantificar. Esta é a natureza humana, pois cada coisa viva que entramos em contato é separado e individual ? um ser humano, um animal, um inseto, uma árvore. Deus não pode ser humanizado.
A comunicação com Deus é automática quando tocamos esta parte do Criador que está em nosso interior. Felizes somos quando, ao olharmos no espelho, enxergamos Deus.