Samara MaiMa 07/10/2014Design
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Infelizmente a capa de Adormecida não foi uma das melhores que já vi na LeYa/Lua de Papel, e foi o que diminuiu a nota total do livro. Eu particularmente não sou muito fã quando a editora decide inserir textos de "sinopse" na capa. Em Adormecida existem duas colunas de mancha de texto que atrapalha o resultado geral da arte.
Apesar de a imagem dar ao livro uma atmosfera relativamente onírica com as fumaças, o efeito no título criou uma impressão meio bizarra. Inclusive o texto ficou parecendo borrado e em baixa resolução. Mas gosto bastante do padrão cromático em tons frios de azul e lavanda, principalmente no efeito simulando uma mancha de aquarela da quarta-capa. A fonte usada na sinopse e no nome da autora é um pouco pesada e apertada, e achei que cria uma mancha um pouco confusa e atrapalha um pouco a legibilidade.
Em compensação, o miolo me agradou bastante. A editora escolheu usar a marcação "americana" de diálogos, usando aspas ao invés de travessão. Eu não tenho uma opinião fechada de qual eu prefiro. Gosto muito das duas opções e quando a revisão é bem feita, o travessão funciona tão bem quanto as aspas. A tradicional fonte Minion usada no texto é bem agradável para a leitura criando boas ligações entre as palavras e é bem confortável. A mancha gráfica e a entrelinha também estão agradáveis e bem balanceadas na página.
Gostei da escolha de unir no cabeçalho a paginação e as informações de autora e título, mas acho que a fonte nessa área, principalmente por estar em caixa alta, poderia ter sido colocada um ponto menor.
História
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Lembro que quando Adormecida foi lançado eu já tinha parceria com a LeYa, mas na época saiu também mais um volume da série da Harper Connelly. Então eu preferi continuar a leitura dos livros da Charlaine Harris apesar de a sinopse de Adormecida ser muito interessante. Por isso, coloquei o livro nos meus desejados.
Agora surgiu a oportunidade de ler através da parceria com o grupo LeYtoras, mas a Lygia (do Brincando com Livros) me disse que não curtiu e até abandonou (temporariamente) a leitura. Isso me deixou um pouco apreensiva por talvez ter selecionado um livro que poderia não ser tão interessante. Só que minha experiência com o livro foi bastante diferente quando passe a efetivamente ler Adormecida.
Rose desperta de mais um de seus sonos extases, mas alguma coisa não está certa. Talvez o belo rapaz beijando seus lábios seja uma delas. Não estar no closet de seu quarto definitivamente é uma delas.
A jovem acaba descobrindo que acordou 60 anos depois do previsto, depois de anos de peste, dona de um império intergalático e tentando se ajustar a esse novo mundo. Sem seus pais e, principalmente, sem Xavier.
A história pode parecer um pouco confusa no começo quando Rose começa a falar de seu passado para que possamos entender o seu presente. Não é uma distopia e em vários momentos fica difícil de entender o que aconteceu na história da humanidade, e acreditem, vocês vão continuar até o fim sem entender muito bem. Explicar o background e contextualizar o mundo dentro de uma linha do tempo certinha não é uma preocupação da autora. Inclusive, esse vai e vem da narrativa deixa um pouco de dúvida de quanto anos Rose tem de verdade e do porquê de ela ter sido mantida tantas vezes em extase por seus pais.
Quando o real motivo é apresentado é tão chocante e mexeu tanto comigo que fiquei com os olhos marejados. Seus relacionamento com Xavier é outra fonte de momentos doces e tristes.
O livro trata de controle (ou da falta dele), de expectativas próprias e dos outros, de autoestima e de relacionamentos. Existem algumas falhas, principalmente na transformação de Rose de submissa para combativa, que não foi construída de forma muito natural mas sim como uma mudança abrupta. De qualquer forma, a história é bem contada e as peças se encaixam de uma maneira interessante, mas não tão surpreendente.
Em certo ponto a narrativa ganha um pouco mais de dinamismo, saindo da introspecção de Rose, e tentando até ganhar ares de thriller/suspense, mas foi isso que causou um pouco do meu desconforto com a personagem. Gostaria que o relacionamento dela com os outros alunos da escola tivesse sido mais explorado, ele é a fonte de algumas dúvidas que ficam no clímax do livro.
Espero que a autora lance realmente uma continuação para fechar essas pontas soltas de personagens e relacionamentos da Rose, que foram deixados em aberto. Além de que seria ótimo explicar um pouco mais sobre o "império intergalático" do qual ela é a herdeira.
Recomendo para pessoas que gostam de personagens sensíveis e levemente depressivos.
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