Joao1115 24/08/2020
Cogito ... ergo sum?
Resenha extensa pois é uma obra riquíssima que não merece ser Descartada com poucas palavras (ba dum tss).
René Descartes expõe o seu método para aumentar o seu conhecimento se aproximando do mais verdadeiro possível. Também vai expondo algumas descobertas que ele fez. O autor deixa claro que não pretende guiar ninguém para o uso do método ? e sim demonstrá-lo.
*Primeira parte
Descartes diz que a razão é a mesma em todos nós. O que torna um julgamento correto ou não, é o modo como conduzimos nossos pensamentos.
Ele deixa bem claro que não pretende instruir ninguém, devemos ler sua história e por conta própria tirarmos o que é útil. Ressaltando que seu método pode não ser o melhor como ele imagina ser.
Conta sobre sua trajetória nas letras, acreditava ser o melhor modo de conhecer as coisas. Porém após um tempo acabou descobrindo que ainda havia muitas dúvidas após terminar os estudos.
Reconhece às características boas das fábulas, leitura, eloqüência, poesia, matemática, escritos antigos, teologia, filosofia, jurisprudência, medicina e outras ciências. Porém já havia gastado bastante tempo com elas; então decidiu viajar para conhecer mais sobre outros povos.
Dessas suas viagens o maior aproveitamento foi o de perceber às diferenças e o que era estranho em um lugar, em outro era normal. Decidiu então não tomar como verdade aquilo que era aprendido somente com à experiência. Com isso se livrou de vários pensamentos. Além disso, decidiu ter um momento de introspecção.
*Segunda parte
Descartes se isola por causa do inverno entediado em um quartel na Alemanha. Neste momento gerou alguns pensamentos. Ele percebe então quão superior são as obras feitas pela mão de um só homem, fazendo uma analogia com à arquitetura. A partir desse pensamento, Descartes deduziu que algumas sociedades se organizaram a partir dos problemas que iam surgindo, e por isso não eram bem tão bem civilizados. Diferente dos que já seguiam regras dadas por um líder desde o princípio. E como quando somos crianças, somos guiados por nossos país, nossas opiniões não são tão sólidas; tal como seriam se tivéssemos mais autonomia.
Continuando na analogia sobre arquitetura ? Descartes se convence que um homem não deveria reformar todo um Estado e às matérias. Mas sim reformar seus próprios pensamentos.
Descartes elucida alguns pontos negativos da lógica e álgebra. Contudo utiliza-se de alguns preceitos úteis, tais são:
1° Não aceitar ideias duvidosas ? onde a verdade não fosse muito clara e evidente;
2° Dividir seus problemas em diversas partes com o objetivo de facilitar a solução;
3° Ordenar seus pensamentos de forma gradual, do mais fácil para o mais difícil;
4° Organizar suas ideias de modo mais metódico possível e revisando bastante com o objetivo de não deixar nada de fora.
Então usou estes preceitos para estudar matemática. Especificamente análise geométrica e álgebra. Descrevendo elas em texto para facilitar a compreensão; utilizando simbolos apenas em alguns casos.
Decidiu então que usaria o seu método na filosofia, mas não antes dos 23 anos. Enquanto isso, usaria o seu tempo limpando todas as suas antigas ideias.
*Terceira parte
Descartes ao se livrar de antigas ideias, fez-se necessário estabelecer algumas máximas provisórias.
A primeira era respeitar às leis de seu país (França) e continuar à seguir sua religião.
Começou a selecionar algumas opini?es de homens para tomá-las para si; aqueles que não só falavam, mas praticavam. Com excess?es de opini?es extremas ? que dificutariam que ele retornasse para a sua busca pelo conhecimento. Inclusive àquelas restringem à liberdade e que te forçam a acreditar sempre na mesma coisa;
A segunda consiste em seguir rigidamente às opiniões que tomava como certas, ou as mais prováveis de estarem certas ? percebendo isso a partir do momento que elas fossem funcionando na prática.
