Carolina.Lausmann 20/09/2024“A Casa das Sete Mulheres” é um livro ambientado na Revolução Farroupilha, e coincidentemente terminei a leitura hoje, no dia 20 de setembro, ao som do desfile dos cavalarianos. No geral, gostei bastante da história.
O que mais me chamou a atenção foi a forma realista com que Letícia Wierzchowski retratou as mulheres da época, sem exagerar ou distorcer os papéis que elas desempenhavam. Além de ocuparem o papel tradicional de espera, cuidado com o lar e gestação de filhos, elas surgem também como administradoras de grandes estâncias, fundamentais para manter a economia funcionando enquanto os homens estavam na guerra. Essa abordagem trouxe uma nova dimensão ao papel feminino na época, mostrando sua força e relevância.
Além de darem vida, essas mulheres estavam, de certa forma, gestando algo ainda maior: paciência, esperança e o futuro. No silêncio de suas rotinas, elas aguardavam o retorno de boas notícias, o fim das incertezas e a continuidade de uma luta que não acontecia apenas no campo de batalha, mas também dentro de suas próprias casas. A autora conseguiu capturar bem essa dualidade entre a espera e a resistência, embora, em alguns momentos, isso tenha trazido certo tédio, refletindo a monotonia e a longa espera que elas viviam.
A maior parte das personagens foi inspirada em figuras históricas, resultado de uma pesquisa cuidadosa, o que deu ainda mais peso à trama.
Um detalhe interessante é que Letícia tinha menos de 30 anos quando escreveu o livro, o que talvez explique por que algumas situações não receberam tanto peso dramático, tira um pouco do envolvimento com a trama.
Apesar de em certos momentos a história parecer um pouco romantizada, como na forma passiva em que os negros são retratados na casa, isso se justifica pela perspectiva da protagonista Manuela, uma jovem “sinhazinha”. Esse ponto de vista mais limitado faz sentido dentro da narrativa, e no meu ponto de vista, deixou a história coerente.
Por fim, gostei de como a autora conseguiu entrelaçar os eventos dentro da casa com os fatos reais da guerra, criando um equilíbrio interessante entre ficção e história, o que tornou a leitura bem agradável.