A banalização da injustiça social

A banalização da injustiça social Christophe Dejours




Resenhas - A banalização da injustiça social


3 encontrados | exibindo 1 a 3


Cris609 05/07/2022

Quando pensamos em abrir a cabeça para o mundo, queremos enxergar, antes de mais nada, o que há por trás do agir dos outros. A partir daí trazemos a reflexão para nós. Estamos nos portando com base em nossas convicções mais profundas ou apenas repetindo um modelo comportamental imposto?

Ler livros como esse nos faz analisar o mundo e, principalmente, a nossa posição nele. Esclarecer, processar e mudar: talvez seja o caminho da transformação do nosso planeta. E é na função de esclarecimento que chega para nós a teoria do Dejours.

O autor, ao tratar da vertente social e psicológica do trabalho, procura entender o que faz as pessoas aceitarem condições indignas e injustas como situações normais, necessárias e cotidianas. A busca pela causa da indiferença ao sofrimento psíquico do trabalhador passa por muitas estruturas argumentativas.

Entretanto, esse processo é desmistificado quando algumas perguntas se impõem: por que as pessoas consentem em infligir sofrimento aos outros? E, fazendo um paralelo necessário, estuda outro questionamento: o que levou pessoas que não eram más a aceitarem o nazismo? A resposta para essas duas perguntas e para a causa da indiferença quanto ao sofrimento alheio em relação ao trabalho seria a normopatia - banalidade do mal, que se caracteriza não pela maldade, mas pela falta do pensamento crítico.

A sociedade está tão ocupada em ter que se sustentar e sobreviver, que acaba perdendo a noção consciente de sua ação, alienado-se em vez de se emancipar. Hoje, por conta dessa falta de pensar, as relações de trabalho são relações sociais de desigualdade, de dominação e de injustiça. Para que o seu papel de emancipação, de solidariedade e de democracia seja erigido é necessário ter consciência dos processos aos quais estamos expostos, sobretudo àqueles ditados pela política neoliberal.

É um livro interessantíssimo. Pequeno, mas essencial. Depois dele, sua consciência nunca mais será a mesma.
comentários(0)comente



Luis 01/12/2020

Por que tão poucas pessoas se revoltam com a injustiça neoliberal?
Neste livro o autor lança um olhar para as maldades que vemos no mundo do trabalho, incluindo esses cortes que nos são mostrados como necessários para "competitividade", "eficiência", mas que no fundo são formas de prejudicar a vida dos trabalhadores.
Fazendo um surpreendente paralelo com o nazismo, ele busca investigar porque tantas pessoas veem o mal sendo feito, colaboram com ele, e mantém suas vidas normalmente como se nada tivesse acontecido. Ele olha o papel do medo nessa banalização do mal, e estuda a influência de suas defesas, psicodinamicamente falando, na nossa sociedade.
A leitura começa lenta, mas fica bem melhor quando chega no assunto principal e as comparações com Hannah Arendt.
Douglas 10/06/2023minha estante
Excelente resenha!




anjapsi 22/08/2009

Dejour o sofrimento e suas banalizações...
[...] este texto não se propõe somente identificar um punhado de responsáveis condenáveis. [...] Mesmo que haja líderes cujo comportamento mereça uma análise [...] sua identificação nem por isso confere aos outros, em particular aos leitores ou ao autor, o benefício da inocência. O presente ensaio é um percurso penoso, tanto para o leitor quanto para o autor. Todavia, o esforço de análise se figura necessário (DEJOURS, 1999, p. 22).

Dejours (1999, p.21) teve a percepção de que não podemos nos alienar da realidade, na análise da “Banalização da injustiça Social”, ou “do mal”, pois não somos inocentes. Somos, enquanto sociedade produtora da “Psicodinâmica do Trabalho”, infligidos e recepcionados pelas exclusões e adversidades e todas as pequenas injustiças praticadas de uns contra os outros na realidade dialogal das relações

O trabalho coloca o sofrimento no centro, como um operador de inteligibilidade no domínio da subjetividade e condutas, como também no da produção, de tal modo que “fazer desaparecer o sofrimento” seria objetivo absurdo, pois “a realidade do trabalho é um terreno propício para jogar e re-jogar com o sofrimento”. Assim, faz-se com que este adquira um sentido (inteligente) re-significado (uma outra lógica e alguma noção mais dinâmica) (DEJOURS, 1996, p. 160.)
comentários(0)comente



3 encontrados | exibindo 1 a 3


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR