Alex 12/03/2015
Cinquenta tons de cinza – a trilogia que agrada aos Gregos e desagrada aos Troianos.
Estou aqui para fazer um levantamento dos pontos positivos (sim, positivos!) e negativos da trilogia que praticamente mora no top 10 dos livros mais vendidos de todos os tempos (uuuii!!)
Acho que a ideia mais errado do livro até então é tentar-se vender como um livro BDSM, porém vale ressaltar que nem a autora e muito menos as pessoas envolvidas venderam e divulgaram o livro AFIRMANDO tratar-se sobre algo relacionado ao universo BDSM, isso foi algo que a mídia e parte do público resolveram atribuir ao livro (bobinhos!).
Eu diria, na verdade, que Cinquenta tons... trata-se na verdade da morte de dominador. Entenda, Christian Grey vive nesse mundo dos chicotes, cordas, algemas, grampos genitais (aai!) e bondage há algum tempo e já teve até o momento em que a inexperiente Anastásia Steele entra uma sua vida uma porção de submissas, ele entende dos paranauê e das jogadas. Ele mesmo afirma para a Srta. Steele que metade do que ele fez no livro não é nem 1% do que ele realmente pode fazer com o apetrecho certo nas mãos, porém, por alguma razão ele pega bastante leve com ela enquanto estão juntos... “leve” se você for adepto ao BDSM ou pele menos entender como essa pratica funciona vai concordar comigo que ele foi muito “bonzinho”, mas eu não vejo isso necessariamente como algo ruim, pois por trás disso a autora tinha uma meta: arrancar suspiros e dinheiro das leitoras(res) e ela conseguiu... e muito.
Recentemente eu li o depoimento de um dominador que afirma que a Srta. Steele não é necessariamente uma submissa, pois para tal coisa era preciso primeiro que ela tivesse no mínimo experiência, e aqueles que leram o livro (como eu) sabem que a jovem tem tudo, menos experiência.
E porque 50 tons seria a morte de um dominador? Porque quando o Christian conhece a Ana ele meio que totalmente abaixa as rédeas cedendo até aceitar fazer o tal do sexo baunilha, e eu como leigo no assunto nunca poderia imaginar que essa versão de sexo já estaria fora de moda (droga! preciso me atualizar urgentemente). Enfim, o homem que já teve uma porção de mulheres lambendo seu chicote fica literalmente de quatro quando conhece a jovem estudante de literatura. Christian até tenta fazer com que a Ana trilhe esse caminho, mas o resultado não termina sendo o mais positivo (pelo menos não no primeiro livro). Porém, Anastásia que não é tão boba assim se mostrou muitas vezes curiosa e acabou cedendo perante a curiosidade e acabou se deleitando com o resultado, mais ou menos assim: ser amarrada? Tudo bem, algemas? Eu adoro! Porém chicotes e outras coisas que provavelmente irão infligir a minha dor eu estou fora!
Christian continua sendo dominador por literalmente dominar tudo ao redor da amada Srta. Steele e isso é tudo o que ele consegue em relação ao quesito “dominador”, como eu disse, Christian Grey o Dominador morreu no instante em que Anastásia Steele entrou em seu escritório.
Continuo dizendo que esse não é necessariamente um ponto negativo (dependendo do ponto de vista de quem lê).
Outro ponto negativo é que o cara quer controlar todos os passos que ela dá! Gente, isso não é legal, você até pode ler e suspirar, mas não é legal, nenhum pouco. Não é porque Anastásia e Christian estão juntos que ela vai ter que abrir mão da sua liberdade, por mais amor e intensidade que tenha entre os dois em determinado momento eu pude perceber que tudo o que ela queria fazer era estar sozinha com os próprios pensamentos, pelo menos por um minuto.
Christian Grey é um homem complexado que se julga desmerecedor do amor, ou de qualquer outro tipo de afeição, tudo o que ele quer é escutar “Sim, Senhor” e “Não, Senhor” e isso vem de dois motivos: o primeiro relacionado ao tipo de vida, de mundo ao qual ele foi introduzido ainda muito novo e por conta das merdas que passou na vida ainda muito novo. Entre outras palavras, ele é um homem assombrado por um passado que tende a persegui-lo uma vez ou sempre – e isso é um ponto positivo, não a parte dele ter sofrido (coitado), mas a parte em que tudo isso resulta em um homem misterioso, aparentemente seguro de si e extremamente sexy, esses elementos fizeram com que eu perguntasse as seguintes coisas “Qual a desse cara?” “Qual o segredo desse cara?” e “Porque esse cara gosta tanto de assim de sexo?” afinal vamos ser sinceros, esse trilogia tem mais sexo em poucas do que eu provavelmente irei fazer em toda a minha vida (sad, but true) só que isso também não me incomodou porque por mais pecados que a autora cometa com sua escrita amadora o sexo foi algo que ela soube desenvolver, eu não achei as cenas repetitivas, o sexo é repetitivo porque a assume a seguinte sequencia “Oi. Sexo, sexo, sexo, sexo, sexo e sexo”, mas a forma como o sexo é descrito em cada uma das mil cenas foram distintas e esse foi um ponto em que a E L JAMES acertou.
É excitante por não ser um simples “come, come” não! Como qualquer bom sexo existem as preliminares e isso foi outra coisa que conseguiu captar a minha atenção, a autora segura o sexo até o momento em que o leitor (eu) e os personagens não conseguem mais se segurar e acabam se entregando, e isso é bom – até a imaginação se atiça.
