As Intermitências da Morte

As Intermitências da Morte José Saramago




Resenhas - As Intermitências da Morte


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onlyazombie 03/09/2024

Tenho certeza de que é incrível, mas não funcionou para mim.
Foi meu primeiro contato com a escrita de Saramago. Eu estava ansioso para começar essa leitura dado a notoriedade do autor e o fato de que a adaptação cinematográfica de Ensaio Sobre a Cegueira ter se tornado um dos meus filmes favoritos.
Aqui vi como aquele que trouxe o único prêmio Nobel da língua portuguesa é perspicaz nos diálogos e em levantar premissas interessantíssimas as explorando muito bem.
No entanto este tipo de escrita (fluxo de consciência) não funcionou para mim. Acreditei que a minha resistência inicial fosse falta de costume com este estilo, mas cheguei até a metade do livro sem que eu me sentisse mais confortável com a falta de sinais gráficos que orientassem o leitor, e achando o uso de orações intercaladas exaustivo. Me cansava da leitura muito rapidamente e a concentração para não me perder no que estava sendo dito não me permitia apreciar da maneira que deveria o charme dos diálogos e os desdobramentos da história.
Mas valeu a experiência.
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Tay.Luz 26/08/2024

Shippo a morte com o violoncelista ?
Nunca tinha lido Saramago, e minha primeira leitura me encantou. Se as pessoas não morressem o que aconteceria? Essa é a premissa central do livro. O autor aborda as
consequências sociais da ausência da morte e também apresenta a morte como uma personagem, com características psicológicas.
O texto corrido, sem tantos parágrafos me confundiu um pouco ao longo da leitura, mas nada que estrague a experiência.
Pra mim o autor busca nos fazer refletir sobre a velhice, a qualidade de vida e a sorte de envelhecer. Pensar na morte como algo inevitável e necessária.
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Alan.Oliveira 19/08/2024

Sempre que termino um Saramago me pergunto como demorei tanto em retomar a leitura dele.
Que história incrível. Esse humor saramaguiano que sempre me diverte tanto, com esse impacto de nós fazer pensar e refletir muito quando o leio mas que depois me pego a rir sozinho das lembranças da leitura, está bastante presente nesta obra.
A morte e o violoncelista me cativaram muito.
A vida é essa intermitência da morte.
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Fabrício Franco 30/07/2024

Como é difícil ler Saramago
Do que eu li: minha segunda tentativa de ler o autor português vencedor do Nobel, José Saramago. A obra explora mortalidade, condição humana e impactos sociais através do realismo mágico, da investigação filosófica e da sátira.

Uma premissa intrigante: no primeiro dia do ano novo, num país sem nome, as pessoas param de morrer. A princípio, um acontecimento milagroso, mas logo se torna evidente que a imortalidade traz uma série de problemas imprevistos. A narrativa explora as ramificações deste fenômeno a partir de várias perspectivas, incluindo institucional, religioso, familiar e da indústria da morte. À medida que a história se desenrola, Saramago apresenta a personificação da Morte, que, frustrada com o caos que a sua ausência causou, decide retomar as suas funções, mas com uma guinada: ela agora envia uma carta para cada pessoa uma semana antes de seu falecimento, dando-lhes tempo para se prepararem. Isto leva a mais convulsões sociais e dilemas pessoais.

O romance examina a necessidade da morte, obrigando os leitores a considerar as implicações da imortalidade, tanto a nível pessoal como social. A cessação da morte perturba os sistemas sociais, a economia e as crenças religiosas, revelando quão profundamente interligado está o conceito de mortalidade com a vida humana. A crítica às instituições é contundente, satirizando as reações dos governos e das instituições religiosas, destacando sua incompetência e hipocrisia. A resposta burocrática do governo e a luta teológica da Igreja enfatizam o absurdo e a rigidez das estruturas sociais.

O estilo de Saramago ? frases longas, pontuação mínima e diálogos sem marcações ? é o grande empecilho para um fruir da obra. A falta de pontuação clara é desorientadora, dificultando o acompanhamento de diálogos e mudanças de perspectiva. Essa estrutura não convencional retarda o ritmo de leitura, pois precisamos reler as passagens para compreender totalmente o seu significado. Acrescente-se a isso as variações vocabulares portuguesas e temos um livro difícil de ler.
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Felipe 13/07/2024

"As palavras também têm sua hierarquia, o seu protocolo, os seus títulos de nobreza, os seus estigmas de plebeu."

Confrontando o desejo mais instintivo que temos, o de sobrevivência, Saramago cria um cenário caótico para discutir a importância da morte e defender sua necessidade. Refletimos como uma população imortal afetaria a si e ao mundo, pelo viés burocrático ou pelo filosófico.

Isso tudo enquanto acompanhamos, partindo de um narrador super ácido, questionamentos sobre as linguagens, suas capacidades e incapacidades em dar sentido ao nosso universo.

