spoiler visualizarLauraCM 16/11/2024
"Livremente servimos Porque livremente amamos."
Cidade do Fogo Celestial é o encerramento à altura para uma saga envolvente, impactante e completamente devastadora! Não percebi o quão triste ficaria de me despedir até chegar de fato ao fim, vou sentir muita falta dessa leitura. O final do livro me emocionou de todas as maneiras possíveis, foi lindo e ao mesmo tempo sofrido chegar ao desfecho dessa história.
A amizade da Clary e do Simon é a primeira coisa que me vêm a cabeça quando penso no começo de Cidade dos Ossos, então, é de se imaginar como as lágrimas vieram fácil aos olhos com o sacrifício dessa relação fechando a série. Ainda assim, não consegui evitar de chorar também de emoção, afinal a conclusão da trajetória dos personagens é verdadeiramente tocante. Todos os vínculos estabelecidos entre eles, sejam de romance ou de amizade, são muito intensos, adicionando uma profundidade emocional enorme para a narrativa. O crescimento e desenvolvimento de Clary, Jace, Alec, Simon, Izzy e Magnus é incrível, a maturidade adquirida ao longo do caminho é perceptível em cada uma de suas decisões. Impossível não se apaixonar!
Inclusive, me encantei por Clary Fray já de cara, mas depois de ter terminado de ler Instrumentos Mortais, sinto como se não pudesse amá-la mais. Uma protagonista corajosa, divertida, destemida, altruísta, por vezes inconsequente rs, mas sempre muito determinada a proteger quem ama e fazer o bem a quem ela puder. Mesmo que seja uma adolescente chata e dramática, assim como todo adolescente kkkkkkk, amei acompanhar a jornada dela, e com certeza quero ver mais dessa personagem maravilhosa em outros livros.
Não posso deixar de comentar também como Clary e Jace são um dos melhores casais de fantasia que já li (se não for o melhor). Tudo sobre a história deles é épico, o amor quase que a primeira vista, a química, os sacrifícios, os flertes, as declarações, o jeito que eles se conhecem e se entendem como ninguém... Simplesmente Clace! Gostei demais dos outros romances também, principalmente de Malec. Me identifiquei muito com o Alec em vários momentos da leitura, e tenho certeza que a conexão com esse personagem me fez criar um carinho especial pelo casal também. Nos últimos livros acompanhamos mais de perto o relacionamento dos dois e seus desafios e inseguranças, e ainda assim não faltaram momentos charmosos e divertidos.
No geral, achei que alguns dos demais personagens fora do ciclo dos "principais" acabaram sobrando. Figuras como Maia, Jordan, Morcego, e uns outros agregados acrescentaram pouco ou passaram indiferentes pela saga. Algumas dessas tramas paralelas não eram tão necessárias, mas nada que prejudique o ritmo da narrativa, que é muito fluído e consistente. Acho que na maioria das vezes a Cassandra sabe escolher bem quando se aprofundar ou não em algo, apesar de ter se estendido demais sem motivo em certos pontos.
De fato, ela se tornou uma autora em que confio de olhos fechados. Desde Peças Infernais sou fascinada, mais do que qualquer coisa, pela maneira como ela descreve sentimentos, sua escrita é uma obra de arte das mais lindas. Além disso, é uma insanidade pensar na complexidade da construção do personagem do Jonathan (ou Sebastian), não só seu desenvolvimento de um fiel seguidor do pai até um homem obsessivo, carismático, perigoso, violento e megalomaníaco, mas a existência de um menino inocente por baixo de toda essa bagagem de dor e preconceito. O luto de Clary e Jocelyn pelo irmão e filho que elas poderiam ter tido é super pesado, e deixa muitas reflexões sobre perdão, ego, livre arbítrio, e o que é a verdadeira natureza humana.
Ainda nesse tema, gostei muito do tom questionador em relação à Clave nesse último livro, que foge um pouco do que vemos na maior parte das fantasias jovens. Entender que intolerância, inclemência e vingança só fomentam um ciclo vicioso de crueldade é uma parte essencial da história. Tirania nunca resulta em nada positivo e todos tem só a perder com a ampliação do sofrimento deixado pela guerra. A pequena Emma Carstairs se questionando "Se aquilo era paz e vitória, talvez guerra e luta fossem melhores, afinal." é de arrepiar.
A introdução de novos personagens como Emma, além de Julian e os irmãos, me deixou muito animada para continuar no mundo dos Caçadores de Sombras. A abertura de novas portas é sempre empolgante quando a história é tão boa, e a aparição dessas personalidades inéditas foi sutil mas intrigante. Mal posso esperar para conhecê-las melhor! Contudo, o que realmente me balançou foram todos os acontecimentos que acabaram se conectando com Peças, ler sobre Jem, Tessa e Will depois de ter passado pelo epílogo de Princesa Mecânica foi uma emoção sem igual. Dá para ver que os cruzamentos entre as sagas são muito bem planejados, e por isso intensificam tanto a construção do universo como um todo.
Chegando ao final dos livros é bem fácil entender porque Instrumentos Mortais já é quase um clássico da fantasia jovem.