Sabrina758 04/01/2024
Era uma vez um fuleragem, rs?
Demorei um pouco para finalizar a leitura, por motivos de: errei, adicionei mais livros na minha lista do que deveria, rs. Mas se pudesse definir com uma música grande parte desse livro, seria essa: "Vê se toma cuidado que eu tô pegando fogo. Vai ter que ser certeiro, hoje eu quero bem gostoso", KKK.
Sem fuleragem agora, de forma simples, nesse livro o escritor Henry Chinaski narra sua rotina cheia de longas ressacas, envolvimentos com inúmeras mulheres e as viagens que fazia para ler seus poemas.
Eu costume de ler dark romance (geralmente gabaritam o código penal, rs) e mesmo assim ainda fiquei numa vibe "Que isso, meu filho? Calma", toda vez que lia as 'aventuras biológicas'/ atos profanos do Chinaski. Pois, ele é bem transparente nesse quesito e utiliza uma linguagem coloquial, o que torna tudo um tanto cômico - rachei o bico várias vezes.
Henry nos mostra seu lado mais transparente e sem filtros, você sente como se estivesse lendo uma mensagem de alguém muito próximo. Ele tem várias falas problemáticas sobre a figura feminina que divergem com minhas convicções pessoais, porém achei admirável sua sinceridade e honestidade. Chinaski não se escondia por trás de máscaras, ele nunca iludiu suas mulheres com falsas promessas de amor eterno, sempre mostrou que era um cafajeste mesmo.
Em uma análise mais profunda, pude perceber que o protagonista não é o mulherengo desapegado que tanto reafirma ser. Na verdade, ele é apenas uma pessoa vazia, medíocre, sem autoestima, solitária, insegura, a qual vive na limbo da própria desgraça e frustração. Em virtude disso, ele busca preencher o próprio vazio com seus textos, whisky e mulheres. Visto que enxergamos nos outros uma projeção de nós mesmos, ele não tem responsabilidade afetiva alguma, porque o próprio não consegue se enxergar como alguém valioso e nem amar a si mesmo, quem dirá outro indivíduo. O próprio em um momento de sensibilidade deixa isso muito evidente.
Bem, pelo menos eu não vejo amor próprio em alguém que se descreve assim:
"Lá estavam as cicatrizes, o narigão de alcoólatra, a boca de macaco, os olhos reduzidos a fendas; e lá estava o sorriso burro de um homem feliz, ridículo, que se sente sortudo e nem sabe por quê" (BUKOWSKI, 1978, p. 15). Eita como se ama, não sabe nem o sentido da própria felicidade, KKK. Bukowski realmente merece toda fama que recebeu, ele consegue de fato conquistar o leitor com sua tamanha autencidade.
Em síntese, eu me diverti muito com as irônias, confissões e o jeitinho autêntico do Chinaski. Vou sentir falta dele, como se estivesse me despedindo de um grande amigo?.