A Idade da Razão

A Idade da Razão Jean-Paul Sartre




Resenhas - A Idade da Razão


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Clio0 05/04/2024

O limite da Liberdade é a própria Liberdade.

Em A Idade da Razão, o primeiro volume da trilogia Caminhos da Liberdade, Mathieu é um professor de filosofia cuja amante, Marcelle, engravidou. Esse fato, aparentemente banal nos dias atuais, trazia uma série de consequências sociais como o ostracismo ainda vigente na França de 1950. A decisão de abortar ou se casar leva o personagem numa busca existencial em que a principal pergunta era "Quero ou não quero?".

Em sua decisão, mais que a fantasia de amor por Ivich ou a inveja de Boris, é a formação da pressão social e da moral que o impelem ora para um lado ora para outro. O autor, porém, infere a noção que Mathieu não levou em conta o livre-arbítrio dos outros personagens. Assim, ao finalmente tomar uma decisão, vê seus planos logrados por Daniel e Marcelle, ambos conscios de seus direitos de escolha.

É uma leitura densa, mais focada no Existencialismo do que na literatura. Absolutamente diferente dos romances-filosóficos atuais como O Mundo de Sofia e similares.

Recomendo aos apaixonados pelo tema.
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Arsenio Meira 14/04/2014

"Estava só em meio a um silêncio monstruoso, só e livre, condenado a decidir-se sem apelo possível, condenado à liberdade para sempre."

O existencialismo preconiza, em linhas gerais, que você é o que você faz, sua persona é o conjunto de seus atos; ao homem é defeso jogar a culpa em nada e em ninguém, tampouco atribuir sua miséria à falta de oportunidades.

O homem não pode pensar que tudo está predeterminado a ele, muito pelo contrário, até um covarde pode se tornar um herói, se houver um esforço, um engajamento para esse objetivo. Por tais razões, e mesmo que não seja o maior ou mais importante filósofo do século XX, Sartre é provavelmente o mais famoso. Dono de uma obra de tamanho colossal, Sartre era um escritor prolixo e compulsivo: suas maiores obras têm em média algumas centenas de páginas. Além disso, nunca couberam no registro estritamente filosófico: romances, contos, ensaios e biografias também estão entre seus textos mais famosos. Não bastando ser um ávido escritor, Sartre também era figura indiscreta e protagonizou, por décadas, o cenário intelectual europeu: sem a figura de Sartre, o existencialismo não teria tomado a proporção que tomou no cenário cultural da Europa na primeira metade do século XX.

Sua personalidade excêntrica, seu histórico de abuso de substâncias químicas e sua controversa relação amorosa com sua parceira Simone de Beauvoir são, até hoje, tema para inesgotáveis textos biográficos que buscam, na investigação dessa unidade entre vida e obra,entender o acontecimento que foi a passagem de Jean-Paul Sartre pelo palco da cultura ocidental no século passado. Evidentemente o indivíduo guarda uma certa liberdade que em determinado sentido é integral: pode responder ao chamado da mobilização, pode passar à Suíça ou suicidar-se. Ele é livre em relação a uma problemática que não pode elidir. Esta noção permitiu a Sartre aprofundar seu pensamento no que diz respeito à liberdade. Certamente, cada homem permanece sempre livre, mas não há diante dele - como acreditou Mathieu, um dos protagonistas de "A Idade da Razão"- este vago e vazio de indecisão. Há uma situação precisa, que é aqui a ameaça da guerra. Sartre acreditava que cada um precisava encontrar a verdade para si mesmo, sem seguir padrões universais. Ele prezava a liberdade de escolha; tomar decisões capazes de criar sua própria natureza. A escolha é inevitável.O livre arbítrio é um direito das pessoas, e uma vez que Deus traça nosso destino, se o homem é pré-determinado, não existe liberdade, pois não se tem o direito de mudar o destino.

A Idade da Razão, que figura ao lado de Sursis e Com a Morte na Alma como parte da trilogia "Caminhos da Liberdade", aprofunda e investiga eminentemente as questões individuais. O existencialismo de Sartre é ateísta, percebe-se isso através do que ele nos diz sobre as escolhas. Se Deus escolhesse pelos homens, então não haveria angústia. O existencialismo é a doutrina da ação, pois o homem decide e faz escolhas o tempo todo. O homem existe, caminha, se diluí, e enquanto procura invariavelmente transcender a própria subjetividade, percebe-se incapaz de fazê-lo. O fim último das escolhas humanas, assim sendo, é a liberdade. Não há como fugir da liberdade. O homem está condenado a ser livre. Livre para fazer escolhas, e inventar-se através delas.
Marcos.Azeredo 19/10/2021minha estante
O filósofo que mais gosto, e um escritor completo com romances, contos, e seu teatro muito bom.




