Silvana Barbosa 11/03/2018Uma escola em alto marUma Escola em alto mar
A mocinha Isadora é considerada feia porque teve a falta de sorte de nascer com um tipo físico comum em meio a uma família de beldades apolíneas. Com isso ela caba sofrendo comparações, e recebe comentários e olhares de desprezo na sociedade, sempre que circula nas festas.
Devia ser o bullyng da época.
Sim, porque a coisa chega a um ponto em que ela decide deixar a cidade, e embarca, literalmente, numa nova aventura.
Como ela é muito inteligente, e manja línguas estrangeiras, parte com intérprete num navio que vem para o... Rio de Janeiro!
O capitão Ryan não fica muito feliz com a mocinha a bordo. Ele implica com ela, pega no pé... Mas acaba se rendendo, já que toda sua tripulação já havia ficado amiga da Isadora.
A viagem é uma descoberta para a protagonista. Em alto mar ela recebe dicas de como se comportar e se tornar mais atraente, e mais do que isto, ela recebe boas doses de alto-estima. Obviamente em seu retorno ela está apaixonada pelo capitão, e volta por cima, bela e exuberante, e sua volta aos bailes é marcante.
A parte do Brasil, embora divertida, é onde a autora peca... Em 1851 Ipanema não era a praia mais famosa ( aliás, não era nada, já que não se tomava banho de mar habitualmente, e o chique era morar em bairros da zona Norte, em volta das residências dos nobres), ela descreve as mulheres com roupas leves e tornozelos de fora, e a descrição lembra as havaianas dos filmes do Elvis Presley rsrs O pão de açúcar é em Ipanema! Barra da Tijuca e Tijuca é a mesma coisa ! Ai, tem que rir... E mesmo sendo no século XIX, os gringos fizeram compras em ambulantes, botaram fantasia, fumaram maconha e liberaram geral. É nada mudou no Rio de Janeiro todo este tempo!
Como a história é uma graça, o jeito é levar a leitura com bom humor, e relevar as pontinhas soltas que os bancões da Nova Cultural sempre deixavam, com seus cortes descabidos.
( Para quem se animar, faz parte de uma série,Calhoun Chronicles, com 5 volumes, mas apenas “A meio passo do paraíso” foi publicado aqui.)