helmalu 27/06/2016Tentativa frustada de começar a ler U. EcoO livro O pêndulo de Foucault apareceu para mim no momento em que eu estava querendo deveras ler Umberto Eco. Umberto Eco é daqueles autores que ouvimos falar muito bem e que ao redor dele é construído uma aura canônica, afinal, já ganhou prêmios literários e foi um renomado filósofo, semiólogo, linguista, crítico literário, além de prestigiado autor de ficção, (vide O nome da rosa, uma de suas mais conhecidas obras). Contudo, porém, todavia, no entanto, meu primeiro contato com o autor não foi, digamos, muito satisfatório (leia: não gostei taaanto da leitura). Explicarei melhor o que ocorreu nas próximas linhas...
O pêndulo de Foucault conta a estória de três amigos, Belbo, Casaubon e Diotallevi, que trabalham na editora Garamond. O início da narrativa, que a princípio se mostra confuso, se dá no Museu parisiense Musée des Artes et Métiers, com Casaubon se escondendo e à espera de "alguém". Com o progresso do enredo, que é feito em retrospectiva, sabemos que Casaubon e seus amigos estão em apuros, e tudo começa quando a editora recebe um tal Ardenti querendo publicar um manuscrito sobre os Templários, umas ideias muito mirabolantes que, a princípio, os três não dão muito crédito, principalmente Casaubon, que é de todos o mais cético. Até aí tudo bem, o problema é que, em seguida, Ardenti desaparece, se escafede, some! Ninguém sabe que fim ele levou e, então, decidem investigar, criam O plano e se metem numa enrascada sem tamanho, já que esse Plano, que surgiu de uma curiosidade e meio que de brincadeira, acaba sendo levado a sério por uma sociedade secreta, Tres, que passa a persegui-los.
"Eu devia ir-me embora, ir embora, era tudo uma loucura, estava caindo no jogo que fizera Jacopo Belbo perder o juízo, também eu, o homem incrédulo." (p.24)
"[Diotallevi] estava obcecado pelo Plano, e no Plano havíamos incluído tantos outros componentes, os Rosa-cruzes, a Sinarquia, os Homúnculos, o Pêndulo, a Torre, os Druidas, a Ennoia.." (p.52)
"Eu fizera da incredulidade um princípio científico, mas agora tinha de desconfiar até dos mestres que me haviam ensinado a me tornar incrédulo." (p. 382)
Finalizei a leitura com diversas sensações, a principal é a de que não entendi nem metade do livro. Isso mesmo! E isso porque há nele muitas coisas que sequer já ouvi falar, como os próprios Templários que só vim a conhecer e a pesquisar depois que me deparei com O pêndulo de Foucault. Há, também, trechos de outras obras no idioma original, tanto nos inícios de cada capítulo como no interior do texto, que não são traduzidos, nos mais diversos idiomas, desde italiano até latim. E eu, que não sou poliglota nem nada, ficava na mais pura ignorância, sentindo que estava, a cada trecho desse, perdendo informações importantes para o entendimento da narrativa. Penso que se o tradutor, ou o próprio autor, tivesse utilizado algumas notas de rodapé nesses casos, seria muito bem-vindo, já que em determinado momento eu simplesmente desisti de tentar entender as referências, o que culminou no início da minha frustração, sentimento que me acompanhou pelo restante da leitura.
O fluxo da leitura, que mais me pareceu uma montanha-russa, se deu tão vagarosamente que quase cogitei abandonar a leitura. Confesso que em alguns momentos pulei parágrafos que eu sabia serem descrições que de nada acrescentavam ao desenrolar dos fatos e foi a primeira vez que fiz isso, shame on me. Mas a verdade é que muito era descrito e não havia quase nada de ação no livro, eu gosto de descrições nos livros, mas convenhamos que nada em excesso é bom.
Sinto que me falta bagagem não só literária, como também histórica para que a leitura desse livro fosse mais proveitosa, pois reconheço, embora não entenda, a magnanimidade da narrativa construída por Eco neste livro. Muitos conhecidos meus que viram que eu estava lendo esse livro, me indicaram que, ao invés de começar a conhecer a obra de Umberto Eco por esse título, eu devia começar por O nome da rosa, e talvez eu dê mais uma chance para o autor nesse caso.
Quando terminei a leitura, fiquei curiosa para saber a opinião de outros leitores sobre o livro e, como de costume, fui olhar as resenhas do Skoob. Fiquei surpresa ao ver a discrepância entre as avaliações deste livro, pois muitos o amam e muitos, muitos mesmo, o odeiam, é só olharem para confirmar, há uma divergência de gostos que eu antes só vira em O morro dos ventos uivantes. Eu, todavia, não consegui classificar o livro, nem se me perguntarem pessoalmente, nem se me pedirem para quantificar em estrelas no Skoob, sinto que, nesse caso, não tenho cacife para avaliar, já que a) esse é o primeiro livro de Umberto Eco que leio, b) não fiz uma leitura suficientemente minuciosa para emitir algum juízo de valor e, como dito anteriormente c) não tenho conhecimentos enciclopédicos suficientes.
Ademais, admito que esse não é o tipo de leitura para se fazer em momentos como os que tenho passado: final de semestre e épocas de provas. Pelo contrário, indico aos que queiram se arriscar nessa leitura que escolham um momento de férias, preferencialmente, em que possam se debruçar em cima da leitura de corpo e alma, pois é isso que este livro exige.
Enfim, fica aqui a indicação - não muito confiável de alguém que não entendeu patavinas - de uma leitura rica em temas como História, Religião, Ocultismo, entre outros temas interligados como sociedades secretas, Maçonaria e conspirações.
"Compreendi. A certeza de que nada havia pra compreender, esta devia ser minha paz e meu triunfo." (p. 667)
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