Diego Rodrigues 18/01/2023
Não é só sexo
Alter ego de Charles Bukowski, Henry Chinaski é um velho escritor que passa a maior parte do tempo bebendo e apostando. Após um período de jejum sexual, o velho decide tirar o atraso e não perde uma única oportunidade de fazer sexo quando surge uma mulher mais jovem no pedaço. Suas aventuras sexuais são intercaladas por noites de bebedeiras, idas ao hipódromo, leituras em universidades, e claro, difíceis manhãs de ressaca. Inspirados em suas aventuras sexuais, seus escritos, acrescidos por sua vulgar honestidade, acabam funcionando como uma espécie de íman feminino, atraindo todo tipo de beldade e também de problema.
Lydia, Dee Dee, Joana, Katherine, Mindy, Tammie, Cecília, Cassie, Sara... A lista é extensa e composta por mulheres de todos os tipos: neuróticas, românticas, surtadas, junkies, ricaças, dançarinas, vegetarianas, mães solteiras, casadas, viúvas e por aí vai. Elas compartilham apenas de uma coisa: a idade para ser sua filha. A certa altura do romance, Chinaski questiona: "Será que eu tentava brecar a minha descida para a morte? Será que eu pretendia evitar a velhice, o sentimento da velhice, pelo convívio com mulheres mais jovens?"
A narrativa é nua e crua, repleta de termos vulgares e grosseiros. A forma como ele descreve o sexo e as mulheres certamente irá incomodar leitores mais sensíveis. É um livro em que o politicamente incorreto se faz presente a todo momento. Mas não é pornográfico! Em meio a toda sacanagem, há espaço suficiente para reflexão. Chinaski é só mais um jogado nesse mundo de merda e que não sabe o que fazer com sua existência ridícula e insignificante em meio a uma sociedade hipócrita. A única diferença está na resposta que damos ao mundo. Como ele mesmo diz em um de seus ébrios devaneios: alguns jogam golfe, outros fazem esculturas, uns usam heroína, outros se suicidam, uns praticam yoga, outros se tornam comunistas, há ainda aqueles que se apegam a alguma religião. Chinaski bebe e transa...
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