Italo 27/01/2024
Justificarei
Os 3,5 são uma critica à edição e tradução. Primeiro: principais obras do autor?? Carta ao Pai nem foi uma obra do kafka, foi uma carta que, eticamente falando, foi publicada num completo desrespeito ao escritor. Segundo: um artista da fome está muito distante de ser uma obra prima de kafka, muito mesmo. Onde está O Processo, O Castelo e O Veredito? Terceiro: Que vergonha de tradução. Martin Claret sempre deixa a desejar, impressionante.
Quanto às obras (que eu nao tinha lido ainda):
Um Artista da Fome - 1922
Críticas à tradução, é um conto fantástico. A ideia de como a cidade e a vida nela se desenrolava em torno do espetáculo, do absurdo, da dor, é muito interessante. Mais interessante é ver essa obra como quase um desabafo de Kafka: seu anti-herói, inicialmente, faz aquilo por amor; pela arte. Por mais que doesse, que gerasse desconforto, a inanição gerava prazer. A inanição era arte. E a dor que o protagonista sente quando vê sua forma de expressar tornar-se uma mercadoria, um espetáculo a ser mantido e prolongado a todo custo, é profundamente interessante. Aquilo matava o autor, lentamente. Mas, ao tornar o jejum algo ?vendível?, isso matou a alma do autor da obra. Como tudo no capitalismo, o autor, sua lamuria, sua dor, seus esforços, foram substituídos por algo mais atrativo e ele fora condenado a morte pela fome e esquecimento.
Carta ao Pai - 1919(?)
Mil e duas criticas à tradução. Vai se foder martin claret. Quanto a obra, é essencial para entender a obra de kafka.
A obra cita e explica a fixação do autor com coisas desde a burocracia e as autoridades até a sua fixação por insetos e fome. Basal para entender a escrita e a dor estampada na obra kafkiana. ?Kafkiano?, termo esse cunhado pelo proprio kafka para se referir ao seu pai que, postumamente, se tornaria uma classificação de problema, gerando o problema kafkiano.
Além do mais, vale lembrar o teor da obra: era, sem devaneios literários, uma carta de Franz Kafka, sem pseudônimos, para seu proprio pai. Eticamente falando, essa obra deveria ter caído no esquecimento mas, a publicação dela, nos faz entender melhor a obra kafkiana.
Triste, depressiva e densa, não resume somente kafka mas os kafkas. A obra nao foi entregue - mas tambem nao foi queimada, conforme requisitado por franz antes de sua morte. Seu pai nunca leu e, reza a lenda, que sua mae leu e desencorajou o filho a entregar ao pai, mostrando que a dureza do coração do marido nao era uma ideia do filho. Kafka morre tuberculo 7 anos antes de seu pai, sem saber o que o filho realmente sentia sobre ele.