Lista de Livros 26/05/2016

Lista de Livros – Os Caminhos da Liberdade: A Idade da Razão, de Jean-Paul Sartre
“E se as lágrimas lhe subiam aos olhos, como em Lola naquele momento, a gente não sabia onde se enfiar. Lágrimas de adulto eram uma catástrofe mística, algo como o choro de Deus sobre a maldade dos homens.”
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“Não se é homem enquanto não se encontra alguma coisa pela qual se está disposto a morrer.”
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“Entre trinta e quarenta anos a gente joga a última cartada.”
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Mais do blog Lista de Livros em:

site: www.listadelivros-doney.blogspot.com.br/2016/04/os-caminhos-da-liberdade-idade-da-razao.html
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André Lucena 05/06/2024

Jean-Paul Sartre nos entrega a história de Mathieu, um professor de meia idade, que tem como único objetivo de vida a liberdade. Porém, isso é abalado quando ele descobre que Marcelle, mulher com quem ele se envolve há 7 anos, está grávida.

Enquanto nutre um amor impossível e não correspondido por uma de suas alunas, Ivich, ele precisa dar um rumo à sua vida: casar-se e assumir a responsabilidade da paternidade ou convencer a mulher a abortar e continuar vivendo como sempre viveu.

Os diálogos são bem interessantes, proporcionando várias frases de reflexão em uma perspectiva humanista e existencial, a escrita também é muito boa, o único fator que pegou foi o desfecho, que não entregou uma conclusão tão satisfatória, mas foi uma boa experiência. Em breve lerei outras obras de Sartre.
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joaoggur 14/05/2023

Romances também podem ser existencialistas.
?A existência precede a essência.?, esta máxima de Jean Paul Sartre é uma de suas mais badaladas frases. Nela, o filósofo explica que o quer que nós somos, obtém-se por nossa existência, e não há uma essência humana que é inerente a nossa própria existência. Somos condenados a liberdade, estamos presos a sermos escravos de nos mesmos.

Muitos conhecem Jean Paul Sartre por sua filosofia (que tentei resumir de forma tenebrosa no último parágrafo), mas poucos conhecem seu viés como escritor literário. O autor deixara vários romances e peças de teatro além de seus textos filosóficos, e isto não significa que sua literatura ficcional não seja filosófica.

Em ?A Idade da Razão?, primeiro livro da trilogia ?Os Caminhos da Liberdade?, acompanhamos a história de Mathie, que após saber que sua namorada Marcelle está grávida, é acometido por uma cólera imensa; deverão ou não abortar a criança?

Vejam bem; a história do livro não é nada demais. Não há reviravoltas homéricas, muito menos recursos narrativos inovadores, o que faz a leitura perder certo ritmo. Admito que em inúmeros momentos me vi forçando a leitura. Em contrapartida, para aqueles ávidos consumidores de conteúdo do autor, temos um prato cheio. Há pouquíssimos escritores que conseguem passar sua própria filosofia de vida em seus livros (penso em Orwell, Camus? mas não são muitos), e Sartre consegue passar suas ideias com maestria.

Para aqueles que já conhecem o pensamento do autor, recomendo.
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Davi.Ferreira 19/04/2022

Roteiro sobre liberdade
A forma como Sartre fala sobre a liberdade nós encanta e nos faz refletir sobre nossos sonhos e as escolhas que temos pelo caminho
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Jefferson Vianna 08/08/2020

Por que desejamos uma liberdade que ainda não sabemos usar?
“Que é liberdade? Que é ser livre? A liberdade é uma verdade ou uma utopia?” Essa experiência literária ecoará por um bom tempo em minha memória. Ler Sartre pela primeira vez foi um grande desafio, mas também uma surpresa agradável. A narrativa filosófica do autor e a sua visão existencialista mostraram-me o quanto eu evolui na compreensão destas questões. “A idade da razão”, publicado em 1945, é um livro complexo, a narrativa é fluída e exige total atenção por parte do leitor, visto que o enredo entrelaça situações e diálogos e exprime de forma peculiar os sentimentos e os pensamentos de Mathieu, Marcelle, Ivich, Daniel, Boris, Lola, etc; ou seja, ao longo dos capítulos somos convidados a desvendar e interagir com cada personagem, de modo a obter compreensão e entendimento acerca de temas como: aborto, homossexualidade, drogas, liberdade, entre outros. Cada personagem evidencia a sua própria individualidade, cabendo a nós leitores a interpretação sobre as nossas diferenças e as nossas semelhanças com cada um deles. Ao longo da narrativa, tão bem construída por Sartre, podemos nos autoconhecer e nos descobrir, confesso que muitos foram os momentos em que eu me perguntei: “Já cheguei à idade da razão?” O desfecho desta história me deixou um pouco angustiado e pensativo, e abriu um questionamento, estruturado em uma frase da Clarice: “Por que desejamos uma liberdade que ainda não sabemos usar?” Leitura recomendada.
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André L. Pavesi 08/01/2022

Sartre, um dos grandes nomes da filosofia existencialista do século passado, compõe um quadro instigante, recheado de questionamentos e conceitos ligados ao seu pensamento. Uma verdadeira aula existencialista na forma de literatura.
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Cesar525 10/01/2012

Em termos gerais digo que é um livro que, se lido com sinceridade, é perturbador, tamanha a conexão que estabelece com seu leitor. Você acabará o livro e pensará muito sobre liberdade, sua vida, e o que você tem feito dela(e do que imaginou que faria).