A narrativa é dividida em três momentos, e o terceiro me perde um pouco por abraçar uma abordagem mais tradicional com suas protagonistas, mas ainda chega a uma conclusão forte e bonita.
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Fernanda3998 13/06/2024

Ler sem expectativas
Confesso que iniciei a leitura esperando uma distopia realista como "Ensaio Sobre a Cegueira", então naturalmente me decepcionei quando me deparei com um livro sobre divagações. Na verdade, se fosse um livro inteiramente de divagações teria ficado menos confuso do que Saramago nos entrega.
O enredo inicia com uma narração onipresente, explorando o cenário geral das consequências das intermitências da morte, mas focando na questão política. O fato de não haver foco em um personagem específico foi algo inovador e me senti cativada, como se o leitor fosse um fantasma pairando sobre os acontecimentos.
No entanto, na metade da história ocorre uma subversão de foco e passamos a acompanhar a morte, como personagem. A partir de então, o livro acresce divagações à narração, das quais me pareceram dispensáveis e sem rumo exato. Além disso, diversos pormenores do ambiente em volta começam a ser descritos, dando uma densidade enorme a um livro tão pequeno.
Em relação à estrutura do livro, Saramago almejava desconstruir a narração, de acordo com as tendências da época, e ele o faz como ninguém, principalmente no que diz respeito a falar com o leitor.
Por fim, assim como "Ensaio Sobre a Cegueira", entendi que o livro pretendia demonstrar os comportamentos imorais da sociedade diante da falta da morte e de suas decisões ao bel-prazer, contudo, não senti que o livro conseguiu repassar tais horrores e atrocidades. Isso pode ser por uma questão de temporalidade (não enxergamos mais alguns comportamentos ditos vis como tais) ou pela escrita, já que optei por essa edição mais antiga. No que diz respeito ao final, o autor amarrou bem ao início, de modo a ciclar a obra.
Apesar dos contrapontos, não deixa de ser um livro singular no que tange a opinião de cada um. E, se não distópico suficiente para você também, pelo menos inovador.
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Luciano442 29/04/2024

Genial!
A maestria de um Autor ímpar em um relato entre a relação Morte X Seres Vivos. O modo como é tratado o antropomorfismo da morte é algo absolutamente genial. Favoritaço!!
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Leitorconvicto 16/01/2024

Um exercício de imaginação
O convite a um mundo estranho. Um mundo sem a morte? Como seria? A sociedade desnuda por uma realidade alterada. A escrita incrivelmente inconveniente do autor cria uma obra estranha e incomoda
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lahmot 25/10/2023

A primeira vez que li um livro do Saramago foi em 2019, quando meu professor de Filosofia na época nos fez ler Ensaio sobre a cegueira. Zingari foi um professor muito querido para mim, e mesmo com uma escrita que, a primeira vista, pode parecer intimidadora por sua falta de pontuação e os parágrafos gigantescos, aquele livro ocupou desde então um espaço significativo na minha cabeça e eu sempre pensei nele com muito carinho. Poucos meses após o início da pandemia, em 2020, esse mesmo professor fez em uma rede social a recomendação d'As Intermitências da Morte, em uma postagem sobre como essa obra naquele momento, mais do que nunca, era relevante ao caos e pânico que estava sendo o surto do Covid-19. Faz pouco mais de um ano em que esse professor nos deixou, e sempre que me lembrava dele, vinha em minha mente a memória da recomendação do livro que eu nunca li. Essa leitura foi feita em memória a ele.

Essa obra nos traz a reflexão sobre aquilo que todos provavelmente tememos, a morte: o que aconteceria se ninguém mais morresse? Viver para sempre traria alguma vantagem à sociedade, ou seria isso apenas mais um empecilho? Nós não nos damos conta do quanto de nossa vida gira em torno, ou depende indiretamente, da morte. A morte é a única coisa que nos resta, que nos salva, aquilo que acaba com nosso sofrimento, quando a mente e o corpo não mais dão conta de nos sustentar.

O livro começa com tudo. Sem pausa para respirar, somos inseridos ali naquela situação absurda e acompanhamos a reação desde a população mais humilde, até das instituições que são afetadas pela falta da morte, como as igrejas e as agências funerárias.

Saramago em momento algum se segura na hora de alfinetar tudo e todos, sejam os políticos ou a religião, e há muitos momentos de humor e ironia, como na cena em que o aprendiz de filósofo, em busca de sentido para tudo aquilo, tem uma discussão com o espírito de um aquário (sim, é tão absurdo quanto parece).

Preciso destacar que, lá pelo final da primeira metade, a história fica um pouco cansativa pelo ponto de vista do primeiro ministro e a maneira como o governo decide lidar com a máfia, porém mesmo tendo essa opinião, considero esse um ponto importante na história.

O livro não segue uma pessoa só, mas fica muito mais que claro que é a personagem principal. Os capítulos finais viram tudo de ponta-cabeça e nos dão uma visão completamente diferente do resto da obra. Por eles, nós vemos o lado da última figura que poderíamos imaginar que acompanharíamos tão de perto, ou ao menos eu não imaginava que seria tomado esse rumo. Aquele final, mesmo tão simples, me pegou completamente desprevenida.

