Lu 30/11/2012
Rubem Alves: Para provocar um incêndio.
A postagem de hoje é Rubem Alves, um dos meus favoritos.
O exemplar é "Pimentas", cujo título não me chamaria a atenção, se não tivesse em letras grandes Rubem Alves... Dele, eu não preciso de títulos... Confesso que tenho certa "preguiça" de ler sobre educação, ramo que ele também se dedica...
Já li vários livros de Rubem Alves, a ponto de me identificar tanto que procuro pontos em comum, pensamentos e teorias com as quais concordo. Achei até o motivo que faz com que isso aconteça:
"Acho que aqueles que gostam de mim têm esse traço comum: andam na direção contrária."
Entre os pontos comuns que encontrei nesse livro cito: o amor pelos cães; o fato de ter tido um boxer e cocker; gostar de ipês, de vento na cara, de poesia, de chupar manga; comover-se com o poema "O haver" de Vinícius de Moraes, gostar da canção "You got a friend" de Carole King (ouvi na faculdade e não esqueci mais...), admirar livros bons, sem que corram no sangue como outros.
Descobri neste que ele tem diabetes, e fiquei preocupada... rs
Também me diverti lendo. Há capítulos engraçados. Cheguei a pensar que ele tinha ficado louco... explicando porque as bruxas voavam montadas em vassouras, tentando recuperar a dignidade e a função cultural das privadas, propondo a canonização de Judas (esse foi o melhor), comentando da privada que não estava em direção à Meca, mencionando Abel (da famosa dupla Caim e Abel) como o patrocinador de todos os churrascos.
Adoro os trechos em que há ironias, pouco caso diante de questões que são consideradas relevantes para alguns. Sou uma apaixonada e muito suspeita para falar de Rubem Alves.
No livro, ele menciona um leitor que encontra apenas problemas com o que escreve, e não se manifesta sobre o que ele escreve. "Toma minha sopa e não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato está rachado."
Querido Rubem, pensei em uma possibilidade. Não fique chateado, talvez ele tenha perdido a capacidade de sentir o sabor... Não é nada pessoal.
Ler Rubem Alves não é uma leitura corrida, é preciso saborear cada capítulo, diferente de ler um romance que temos sede de acontecimentos. A convivência com Rubem Alves é prolongada, não se pode ler em qualquer lugar, nem de qualquer jeito... É como sentar para um conversa, recebê-lo em casa, ouvir alguém que gostamos. Ele mesmo diz:
"Quero que meus textos sejam comidos. Mais do que isso: quero que eles sejam comidos com prazer. Um texto que dá prazer é degustado vagarosamente."
Outro comentário muito relevante que descobri é sobre Santo Expedito, considerado o melhor santo, pois resolve tudo com presteza, no dia que é pedido. Nada fica para o dia seguinte.
Por que nunca soube disso?
E ele faz graça: "Para atender àqueles que a ele se dirigem, ele faz qualquer coisa, até mesmo um pecado."
Fica a dica!