Patty Pizarro 27/03/2023??????????"Em 1988, a Inglaterra escapou de um bombardeio, mas isso não a impediu de sofrer com a guerra. A Europa estava destruída, o clima havia mudado, as plantações já não existiam, faltava comida, os esgotos transbordavam e as pessoas começaram a adoecer. Esperava-se que o governo fizesse algo, mas a Inglaterra não tinha mais nenhum governo, só um monte de quadrilhas tentando tomar o poder de um país que estava à deriva. Em 1992 alguém tomou esse poder para si, uma aliança de grupos fascistas. Logo eles controlaram tudo e começaram a levar pessoas "embora", negros, estrangeiros, homossexuais e qualquer um que tivesse ligação com o socialismo.
Esse regime totalitário teve sucesso até 1997, quando um homem de espírito livre e vingativo decidiu que aquilo não poderia continuar."
Eu não tenho palavras para destrinchar esse livro e nem vou tentar, até porque já existe a adaptação para o cinema. Como eu não tinha assistido o filme, para mim, foi tudo novidade, pois eu nem procurei saber do que se tratava a leitura, simplesmente peguei para ler.
O que posso dizer é que fico feliz por não ter lido antes. A leitura teve um significado muito maior do que teria se o tivesse lido alguns anos antes.
É impossível não encontrar similaridades com o que passamos nos últimos 4 anos. O preconceito com homossexuais, negros e estrangeiros - no Brasil o preconceito é com os nordestinos, estrangeiros sempre são bem vindos porque os vemos como melhores (o velho complexo de vira latas) - a falta de mulheres no poder, a coalizão de grupos fascistas, o banimento a cultura de modo geral, entre tantas outras coisas, são temas explicitados nessa leitura que nos trazem a mente um futuro que estava logo ali, mas que a democracia não permitiu chegar (espero que assim continue).
Sobre a adaptação feita para o cinema, li um comentário que dizia que a personagem Evey teve um protagonismo que na hq não existe. Isso não é verdade. O que acontece é que tudo o que não tem a Evey ou o V foi retirado do filme, e existe muita coisa além deles. Certamente esse foi um dos motivos que levaram Alan Moore a não desejar ter seu nome vinculado ao filme, porque, além disso, muito do original foi descaracterizado, como o que levou Evey a rua depois do toque de recolher, o personagem Gordon, o diálogo com o bispo entre outras coisas. Não tiro a razão do autor, foram mudanças desnecessárias, a impressão que dá é que não quiseram macular a imagem da personagem, alterando um conjunto de acontecimentos que foram fundamentais para a formação do caráter da personagem.
Dito tudo isso, indico, mesmo para quem já assistiu ao filme, ler a hq.
Ela tem o prefácio dividido em duas partes, escritos por Lloyd e Moore, conta com um artigo escrito por Moore enquanto V de Vingança ainda estava sendo desenvolvido, duas histórias curtas publicadas na revista Warrior em 1981, além de notas e comentários explicativos.
Vale muito a pena. Posso dizer sem medo que foi uma das minhas melhores aquisições.