A visão que temos sobre a morte não vai ser mais a mesma após essa leitura. Mesmo aqueles não familiarizados com o estilo da escrita do Saramago, eu recomendo que peguem esse livro e não se apressem a lê-lo. É um ensaio fenomenal e um dos que eu colocaria numa lista de Livros Para Ler Antes de Morrer (apesar da piada, sem ironia).

Sem a vida, não há a morte, e sem a morte, para o que nos resta viver?
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joaoggur 17/04/2023

Saramago; um observador social.
José Saramago é um nome polêmico, sendo inegável sua influência na literatura. Sendo o primeiro (e único!, infelizmente) ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em língua portuguesa, o autor usa de uma escrita original, não temendo a opinião alheia.

Em ?As intermitências da morte?, Saramago conta-nos a história de um simples país, que na virada de um ano, para de haver mortes em seu território. Podendo estar em estado terminal, ou tendo levado algum ferimento fatal, a situação não importa: ninguém mais morre naquele país.

Neste pretexto, é possível imaginar inúmeros caminhos para a obra. Saramago coloca o dedo na ferida; sua análise de como uma nação reagiria em tal situação é crua e extremamente verdadeira. Não há papas na língua, o autor não teme mostrar a podridão humana. Sinto que esse é o ponto chave de sua literatura: não gasta tempo explicando os motivos da situação, ou tendo rigor científico, simplesmente dispõe-se a escrever para escancarar o comportamento do ser humano. Muitos podem ver sua escrita como uma certa hipérbole, cultuando do pessimismo. Discordo. Não acho que ninguém negue como o ser humano aproveita do sofrimento de seu semelhante. O que diria ele da pandemia? O deleite perante a miséria humana esteve no apogeu. A miséria humana esteve no apogeu.

José Saramago é um autor que recomendo, mas saiba que deve-se ir preparado para lidar com suas obras. Terminamos todos os seus livros com um sentimento estranho, quase com uma pintada de niilismo. Vá sabendo que terminará a leitura sendo outra pessoa.
Hellen.Lily 02/05/2023minha estante
Amo Saramago, essa é uma das minhas leituras desse ano. Você é perfeito nas suas resenhas!


joaoggur 02/05/2023minha estante
Obrigado pelo elogio, @Hellen.Lily




Ju Harue 05/12/2022

Eu estava com altas expectativas ao iniciar a leitura do meu primeiro livro do Saramago e que bom que foi este. Me envolvi completamente na história, achei bem instigante, reflexivo e engraçadamente sarcástico, em vários momentos dei risadas altas.
Eu sinceramente não sei qual parte gostei mais, a narrativa de toda a situação ou a parte mais focada em um personagem.
Mal posso esperar para fazer outras leituras do autor.
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Daynna Kate 03/03/2021

Ahh Saramago...
Apenas o segundo que li do autor (o primeiro foi O Conto da Ilha Desconhecida) e acredito que a linha de sensações em relação à leitura foi a mesma nos dois casos, apesar de emoções diferentes nascerem de cada um. No início, apenas uma história simples com um ar até infantil provocado pelas figuras que os personagens representam. Neste caso, a morte (com m minúsculo), de capuz de morte, caveira de morte e foice de morte. E com as suas intermitências, vemos a relação que os seres humanos têm com a fatalidade. Um enredo interessante, diferenciado. Mas em certo momento, a história toma um rumo ainda mais peculiar e então foi que me encantou. Sem spoiler, você terá de apreciar para saber. A escrita é encantadora. As descrições dos acontecimentos, dos ambientes, DA MÚSICA... É um livro que traz reflexão com bom humor, ironia. Um livro que se fecha com emoção e suspiros. É simplesmente completo.
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Jacqueline.Carvalho 26/09/2020

Fantástico
O livro é genial, nos faz pensar sobre a vida e a morte. E também faz refletir sobre o ciclo da vida e indagar a questão principal do livro: Como seria se ninguém morresse?
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spoiler visualizar
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Camila Faria 21/10/2016

Imagine a situação: de repente, num país fabuloso, a morte decide suspender as suas atividades. E o que parecia ser um feito incrível, começa a se provar um desafio logo nos primeiros dias: idosos e doentes agonizam em seus leitos, hospitais e asilos enfrentam superlotação crônica, as companhias de seguros entram em crise. Saramago usa a morte para falar sobre a vida e sobre a condição humana, com o humor e a sagacidade que lhe são caracteríscos. Gosto especialmente do trecho em que ele descreve a maneira da morte escrever, tão semelhante à sua própria: “(…) da sintaxe caótica, da ausência de pontos finais, do não uso de parêntesis absolutamente necessários, da eliminação obsessiva dos parágrafos, da virgulação aos saltinhos e, pecado sem perdão, da intencional e quase diabólica abolição da letra maiúscula“. Genial!

site: http://naomemandeflores.com/os-quatro-ultimos-livros-12/
13/12/2016minha estante
Excelente resenha.




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