Já nos detalhes reparo em como todos os personagens parecem derreter página após página, porém esse derreter é justamente o ater-se ao concreto pesado e insolúvel; talvez ater-se à idade da razão.

Vivem eles um drama é intenso, mas nada piegas. Têm diálogos vivos, mas nem por isso superficiais. Constituem, afinal, ótima e bela narrativa, mas possuidora uma profundidade semântica incrível - daí a conexão que dizia no começo.

E uma dica sobre a leitura: faça-a com lápis e caderno ao lado, pois disso precisarás para anotar os trechos que mais te impressionarem - e eles impressionarão.
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Luis.Gengibre 08/07/2020

Depois desse livro
Vou passar a me indagar se eu cheguei mesmo a idade da razão, ou não.
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Jessica1248 12/05/2011

"Você é engraçado, meu caro, tem um medo tão louco de iludir a si mesmo que recusaria a mais bela aventura do mundo para não se arriscar a uma mentira."


"É para se libertar a si próprio; olhar-se, julgar-se: sua atitude predileta. Quando você se olha, imagina que não é o que está olhando, que você não é nada. No fundo é o seu ideal: não ser nada."


"Não posso explicar, acho-o austero, e, se a gente observa os olhos, logo percebe que ele tem cultura, que é o tipo de sujeito que não gosta de nada simplesmente, nem de beber, nem de comer, nem de dormir com uma mulher; ele deve refletir sobre tudo, é como essa voz dele, uma voz cortante de alguém que não se engana nunca."


"Mas através de tudo isso sua única preocupação fora manter-se disponível. Para um ato. Um ato livre e refletido que empenharia o destino de sua vida e seria o início de uma nova existência. Nunca pudera amarrar-se definitivamente a um amor, a um prazer, nunca fora realmente infeliz; sempre lhe parecera estar alhures, ainda não nascido completamente. Esperava."

"Talvez não possa ser de outro modo; talvez seja preciso escolher: não ser nada ou representar o que é. Isso seria terrível, essa trapaça com a nossa própria natureza."
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Daniel Andrade 02/02/2021

História ótima, personagens nem tanto.
Tive certos problemas para me conectar aos personagens (talvez apenas Daniel em alguns momentos conseguiu me despertar alguma coisa), mas toda a ambientação, a filosofia, os dilemas e tabus morais do enredo me conquistaram. Com certeza vou continuar a trilogia e com esperança de que os próximos livros serão melhores.
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Gabms 20/01/2021

O que é ser livre?
Sartre traz reflexões sobre o que é a liberdade e
quais suas consequências através da história de um professor francês de filosofia que, o engravidar sua namorada, tenta fugir do casamento pois não quer deixar de ser livre. Em uma conversa com seu irmão, Jacques, o mesmo diz a Mathieu: "Eu imaginava que a liberdade consistia em olhar de frente as situações em que a gente se meteu voluntariamente e aceitar todas as responsabilidades" e, para mim, essa é uma ótima definição do que é o existencialismo de Sartre.

A história possui um ótimo desfecho, Mathieu no final aprende sua lição e se vê preso na armadilha que ele mesmo armou.

Só não avalio com 5 estrelas por causa dos personagens. Não que sejam personagens ruins ou rasos, mas muitos são cruéis e isso me incomodou bastante. Mathieu ao passo que parece aceitar o que deve fazer, muda de ideia no minuto seguinte e faz tudo ao contrário, negando seu desenvolvimento. Pelo menos, foi essa a impressão que tive.

No mais, é um livro rico e interessante do ponto de vista existencial. Recomendo a leitura para aqueles que querem conhecer um pouco mais de Sartre.
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dormideira 30/11/2010

Tenho a sensação de que não retirarei completamente as idéias deste livro. Deixá-lo fermentando em um canto, e então, quando eu supôr que superei, ou que não superei de forma alguma... lê-lo de novo.

Posso apenas afirmar que sim, senti. As fascinantes experiências de liberdade de cada indivíduo, cada forma de ser livre, irresponsável, sacana, entediado. Mais evidentemente em Mathieu; mas então que diriam os outros fascinantes personagens, presos dentro de si, se questionados da mesma forma? Exaustivamente. Que é a liberdade? Quem sou? Onde está a minha liberdade?

De fato, que é a liberdade? É poder reconhecer-se, e mesmo assim ter vergonha? É ir até a Espanha e lutar? Assumir sempre as conseqüências?
Não é uma pergunta que posso responder, porque sinto que ainda estou nos parênteses. Na coxia. Talvez nunca haja deixa, mas em mim - eu, o personagem -, em mim o horror do ridículo é o que há.

O que eu realmente sei é que os sonhos preenchem as rugas. Já não tenho medo da idade da razão, mas ainda da velhice.
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Antony.Trindade 04/05/2022

O livro é bom, mas não me atraiu muito? algumas partes eu fui lendo arrastado, mas a história é legal, deixa questões reflexivas que trata da liberdade e como essa busca pela liberdade de certo modo pode atrapalhar o nosso convívio com o outro.
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