opaulofelipe 30/06/2014
Hannibal: o fim?!
A narrativa de Hannibal é a mesma construída pelo autor em Silêncio dos Inocentes e Dragão Vermelho, com apenas uma diferença: o dr. Hannibal Lecter está solto! E acredite: isso faz uma enorme diferença. Quem leu os dois primeiros livros sabe como é ter a sensação de que, mesmo preso, Hannibal tinha inteligência e meios de influenciar de alguma forma a história, ajudando ou prejudicando os personagens. Agora imagine ele solto por aí, com um rosto modificado e com dinheiro aparentemente ilimitado! Nesse terceiro livro, temos uma Clarice prestes a fazer 33 anos, mais madura, entretanto incapaz de alcançar os altos escalões do Bureau apesar do apoio e elogios do chefe de seção da Ciência do Comportamento, Jack Crawford. Este, por sua vez, está para se aposentar. Velho e com saúde debilitada, não aparece tanto quanto eu gostaria.
A razão de Clarice não conseguir crescer na carreira tem um nome: Paul Krendler. Personagem que já fez breve aparição em Silêncio dos Inocentes, Krendler é do Departamento de Justiça e sua antipatia por Clarice é tão intensa que aos poucos ele se utilizou de seus contatos no FBI para manchar a ficha da agente, impedindo-a de progredir na carreira policial, deslocando-a para ações de campo, desperdiçando o talento de Clarice como investigadora.
Krendler pretende se lançar como deputado nas próximas eleições e precisa de um financiador. Aí é que entra na história o megaempresário do ramo de frigoríficos, Mason Verger. Uma das duas vítimas que sobrevivera a um ataque de Lecter a outra fora Will Graham Mason tem o rosto completamente inexistente, apenas um olho e a única coisa que consegue mover é o braço direito. Planejando por anos sua vingança contra Lecter, o homem conta com a ajuda de um enorme aparato tecnológico e patrimônio financeiro para encontrar o homem que o deixou naquele estado. Usando Krendler e diversos outros contatos, Verger segue a pista de Hannibal depois de sua fuga, planejando captura-lo vivo e tortura-lo de forma extremamente cruel, a qual eu não entrarei em detalhes aqui. Enquanto isso, Clarice tem que enfrentar os problemas com a imprensa e seu algoz Krendler, que faz de tudo para prejudica-la.
Com ótimas sequências de Lecter mais sanguinário e inteligente do que nunca - disfarçado na Europa e diálogos extremamente desconcertantes de Mason Verger o personagem mais repugnante da série de Harris - com outras pessoas que passam pela sua cama, achei a trama do livro mais instigante que a dos anteriores, entretanto, não gostei do final. Deste, eu só não posso reclamar de uma coisa: ele é tudo, menos previsível!