A terceira tem um viés mais estóico ? que seria não se lamentar por coisas fora do seu controle, e limitar-se às coisas que podem ser controladas, como seus desejos.
Nos 9 anos que se seguiram a vida de Descartes foi viajar pelo mundo. Ele passou seu tempo observando os homens, analisando cada juízo que fosse possível, retirando na maioria das vezes algo de útil; até mesmo das que estavam erradas.
Ainda não havia utilizado seu método, insistia que só iria utilizá-lo quando obtivesse mais conhecimento.
Descartes ganha uma boa reputação por seus estudos, porém não se sente merecedor disso. Logo ele decide se isolar novamente.
*Quarta parte.
Retorna para sua ideia de só aceitar opini?es que sejam claramente verdade e não duvidosas. Pensou então que tudo envolta dele poderia ser somente um sonho, e que poderia ter sido enganado por sua imaginação. Descartou todas as ideias originadas desse modo.
Percebe então que para ter consciência disso ele tinha de ser algo, surge então a famosa frase: "eu penso, logo existo" ? e também é famosa em latim e francês. A considerando como: "o primeiro princípio da filosofia".
Através dessa premissa, todo o mundo material pode ser irreal, porém Descartes ainda continua existindo mesmo com a ausência deste mundo. Logo Descartes conclui que a alma é distinta do corpo.
A partir daí Descartes começa pensar nas coisas que aprendera com a natureza, que tinham de ser originadas de outro lugar. Ele absorvia os conhecimentos da natureza que eram menos perfeitas do que ele, porém teria de ter algo que originara tudo isso; pois as coisas não poderiam ter originado do nada. Ele resumiu em uma palavra "Deus".
Descartes afirma que todas as ideias tem algum fundo de verdade que devem ser julgadas pela razão. E atenta novamente para não basear nossos pensamentos inteiramente na imaginação e nos sentidos.
*Quinta parte
É feito um rápido resumo a respeito do estudo de como seria o funcionamento da Astronomia, sobre as leis da natureza, da terra, do fogo. Também é demonstrado um vasto estudo sobre a Anatomia, principalmente sobre o movimento das artérias e do coração.
Descartes evidencia que animais não tem alma. Mostra até que os homens que não tem capacidade física para falar (mudos e surdos) arrumam um jeito de se expressar, seja através de sinais ou figuras. E que as máquinas jamais passariam de meras repetidoras de informação, não estabelecendo seus próprios pensamentos.
E novamente a atenção é voltada para a alma. Que por ser distinta do corpo, não morre junto com ele; sendo assim, a alma é imortal.
*Sexta parte
Percebemos várias vezes ao decorrer do livro em que o Descartes volta atrás ao que foi dito. Algumas dessas vezes por vontade própria, às outras aparentam ser um receio de que alguém faça algo (igreja ou o estado).
É dito que Descartes fará um empenho visando o avanço da medicina. Deixando claro que é uma das ciências mais importantes. E que ele dedicará o resto de sua vida a ela.
Interessante que Descartes foi um dos primeiros a escrever em língua vulgar, que é em um idioma diferente de latim. E isso sem dúvidas é muito importante para um maior acesso ao conhecimento.
Mesmo o livro tendo alguns defeitos, mostrados em "10 livros que estragaram o mundo (nome nada sútil). Em contra partida o artigo "Os acertos de Descartes: implicações para a ciência, biomedicina e saúde coletiva". Fazendo o filtro correto você extrai o que tem de melhor da obra.
Esse livro de René Descartes me trouxe muitas reflex?es, reflexões que foram mais tocantes do que o conteúdo do livro em si.
Algo muito importante que o livro me ensinou foi: buscar a verdade sobre meus próprios pensamentos e ter mais humildade em relação ao pensamento dos outros.
Recomendações:
https://doi.org/10.1590/0102-311X00158215;
10 piores livros do mundo.