Daniela Raya 08/11/2024Essa leitura estreou, pra mim, uma categoria de livros da qual tenho um ranço e à qual achei que nunca fosse sucumbir: a de livros com a capa do filme.
Mas acabei por gostar bem mais do que achei que iria. Foi bem escrito (apesar de a tradução escorregar às vezes - inclusive no título, que deveria ter ficado fiel ao original “Ainda Alice”, bem mais bonito).
É muito sofrido acompanhar a degradação do raciocínio de uma pessoa com Alzheimer de instalação precoce e o livro retratou essa jornada muito bem. Tive acesso a um mundo do qual não eu não tinha noção da existência, que é a *autoconsciência do processo de demência* num cérebro outrora genial, admirado, invejado e toda a negação e frustração que esse caminho traz consigo.
(TALVEZ UM PEQUENO SPOILER) Uma das coisas que mais me tocou foi quando Alice começa a procurar grupos de apoio para pessoas com Alzheimer e só encontra esse tipo de assistência para os familiares dos acometidos. Então ela decide começar o próprio.
A narrativa de cada personagem da família lidando com Alice perdendo memórias e capacidade de raciocínio lógico também é um sofrimento. Especialmente o marido, que começa a ter reações controversas e me deixou um pouco incrédula.
Vale muito a leitura.