João Pedro 25/01/2024
"Raciocinai tanto quanto quiserdes e sobre o que quiserdes; mas obedecei!"
Nesse breve escrito, duas das preocupações centrais de Kant são: como que a população mais ampla deve seguir a ordem do iluminismo, que é o engajamento na busca por possuir o próprio entendimento, e ainda, como as autoridades (principalmente governantes e clérigos, mas também professores) podem, ao mesmo tempo em que exerce as obrigações de seu próprio cargo, ousar pensar livremente.
O filósofo propõe que, enquanto erudito, a pessoa deve ser sempre livre para fazer uso da razão ao público letrado. Também propõe que os clérigos devem, devido ao seu ofício, apontar e argumentar em favor dos símbolos da igreja, mas que não devem ocultar seus pensamentos cuidadosamente examinados e bem-intencionados que eventualmente vão contra determinado símbolo, desde que não vá contra à "religião interior". Dessa forma, fragiliza a pretensão de se ter uma "super-tutela" em busca da salvação da alma do povo, uma vez que as coisas não estão eternizadas, mas, enquanto conhecimento, sempre passíveis de serem aprimoradas, e ser contra isso é ser contra o gênero humano. O professor, enquanto exerce seu cargo, também não é livre para expressar o que bem entender, mas fora do cargo pode fazer uso público da razão com liberdade.
Em 1784, o alemão também aponta: "Falta ainda muito para que os homens tomados em conjunto, da maneira como as coisas agora estão, se encontrem já numa situação ou nela se possam apenas vir a por de, em matéria de religião, se servirem bem e com segurança do seu próprio entendimento, sem a orientação de outrem.". Seu foco é tratar quanto as "coisas de religião", porque quanto às artes e às ciências não há interesse dos governantes em exercer a tutela sobre os seus súditos.