Tiago sem H - @brigadaparalela 08/08/2014Sinopse: A história verídica de um Homem Plano, que vivia sua vida no Mundo Plano com sua esposa e seus filhos, percorrendo trechos de livros, enciclopédias, listas de supermercado até o momento que ele encontra uma letra diferente, que ele descobre ser um impressão digital. Neste momento, ele se dá conta de que ele apresenta 2 dimensões e que não existe apenas esse mundo, existe o mundo em 3 dimensões, ao qual nós vivemos. A partir desse momento, passamos a acompanhar o seu processo para se tridimensionar.
Para Cima e Não Para o Norte faz parte primeira fase da coleção Novíssimos da Editora Leya lançada em 2012 e que conta com obras de autores portugueses contemporâneos. É um livro totalmente visual. Cada página virada, você se depara com um projeto gráfico diferente e muito original contendo, desde inserção de figuras que complementam a história até os mais variados recursos que a autora conseguiu utilizar para demonstrar para o leitor, como é viver em um mundo plano.
Aos poucos podemos perceber que tudo que fazemos no nosso mundo 3D (intitulado Mundo Espacial), é realizado no Mundo Plano com algumas diferenças, diferenças estas que são sabiamente descritas em rodapés. Nada no livro pode ser ignorado.
A história é contada em primeira pessoa pelo próprio Homem Plano que é um grande fã de James Bond e ele conversa diretamente com o leitor, tentando vez ou outra, explicar como é um ser em 2D. Ora ele se define como um Homem Plano, ora como um ponto.
Ele também vai nos explicar como é o virar de páginas no Mundo Plano e reclama com os leitores, por que à medida que ele desliza nas letras e vai se aproximando ao fim da página, a página não vira (provavelmente ocasionada por um fechar do livro ou por um manuseio do leitor) e ele é arremessado ao início da página e precisa realizar todo o trajeto novamente. Ele então conta para o leitor que ele existe, que tudo no livro existe, apenas quando você o está lendo, que muitas vezes ele quer saber o que vai acontecer com James Bond no virar de páginas, mas não pode prosseguir, se nós não prosseguirmos.
Sua vida então vai mudar drasticamente, quando ao voltar para casa, passando por vários trechos de livros, ele se depara com uma letra que ele não consegue ler, não consegue decodificar o que ela significa e ele fica obcecado tentando descobrir o que seria aquilo. Depois de muito pesquisar, ele descobre ser uma impressão digital e ao lembrar que ele já ouviu essa expressão em um livro de James Bond, descobre que existe um mundo além do dele. Ele então começa a pesquisar formas e formas de se tornar um homem tridimensional, para poder viver no nosso mundo.
O efeito visual do livro é tão bacana, que em certo momento que ele é preso, as margens inferiores das páginas, são preenchidas com barras de prisão. Em outro momento, quando estamos lendo uma notícia de telejornal, aquelas barras de notícia que ficam rolando na parte inferior da tela, também são representadas no livro.
O ponto que achei mais tenso no livro ocorreu por volta da metade do livro, quando a escrita se tornou mais poética, mais onírica e como eu tenho problemas com esse tipo de leitura, fiquei um pouco perdido.
Para Cima e Não Para o Norte é um livro muito interessante e muito diferente, que irá despertar em cada leitor uma sensação nova, a de se deixar levar mesmo para o mundo dos livros de uma forma que quando imaginávamos viver com nossos personagens favoritos, nunca imaginávamos.
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