Um ponto negativo vem com relação a escrita da autora ser muuuuuuuuuuito bobinha, mas bobinha mesmo a ponta de ser irritante (argh), acho que muitas pessoas abandonaram a trilogia por conta da escrita... cara, e que merda era aquela de deusa interior? (Amiga, assim fica difícil te defender) putz! O auterego da protagonista era tão irritante, mas tão irritante que por mim ela poderia ter morrido de tanto dançar merengue (quem leu vai entender).
PORÉM, por incrível que pareça a escrita da autora em Cinquenta tons mais escuros e Cinquenta tons de liberdade melhorou e muito. Claro, ela não se tornou uma Nora Roberts da vida, maaaaaaaaaaas, deu uma melhorada e tanto a ponto de eu não odiar o que estava lendo. Acho que a E L James recebeu um conselho de alguma amiga íntima, só pode. (Amiga para, assim tá feio)
Enfim... Cinquenta tons de cinza termina com a jovem Anastásia *spoiler alert* indo embora por estar ciente que não pode “dar” aquilo que o Sr. Grey realmente quer/precisa.
Preciso confessar, eu gostei muito de Cinquenta tons mais escuros, muito mesmo. No segundo livro somos apresentados aos mesmo personagens (dããã) porém aqui eles começam a evoluir, por exemplo, temos um Sr. Grey que aceita tentar não pegar mais tanto assim no pé da Anastásia, ele meio que concorda em libertá-la para o mundo, não desse jeito, ele permite que ela vá até a esquina sem precisar monitorá-la (aeeeeeeeeeee!) Ele também está mais aberto, mais comunicativo, conhecemos um pouco mais sobre o seu passado, sobre a sua vida e ao mesmo passo em que vai ficando mais vulnerável ele também vai se abrindo para o amor (awwwwwwwwwwwwn!). Anastásia, enfim, consegue romper a casca do Grey.
Anastásia aos poucos vai se tornando uma mulher mais segura, ciente que é sexy o suficiente para deixar um homem louco (um homem não, O GREY, ele pode até estar me monitorando agora por essa história de “um homem”) – e eu até torci por esse momento.
O bom é que por mais apaixonado que o Christina Grey tenha se tornando, ele não perdeu completamente a mão para a safadeza e de vez em sempre eles dão aquelas trepadas sacanas cheia se fulgor.
Christian também está ciente que se quiser ficar com a jovem Steele, ele precisará se abrir mais, passar a confiar nela e se afastar de tudo o que cause repulsa nela e por mais difícil que possa parecer ele faz isso porque pela primeira vez em sua vida vê que existe a possibilidade de ser feliz de verdade com alguém de verdade. Ambas as partes fazem sacrifícios ao longo da trilogia.
Quero ressaltar algumas coisas, algumas pessoas afirmam que o que Anastásia está vivendo ao lado do Christian chama-se de “abuso doméstico”, ah gente, fala sério! Quer odiar? Podem odiar, mas não inventem o que não tem. Anastásia foi movida pelo desejo e pela curiosidade e desde o início o Grey afirmou não poder fornecer o que ela queria (corações e flores? Nem sei o que são), Ana continuou com ele porque quis, por gostar dele, por achar que as coisas poderiam ser diferentes, por isso, em momento nenhum ela FOI OBRIGADA a dar qualquer coisa, ela estava tão afim dele quanto ele estava afim dela – ambos foram movidos pelo desejo.
Eu também não acho que o livro seja machista, acho que a única característica machista DO PERSONAGEM seja a de querer as mulheres unicamente como suas submissas, mas essa é uma questão pessoal. Christian engrandece Anastásia, elogia ela, vê ela como a mulher feroz e determinada que nem ela mesma sabe que é. Ele se excita com as ousadias dela, e quando ela tira ele do sério isso sim é um pana pra manga.
Ele fica contente com o crescimento profissional da amada e quando ela passa a confiar mais nele o homem se vê literalmente no céu – acho que algumas pessoas precisam rever o significado de “machismo”.
Juntos os dois constroem um relacionamento e apesar das incertezas vão gradativamente confiando um no outro, o relacionamento em si só funciona (igual a qualquer outro) porque os dois vão caminhando para a frente rumo a algum lugar. Em cinquenta tons eu achei que o relacionamento fosse a lugar nenhum, mas nas sequencias o desejo dos dois realmente tem um propósito.
Na parte final da trilogia (Cinquenta tons de liberdade), Christian e Ana vão literalmente aprender a viver como um casal. Ele tem que deixar os seus impulsos externamente protetores de lado e ela tem que se adaptar ao mundo do seu amado m... que vontade de soltar um spoiler aqui, mas como nem tudo são flores há reviravoltas na parte final, momentos contraditórias, ações que dividem opiniões, tem uma dose de ação, tem um momento em que meu queixo quase caiu e preciso confessar, achei que em determinado momento o Grey fosse jogar tudo a perder. – Cinquenta tons de liberdade não é tão bom quanto Cinquenta tons mais escuros, mas não chega a ser ruim (nenhum um pouco), é apenas monótono em alguns momentos, as coisas demoram um pouco pra acontecer, mas no final acontecem no tempo certo.
Enfim, não vou dizer a ninguém o que devem ou não ler, até porque não é da minha conta. Essa é a minha opinião sobre a trilogia, quem quiser ler, leia, quem não quiser, por favor, respeite o gosto do próximo.
Cinquenta tons de cinza: 2 estrelas.
Cinquenta tons mais escuro: 5 estrelas.
Cinquenta tons de liberdade: 4 estrelas.