spoiler visualizardariostradlin 08/03/2023
Salam Aleikum
Mesmo com toda a concentração no momento da leitura para tentar se colocar na cena e ver a história pelos olhos do Klester, é impossível imaginar o que, de fato, o "sahafi" passou. Ainda assim eu tentei e poe diversos momentos me emocionei e até senti medo. Não tem como agir diferente ao ler o relado de um homem que pode estar dando seus últimos passos e não ter como se defender. Pior que isso, deixar para trás familiares e amigos que jamais saberiam o que teria acontecido com seu corpo.
Dias de Inferno na Síria é uma pequena amostra do que vive um povo que morre um pouquinho a cada dia nas mãos de um governo tirano, até que morrem por inteiro. É preciso enaltecer a coragem e, acima de tudo, o profissionalismo de Klester Cavalcanti que foi para onde foi e passou pelo que passou para que o mundo tenha conhecimento destas barbáries afim de que elas não se repitam. Infelizmente, muitas vezes este trabalho é como enxugar gelo, pois mesmo já tendo passado um quarto do século XIX pessoas ainda tiram a vida de inocentes como se elas não valessem nada.
Porém, mais do que uma guerra, Klester mostra a humanidade. Cercado de "criminosos", ele é acolhido e protegido como talvez numca antes tenha sido. E mesmo para um ateu como eu, é emocionante demais o momento em que os prisioneiros chamam o sahafi brazili para fazer parte dos rituais islâmicos com eles. Isso é uma prova de amor aos semelhantes como nenhuma outra.
Ao final do livro, para mim, a felicidade de ler sobre Klester estar sendo liberto se apagava por eu perceber que todos os outros permaneceriam naquele calvário. Quanto ao Klester, obviamente eu sabia que ele seria solto, afinal, está aqui para nos contar tão brilhantemente a sua história. Mas quanto a Ammar, Adnan e Walid... jamais saberemos que triste fim estes homens miseráveis tiveram.
Pude conversar com o próprio Klester após eu finalizar a leitura e ele me disse que conseguiu manter contato posteriormente com Ammar, mas que após um tempo, as ligações não foram mais atentidas. Klester espera, e eu também, que Ammar e sua família tenham deixado a Síria e hoje vivam em outro país, em segurança e em paz. Se isso de fato aconteceu, ou o pior acometeu Ammar e seus familiares, jamais saberemos. Da mesma forma, não temos nem teremos mais notícias sobre Walid e Adnan. Não podemos nos esquecer que estes personagens são pessoas reais, com sentimentos reais e dores reais.
Espero que estejam todos bem, pois a eternidade vividas por eles neste inferno, é muito maior que a do sahafi brazili.
Salam Aleikum!