Hildeberto 07/11/2021Explorando as "coincidências significativas"Em "Sincronicidade", C. G. Jung aborda as "coincidências significativas".
Partindo do pressuposto que a maior parte dos fenômenos pode ser explicada pela causalidade, Jung observa que há acontecimentos que fogem a essa explicação: seriam aqueles casos em que nós pensamos em alguém há muito tempo esquecido, e essa pessoa reaparece; ou que sonhamos com um acontecimento, e ele se realiza.
Jung tenta traçar os primeiros contornos de um conceito, chegando a ideia de "sincronicidade", que em conjunto com o espaço, o tempo e a causalidade, explicariam o funcionamento do mundo. Trata-se de um primeiro delineamento teórico, baseado nos mais diversos tipos de conhecimento humano, mas que parece indicar a existência de um "fator" que liga os entes e produz fatos acausais, mas com similitude de significado. Outra implicação da explicação do autor é que nossa psiquê estaria mais estreitamente relacionado com as realizações do mundo exterior do que o tradicionalmente admitido.
É um livro bastante interessante, traz ótimas reflexões e abre um campo de debate significativo. Por outro lado, é inconclusivo, e, ao meu ver, não adota a melhor abordagem para o tema. O autor tenta tanto delinear o que "sincronicidade" como indicar comprovações estatísticas da sua existência; ao meu ver, teria sido melhor avançar no conceito primeiro, e depois buscar exemplificações ad hoc; também não sei se tentaria comprovar a relevância de fenômenos acausais e excepcionais por meio de estatísticas ou pelos métodos tradicionais de experimentação.