Amanda 11/06/2021
3 estrelas
Eu acho que não consigo NÃO GOSTAR de algo da Jane Austen, então vamos começar com o pressuposto de que ler qualquer obra dela sempre sempre vale a pena. É incrível como ela consegue fazer o leitor se transportar pro século XIX, pensar como aquela sociedade (mesmo indo contra todas as nossas noções do que é intolerável hoje em dia, principalmente em termos de feminismo), entender os dramas dos personagens, olhar com admiração para os personagens que ela cria para serem admirados, ser enganado por aqueles que ela coloca para enganar, odiar aqueles que são sutilmente desviados do considerado correto e tanto mais. É uma leitura muito rica!
É claro, porém, que eu não dei 3 estrelas à toa. De todas as obras da Jane essa foi a que menos gostei. Primeiro porque não consegui shippar o casal, tanto por eles serem primos quanto por ambos serem puritanos demais (mesmo para a época... Lizzy Bennet por exemplo não era chata assim). Apesar de não gostar da Mary Crawford, achei que no começo a Fanny e o Edmund foram muito machistas julgando ela (eu devia dar um desconto mas não consegui deixar passar batido). Sofri no início já não gostando da maioria dos personagens porque eram muito extremos: ou extravagantes e desmiolados ou super corretos e chatos... queria mais pessoas sensatas e divertidas como tem nos outros livros da autora. A forma que a família excluía a protagonista e a inércia do Edmund, que não se impunha pra defender a prima também me deu muita raiva. A partir do momento que a Fanny começou a ser mais respeitada e valorizada me envolvi mais com a história na expectativa de ver ela conquistar a felicidade finalmente, mas tudo aconteceu rápido demais. O Mr. Crawford estava realmente se mostrando um cara legal e do nada surtou e tomou uma atitude que eu achei meio inexplicável, afinal se ele amava tanto a Fanny e sabia q teria que ser impecável pra conquistar ela porque foi atrás de botar tudo a perder? E o outro bananão que passou a história toda correndo atrás de outra mulher e resolveu se apaixonar pela Fanny em uma página! Eu queria pelo menos ter acompanhado eles se apaixonando e aproveitado a felicidade dela, mas foi tudo tão corrido que nem sei se acreditei nesse amor no fim.
Enfim, como eu sempre digo: depois de Orgulho e Preconceito eu nunca mais vou achar um romance de época tão bom... Nem da Jane Austen! Continuo admirando muito a obra e ela tem um lugarzinho no meu coração por ter me feito valorizar o privilégio de ter uma família sensata e amorosa (coisa que a Fanny não tinha) e não precisar ser educada, guiada, nem submissa a nenhum homem pra ser feliz.