Gildo 09/02/2013
Sem inocentes em Yorkshire
Excepcional romance policial - mais uma vez - da série Red Riding. O estilo inédito e quase conturbado de David Peace recria nosso subconsciente. Com lampejos de ideias fragmentados, mas que, no todo, compõem uma grande consciência.
Ao acompanhar um detetive e um jornalista no rastro do estripador de Yorkshire, "1977" segue os passos da investigação que acontece simultaneamente com novos crimes. Entre devaneios, sexo, muito álcool, violência e corrupção, a obra sublinha o cenário inglês dos anos 1970, com os ritmos musicais, costumes e preconceitos da época. Como nos filmes noir, há sempre uma chuva nos ambientes e sempre uma névoa que deturpa o olhar dos personagens.
David Peace vai demonstrando que, nesta série, não há inocentes. É uma brilhante continuação de "1974", sem ser óbvia. Trocam os protagonistas, mas a coerência é mantida. Por diversas vezes, é preciso reler páginas e capítulos inteiros, para não perder detalhes. Particularmente, voltei até ao livro anterior, para rememorar passagens. O que comprova uma inebriante riqueza de conexões.
Imperdível, criativo e de estilo ímpar.